quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A Insustentável LERDEZA do Ser


Ganhamos, graças aos jovens Diego Maurício e Toró, numa virada conquistada nos últimos minutos contra um dos times mais desqualificados que já disputaram a primeira divisão do campeonato brasileiro até hoje, que com a mais absoluta certeza terminará na lanterna ao final do returno. A vitória, contudo, além de tirar um peso enorme das costas do elenco, afasta o Flamengo da zona do rebaixamento em cinco pontos. Beleza.


Agora vamos falar sério, porque a vitória se deu sob circunstâncias singulares e não pode esconder os defeitos que o time apresentou em campo. Na verdade, o Silas gastou todo o estoque que um treinador pode ter de erros ao dirigir um time de futebol profissional que disputa a primeira divisão do futebol brasileiro. E o Flamengo ganhou hoje com o treinador fazendo quase tudo errado.


A começar pela escalação. Ora, o Silas não é burro. Não só porque foi um jogador de futebol inteligente, mas ele tanto conhece futebol que no segundo dia no cargo, ao se apresentar na Gávea, diagnosticou corretamente o problema do time: jogadores com idade avançada, sem preparo físico adequado, e que não podem ser titulares do time em todos os jogos, quanto mais juntos.


E o que faz o Silas? Exatamente o contrário do seu coreto diagnóstico! Há apenas uma explicação para isso: cagaço, na sua essência mais pura. O que o Silas está fazendo é claro e não pode passar desapercebido e nem impune: está dividindo responsabilidades com os maiores salários do elenco. E não foi para isso que ele foi contratado, pois é exatamente o mesmo que o seu antecessor estava fazendo, tanto que sua primeira providência foi diagnosticar, corretamente, o que ocorria com o time.


No segundo tempo, o Silas chegou ao despautério de colocar o veterano Petkovic, na "flor" dos seus 38 anos, ao lado do lento e patético Deivid, do ectoplásmico Kleberson e do exaurido Renato Abreu. É claro como a luz solar que o Petkovic, quando for o caso de ser lançado, o que é óbvio que não se dá em todas as partidas (contra o modestíssimo Prudente até era o caso, pelo nível do adversário, que ainda estava com dez em campo, porém ele mais uma vez não foi bem), para ser bem aproveitado, precisa jogar ao lado de atacantes rápidos, que se desloquem, de modo que o passe, que é o seu diferencial, possa funcionar. E o Silas sabe disso, até porque jogou na mesma posição, e muito bem, coincidentemente até a mesma idade que o Petkovic tem hoje.


O certo é que, com esse quarteto da insustentável lerdeza, reflexo da lerdeza covarde de seu treinador, lá se foram quase quarenta minutos de futebol lento, improdutivo, inútil, desesperador, até que ele descobriu a pólvora e colocou um jovem atacante promissor, que está com gana, quer vencer na vida, está "voando" em campo e, o mais importante, jogando muito melhor do que todos os outros atacantes do elenco. Não foi por acaso que o rapaz empatou o jogo, ora bolas!


Duas coisas me animaram, porém, além do Diego Maurício: primeiro, o Silas teve sorte, porque, quando o time precisava de velocidade e ataque, ele lançou o Maldonado, um volante, um senhor volante, mas que não é atacante. Apesar disso, o Maldonado, em alguns minutos, mostrou que ele é melhor do que o Correa, do que o Kleberson do que o Renato Abreu juntos! Não há mais desculpas para o Maldonado ser banco. Esses poucos minutos demonstrarm isso de forma clara, cabal, cristalina.


Outra coisa foi que o Flamengo, depois de tanto tempo, teve sorte, porque encontrar uma bola rebatida aos 50 minutos de jogo e fazer gol de fora da área não é algo que aconteça todos os dias, convenhamos. Mas que o Silas não abuse dela, até porque domingo tem Fla-Flu. E contra o vice-líder do campeonato, o time precisará de fôlego, de gana, e de um treinador que não tenha medo de colocar as peças certas.


Silas, o Maldonado e o Diego Maurício precisam entrar nesse time. O Jean não pode ser titular. O Renato não tem condições de jogo e precisa se recondicionar. Pelo menos isso, Silas. Pelo menos isso, porque não houve evolução alguma do time, mas pura sorte contra um adversário pífio, absolutamente desqualificado. A torcida não admitirá menos do que um time competitivo contra o seu mais tradicional rival no domingo. Entenda tudo isso e talvez você consiga ficar no cargo até o final do seu contrato.


SRN a todos.