sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Os estaduais e a gozação : Como viver sem isso ?

Todo início de ano é a mesma coisa. Multiplicam-se as opiniões, as matérias e entrevistas dizendo que os campeonatos estaduais são competições menores e que deviam acabar. Uma boa parte dos jornalistas ditos “esportivos” tem se manifestado contra os campeonatos locais, em especial contra o Carioca.
Outro dia, aqui em SP, um apresentador de programa esportivo estava indignado porque “os cariocas comemoram a Taça GB como se fosse um título” ! Nem vou bater na tecla de que o Campeonato Carioca tem a forma de disputa mais emocionante e charmosa do Brasil. Pode ser que apareçam os defensores de campeonatos com 19 rodadas corridas, sem semifinais e jogos decisivos. E sei que minha opinião não será uma unanimidade, nem entre os amigos.
Mas, definitivivamente, os Campeonatos Estaduais são fundamentais ! Que não servissem como um “esquenta”para o resto do ano, para acertar o time no início da temporada, para apresentar aos torcedores locais os reforços de cada time… seriam úteis no mínimo pelo combustível que fornecem para as gozações entre torcedores de times rivais. Afinal, futebol tem duas alegrias : A primeira é ganhar, estar no estádio na hora do gol e vibrar junto com a sua “nação”. A outra é a gozação. De que adianta ganhar e não ter um amigo para encarnar, para contra a piada eternamente adaptada, para apostar a caixa de cerveja que nem sempre é paga ? É da natureza do ser humano ser alegre e risonho. Os contratempos da vida é que tiram esse sorriso e o substitui pelo franzir da testa ou pela lágrima. O futebol, como arte e diversão, tem este dom congênito de dar ao torcedor a alegria de gozar o vizinho ou o colega de trabalho, fazendo da vitória o ponto inicial de uma semana prazeirosa, ondes os “alvos”são os torcedores dos times rivais. Para mim, pelo menos, nada se compara a ligar para o vascaíno ou botafoguense para perguntar se ele sabe quem ficou em primeiro lugar na contagem de Vices. É desse espírito galhofeiro, muito associado ao Rio de Janeiro, mas que se encontra igualmente em todos os lugares do Brasil, que se alimentam estes campeonatos estaduais, prato cheio para as discussões da semana.
Depois, no segundo semestre, vem o Campeonato Brasileiro, com suas viagens e com muitos jogos que só podem ser vistos pela televisão. O estadual é mais “perto”do torcedor local, não pode deixar de existir e proporcionar a oportunidade de ir ao estádio e de reavivar rivalidades “milenares”.
Esta opinião não é unânime, como já disse antes. Mas tenho por ela um grande apreço. Não acredito que o futebol possa viver sem as competições locais, e principalmente sem o bom humor que estas partidas geram. É como o cidadão que salva uma linda atriz, famosa, de um naufrágio, e depois de semanas de agradecimento carinhoso numa ilha deserta, pede à mulher para tirar um pedaço de cabelo, fazer de conta que é um bigode e caminhar pela ilha até encontrá-lo de novo. Ele faz de conta que é um amigo antigo e já chega dizendo : - Sabe quem eu tô pegando ?
De antemão, peço desculpas às mulheres pelo machismo explícito da piada. Mas é como os estaduais : De que adianta ganhar de um time de outro estado se eu não encontrar nenhum torcedor do time derrotado para curtir a vitória e gozar o “pato”da vez ? Passada a emoção da estreia, vamos para cima do Macaé. Tô louco para encontrar os “bigodudos” nas semifinais e finais do Carioca !