terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Seremos


Olá Buteco, bom dia!

Após a derrota para o Bayern Munique, nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, trouxe ao debate, na coluna Quem quer ser Campeão do Mundo? a reflexão de que o Flamengo, àquela época, ainda não estava pronto para ter o mundo de novo aos seus pés e que os desafios do momento eram mais humildes: “consolidar o modelo de jogo e retomar a hegemonia local, conquistando novamente um bi, ou mesmo um inédito (para nós) tricampeonato brasileiro consecutivo e, em paralelo, buscar pelo menos uma Libertadores neste intervalo até a próximo mundial”. A conclusão dessa coluna foi “2029 é logo ali, temos 4 anos para nos prepararmos”.

De lá pra cá, relembremos o quanto avançamos! O Flamengo realmente conseguiu consolidar o seu modelo de jogo, reconquistamos o Campeonato Brasileiro, o que é fundamental para um clube que tem a pretensão de estabelecer uma hegemonia local e ainda conseguimos levar a primeira Libertadores, das 4 chances que teríamos, assegurando rapidamente nossa participação na próxima Copa do Mundo de Clubes.

O sucesso para este Flamengo de Filipe Luís chegou muito rápido. O clube conseguiu ostentar, no primeiro ano completo de seu treinador na profissão (!!!), as faixas de campeão Carioca, da Copa do Brasil, da Supercopa do Brasil, do Campeonato Brasileiro, da Libertadores, do Derby das Américas e da Challenger Cup. Só faltaram a Recopa Sulamericana (teremos chance em Fevereiro), a Sulamericana (que não jogamos) e os dois mundiais de clubes.

A partida contra o PSG ainda me traz uma mistura de sentimentos, imagino que para vocês também. Eu comecei o jogo maluco, vendo o Flamengo marcando os caras lá em cima e, consequentemente, dando espaço para as bolas longas nas costas. Eu fiquei os 5 primeiros minutos gritando aqui em casa, para marcar meio-campo, até entender que não adiantava, que o Flamengo do Filipe Luís vai jogar assim contra qualquer um e isso é a grande virtude do time, é a consolidação do modelo de jogo que queremos. Realmente, não adianta chegar no Mundial e se trancar todo, o Flamengo não nasceu para jogar assim.

Tomamos aquele gol bobo que, felizmente, foi anulado. Mas o Flamengo não estava conseguindo se encontrar na partida, acho que, apesar da coragem de marcar alto, a bola estava pesando demais no nosso pé. Os jogadores estavam nitidamente pilhados demais. Isso também pode ser visto na quantidade de faltas duras – e punidas com cartão amarelo. Veja, eu acho que em jogo desse naipe o time tem mais é que descer a mamona mesmo. Mas, naturalmente, ficar só batendo não vai levar ninguém a ganhar o jogo. É preciso jogar também.

Enfim, acabamos tomando outro gol – agora legal – e descemos para o intervalo no lucro. Segundo tempo, Flamengo voltou muito melhor. E, numa roubada de bola que surge da pressão alta – olha a importância de você consolidar o seu estilo de jogo! – conseguimos o empate, em um pênalti cobrado por Jorginho. No meio do segundo tempo o Flamengo já ia para a 4ª alteração, o que ilustra o quão intensa foi a partida (e será sempre assim esse tipo de jogo). De La Cruz entrou muito bem, acelerando o jogo num momento ótimo para nós, em que a partida ficou toda aberta, com um gol decisivo podendo sair para qualquer lado. Tivemos as nossas chances, pelo menos duas: uma com Plata, outra com Luís Araújo.

Infelizmente, não conseguimos o gol e o gás acabou. Na prorrogação, não tivemos mais essa sensação de jogo “lá e cá” e acabamos segurando para chegarmos à disputa de pênaltis, confiando que o Rossi sempre pega um e que era só os nossos batedores não errarem. os nossos batedores não errarem. Realmente, o Rossi pegou o pênalti que esperávamos mas, infelizmente, nossos melhores cobradores já tinham sido substituídos e, os que ficaram com a responsa, falharam.

Muita coisa ainda vai ser remoída sobre essa disputa de pênaltis: “e se os nossos fechassem os olhos e soltassem um canudo?”, “e a toalhinha do goleiro, houve espionagem ou só um outro nível de profissionalismo?”, “e se o árbitro mandasse voltar o pênalti do Pedro?”. Vou falar que no pênalti do Saul eu também achei que ele adiantou, mas ainda não fui ver o replay. Façamos isso juntos, postem aí nos comentários o que acharam desse lance. De qualquer forma, não há o que fazer. Perdemos, faltou pouco, vamos para a próxima.

Não há o que reclamar desse 2025. Estivemos mais próximos de sair com o Bicampeonato Mundial do que em 2019. No entanto, é importante que nós todos – Torcida, Diretoria, Comissão Técnica e Jogadores – saiamos dessa partida frustrados com a derrota e não com um sentimento de “dever cumprido”. O dever estará cumprido quando trouxermos a taça para a Gávea! Isso aqui é Flamengo, ninguém pode ficar satisfeito com vice. A importância desse 2025 é desmitificar essa ideia de que não é possível disputar com os europeus.

