quinta-feira, 15 de julho de 2010

Adestramento no Maracanã. Modalidade: Obediência.

Bom dia, prezados amigos do Buteco do Flamengo! Depois de um episódio de insubordinação no último estadual, os nossos cães amestrados precisavam de uma boa sessão de adestramento para voltarem a ser obedientes como de costume. E nada como um jogo do Campeonato Brasileiro, competição na qual não nos vencem, deixe-me ver, há “apenas míseras quinze partidas”, não é isso?


Pois bem! Puxa vida, mas o Flamengo não estava desfigurado, despedaçado, cheio de jovens sem condições de vestir o Manto Sagrado? E do outro lado não estava o “campeão carioca” (uau!), dirigido pelo experiente treinador que recusou um convite da presidenta do Flamengo há alguns meses, e que é “aspirante a treinador da seleção brasileira”? Pois esse tal senhor, ou “treinador experiente aspirante à seleção brasileira”, como queiram, mostrou sua faceta monocórdia, hesitante, defensivista espcialmente no primeiro tempo, “jogando no erro do Flamengo”, como tentou definir o comentarista do Sportv.


Ora, ora, ora, o que é o futebol, não é mesmo, amigos? E não é que o Flamengo, no primeiro tempo, mandou no jogo? Aliás, apresso-me em me corrigir: à exceção do início do segundo tempo, quando os cães resolveram desafiar os donos, o que vimos no Maracanã nesta quarta-feira, 14 de julho de 2010, foi uma sessão bem sucedida de adestramento para obediência canina. Ponto.


Os cães ameaçaram nos contra-ataques? Sim, especialmente no primeiro tempo, mas apenas em dois ou três lances pontuais. O resto do primeiro tempo foi de domínio rubro-negro, tanto que os cães saíram vaiados pela própria torcida para o vestiário. O “treinador experiente”, que prefiro chamar de cachorro-velho, e que “dirige” o time deles, ainda tentou mudar a partida no intervalo colocando um cão sem pelo, careca, e logo depois outro farejador, especializado localizar narcóticos (um tanto agitado esse farejador, não é mesmo, amigos?), mas o ímpeto de desafio aos donos só durou até o gol rubro-negro. E depois o que se viu foi a sessão de adestramento atingir o seu objetivo – obediência incondicional.

Um prato cheio para os adeptos da cinofilia.

Tiu, tiu, tiu, tiu, tiu... Vem cachorrinho, vem...

O FLAMENGO


Parabéns ao Rogério Lourenço. Montou o time ofensivo, segundo as tradições do Flamengo. Num Flamengo x Botafogo, tradicionalmente quem ataca e toma a iniciativa da partida é o Flamengo, time grande, e não o Botafogo, time médio/nostálgico/canino/cheirando a naftalina.


No primeiro tempo, o time teve dificuldades em concluir a gol porque o cachorro-velho colocou a cachorrada na retranca, jogando nos contra-ataques. Sentiu maior falta de experiência no ataque diante de uma defesa fechada, muito embora seja de se destacar a grande dedicação de ambos os atacantes, especialmente do Vinícius Pacheco, que correu muito e procurou dar opção pelas pontas, sempre em alta velocidade, jogando a bola na frente e em regra vencendo os marcadores. O Diego Maurício conseguiu criar duas boas jogadas também. Mas por essa falta de experiência e mesmo de qualidade o time pouco concluiu a gol.

No segundo, depois do gol, numa jogada magistral daquele rapaz que veio da Sérvia; ou melhor, do jogador de 38 anos que correu como um menino com vinte anos a menos, o time teve total controle da partida. E devo destacar ainda o Vinícius Pacheco, que todas as vezes em que jogou em velocidade pelas pontas deu opções ao meio campo para os lançamentos e levou perigo à defesa adversária. Pode ser um jogador útil se ele e o treinador entenderem que o que ele sabe fazer, e razoavelmente bem, é isso. Nada mais.