Minha grande ressalva a este jogo é eu ter achado que demoramos demais para entrar na partida. Na próxima oportunidade (e que seja logo ano que vem, porque jogar o Intercontinental é bom demais!), temos que entrar com um pouco mais de autoridade.

O Flamengo está sendo maturado para ser Campeão do Mundo novamente. E, senhoras e senhores, será inevitável! 2029 agora já parece muito longe. Teremos outra chance antes disso. Que venha 2026!

Saudações RubroNegras!!! 

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Rivalidades (3)

Charge: Mário Alberto

Salve, Buteco! Depois de um 2025 tão vencedor, o Urubu voa alto e olha todos os adversários de cima, como carniças a serem degustadas a seu bel prazer. Nada melhor, então, do que mais um post da série Rivalidades, dando aquela atualizada maneira nessa visão panorâmica sobre a escumalha arco-íris Brasil afora.

O tom da análise é afinado com base na arrogância mesmo, para além da irreverência característica da Nação Rubro-Negra desde os seus primórdios. Afinal de contas, quem pode, pode, e quem não pode apenas se sacode, diz o velho ditado popular. E como estamos pondendo, e muito, vamos então às atualizações:

Vasco da Gama: o Gigante da Colina não teve melhora significativa além de um plano de recuperação judicial para lá de questionável e uma janela razoável no meio do ano. Hoje é um híbrido de SAF e Associação, um monstrengo xipófago jurídico que afasta o investimento estrangeiro. O recentíssimo vice-campeonato na Copa do Brasil não deveria criar ilusões em sua adoecida torcida. Aliás, a noite de ontem foi puro regozijo para quem, mesmo diante dos anos de penúria e humilhações do rival, ainda o enxerga como tal e não tem a menor piedade (meu caso). Continua tendo uma torcida com delírios de grandeza, sem a menor autocrítica e que vive para as edições do "Clássico dos Milhões". Rival eterno, em relação ao qual é preciso apenas ter atenção pela grande mobilização a cada edição do clássico.

Fluminense: o Tricolor das Laranjeiras continua investindo mais do que pode no futebol, e sem redução significativa (ver ainda esta matéria). Nada mudou desde 2023. Dentro das quatro linhas, entre os cariocas, continua a ser o adversário mais competitivo do Flamengo, como prova o título da Libertadores em 2023 e os sempre disputados Fla-Flus tanto no Campeonato Carioca, como no Campeonato Brasileiro, onde foi o 4º colocado. É o adversário que o Flamengo mais enfrentou em toda sua História (459 vezes). A rivalidade pulsa, viva, a cada confronto.

Botafogo: o menor dos maiores cariocas teve o seu Ano Mágico em 2024, fruto de investimentos sem lastro financeiro idôneo, mas que agora vêm sendo alvo de investigações no exterior, notadamente na França, dados os prejuízos sofridos pelo Olympique de Lyon. Seus torcedores vivem em um microuniverso paralelo, composto pela goleada aplicada no Engenhão sobre o Flamengo de Tite naquela temporada e na vitória sobre o PSG na primeira fase da Copa do Mundo de Clubes, em junho deste ano. A curto prazo, nada indica que voltará a ser um efetivo desafio, porém o "Clássico da Rivalidade" segue vivo a cada edição, e a meta mais importante em 2026 deve ser voltar a vencer esse rival no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro, algo que não ocorre desde 2019 (!).

Palmeiras: a projeção do post Rivalidades, o original, acabou vindo a se confirmar cada vez mais ao longo dos anos. A rivalidade cresce a cada temporada e hoje pode-se dizer, sem qualquer dúvida, que é o maior rival do Flamengo fora do Rio de Janeiro. Nas últimas temporadas os confrontos pelas oitavas de final da Copa do Brasil/2024 e, mais recentemente, pela final da Libertadores/2025 incendiaram o duelo, mas dessa vez com um defecho de glória e vingança rubro-negras, as quais se somaram as duas vitórias na campanha do 9º título brasileiro. As próximas temporadas prometem muita emoção, mas arrisco dizer que, se o Flamengo mantiver a seriedade e a qualidade de gestão no seu Departamento de Futebol, o rival passará por um doloroso processo de "vascainização", para o regozijo da Nação Rubro-Negra e desespero dos detratores suínos.

Corinthians: após a final da Copa do Brasil/2022, as equipes voltaram a se enfrentar em uma das semifinais da edição de 2024 da mesma competição, novamente com triunfo rubro-negro. São duas torcidas rivais, mas que se respeitam e se unem em torno de um inimigo comum: o Palmeiras. Daí a rivalidade jamais ter escalado para níveis mais agressivos. Um novo capítulo está previsto para o dia 24 de janeiro, na abertura da temporada/2026, com a disputa da Supercopa do Brasil, ainda sem local definido. O Corinthians é um gigante caótico no extracampo, mas em relação ao qual é preciso sempre ter muito respeito.