Em linhas gerais, porém, se observarmos bem, tivemos, na escalação, a defesa com três jogadores muito experientes, inclusive com grande tempo de casa – Leo Moura, Angelim e Juan –, um meio de campo com muita experiência, embora esses jogadores experientes não tenham treinado tanto com o grupo, um por contusão e outro por convocação para a seleção brasileira, e um ataque realmente inexperiente. Ainda assim o time mandou no jogo.

No talento do Petkovic e nas idas e vindas do Kleberson durante a partida (puro vaga-lume mesmo), além da correria heróica e incansável do Willians, foi o meio-de-campo o setor de destaque do time.

Sobre a defesa, acho que o Lomba foi bem, seguro quando exigido. E apesar do nosso Welinton ser um tanto estabanado, afoito, qualidades que o também jovem Rômulo, nosso “volante-volante”, também possui, acabaram um e outro se saindo razoavelmente bem ao longo da partida. Mas ainda falta muito para dizer que se firmaram no elenco, a ponto de serem considerados como opções seguras para o restante da temporada.


Parabéns ao treinador e aos atletas pelo espírito rubro-negro encarnado e demonstrado na partida. Se forem assim até o final do campeonato, dá para sonhar ao menos com a vaga na Libertadores.


ALERTA PARA ROGÉRIO LOURENÇO


Montou bem o time, como disse, e foi feliz na troca do Diego Maurício pelo Paulo Sérgio porque o substituto fez o gol. Vejam bem: Paulo Sérgio não melhorou o time em nadinha; talvez o Diego Maurício também tivesse feito o gol, nunca saberemos. O certo é que o Paulo Sérgio fez e está de parabéns por isso. Quem sabe não tira a máscara e tenta virar homem e um profissional sério?


Agora, Rogério, você me perdoe, mas as duas outras substituições foram de lascar; primeiro, porque, conceitualmente, você tirou o jogador que puxava os contra-ataques para colocar outro que joga no meio de forma cadencidada (Camacho), e que, por isso, errou tudo o que tentou nos poucos minutos em que esteve em campo. Para completar, ao tirar o Petkovic e lançar o Fabrício, colocou o time com a bunda no azulejo pela primeira vez na partida e em risco a vitória.


Tanto o Petkovic (surpresos com tanto fôlego, amigos?), como o Vinícius Pacheco aguentariam bem até o final da partida. Para que substituir por substituir? Para ganhar tempo? Sinto muito lhe dizer isso, mas você quase estragou o bom trabalho que fez nessas duas últimas substituições desastradas. Enquanto foi ousado, teve espírito rubro-negro, o time foi muito bem; quando resolveu seguir a mediocridade tradicional, trouxe a cachorrada para cima e quase levou uma mordida fatal.

Pense nisso, caro Rogério.

RONALDINHO GAÚCHO

Será que ele vem, gente? Bom, como disse em um comentário essa semana, ainda tenho minhas dúvias quanto à vontade dele em continuar a ser jogador de futebol de alto rendimento, mas a forma como o empresário/irmão dele conduziu a negociação me deixou confiante: se eles não abrem mão de um centavo, isso afasta qualquer possibilidade daquela tese maluca, irresponsável, lesiva aos patrimônios moral e financeiro do clube, de que jogador que abre mão disso ou daquilo pode mandar no clube, ter regalias e o expor à execração pública impunemente.


Se o Ronaldinho Gaúcho vier ganhando um milhão e meio por mês, suportado em sua maioria por um pool de patrocinadores, ótimo. Então, senhoras e senhores, trata-se de uma relação profissional. Ele será bem tratado, ganhará o status que merece, de ídolo e maior referência do elenco, mas em contrapartida será cobrado como tal, e o mais importante: sabendo que o Flamengo não é mais a “Casa da Mãe Joana”.

Perfeito. Assim eu até me empolgo com a contratação. Que venha e seja muito bem vindo o Dentuço!

SRN a todos!