SãPaulo: sempre ressaltei para vocês a minha perplexidade com a amizade entre as torcidas, dado o histórico de traição no vergonhoso episódio da Taça das Bolinhas. É uma pena que a gestão anterior não quisesse mais nada com nada em 2023, pior temporada do time desde 2018, razão pela qual o caos permitiu ao rival levar o título da Copa do Brasil sobre o ingovernável Flamengo da época. Atolado em escândalos da atual gestão, o São Paulo perdeu em competitividade, mas continua oferecendo um ambiente tranquilo para o nosso torcedor quando o time joga no Morumbi. Trata-se de outro gigante contra o qual a rivalidade existe, mas nada além dos parâmetros normais da competitividade futebolística.

Atlético/MG: é provavelmente a torcida de fora do Rio de Janeiro que mais odeia o Flamengo. Essa rivalidade "unilateral" ganhou outro capítulo em 2024, quando a "Arena Cu de Zebra" recebeu a sua primeira final e teve a honra de assistir ao Mais Querido do Brasil e do Mundo levantar o troféu da Copa do Brasil. O Galo hoje não passa de uma SAF endividada após aventuras financeiras mal-sucedidas de seus boquirrotos investidores. Torcida demente, rival que joga a vida contra o Flamengo, mas que tende a ser sobrepujado enquanto estiver mergulhado no seu oceano particular de dívidas.

Internacional: assim como o São Paulo, é outro rival que recebe muito bem a torcida do Flamengo nas imediações do seu estádio (Beira-Rio). O histórico de confrontos teve um divertido capítulo no jogo de volta das oitavas da Libertadores, quando a constrangedora chuva de papel picado coroou não apenas a classificação rubro-negra, como uma histórica sequência de três vitórias seguidas do Mais Querido, sendo duas delas no Gigante da Beira-Rio. Torcida chorona, mas hospitaleira. Rivalidade meramente esportiva, sem maiores problemas.

Grêmio: apesar do histórico de ferrenhos confrontos, não se trata de um rival que gere problemas relacionados a violência entre as torcidas. Esportivamente, perdeu muita competitividade nas últimas temporadas, inclusive com o rebaixamento e a disputa da Série B em 2022, daí não haver nenhuma atualização relevante no quesito rivalidade. Um novo investidor contratou o bom treinador português Luís Castro e promete restaurar a força do time. A conferir.

Santos: os clubes já decidiram uma taça dos campeões estaduais, um campeonato brasileiro e um Rio-São Paulo, além de já haverem se enfrentado na Copa Libertadores da América, porém o clássico jamais extrapolou os limites da rivalidade puramente esportiva. O rebaixamento e a disputa da Série B em 2024 distanciaram ainda mais o Peixe do Mais Querido. Nenhuma atualização de destaque.

Cruzeiro: a Raposa teve em 2025 o seu primeiro ano competitivo desde que retornou à Série A. Foi um dos poucos times que o Flamengo não venceu na campanha do Campeonato Brasileiro (1d e 1e). A saída de Leonardo Jardim deve redundar em perda de qualidade tática, mesmo com a contratação de Tite. Por outro lado, os investimentos especulados devem aumentar o nível de competitividade do time. Trata-se de uma torcida que já cantou parabéns pra você para o Flamengo nas arquibancadas do Mineirão, no ano do Centenário Rubro-Negro (1995), e de outra rivalidade meramente esportiva, arrefecida pela existência de um inmigo comum: o Clube Atlético Mineiro.

Bahia: rivalidade quase exclusivamente esportiva, com histórico antigo de confrontos entre os dois clubes em amistosos, campeonatos brasileiros e copas do Brasil. O engajamento da torcida baiana no discurso de ódio da "torcida mista", porém, vem tornando o confronto um pouco mais azedo do que deveria ser. Olho vivo nos fascistas com retórica de defensores de direitos humanos.

Athletico/PR: o rebaixamento e a disputa da Série B em 2024 foram um justo castigo para o "Athletico Paranazi", dono da torcida mais fascista e covarde do Brasil. Rivalidade absolutamente unilateral, mas que costuma gerar problemas para o torcedor rubro-negro nos jogos disputados em Curitiba. É atropelar sem dó, inclusive na Arena da Baixada, quando os clubes se cruzarem pelo Brasileirão/2026.

Meu ranking pessoal de ojeriza é o seguinte:

1) Vasco da Gama

2) Botafogo

3) Fluminense

4) Atlético/MG

5) Palmeiras

6) SãPaulo

7) Grêmio

A ojeriza pessoal é, como a própria expressão já diz, um sentimento individual, particular, que pode ou não coincidir com o senso comum da torcida em geral. Por exemplo, não tenho dúvida de que a Nação Rubro-Negra considera muito mais o Palmeiras como rival do que o Atlético Mineiro, mas a minha História particular com o Galináceo e sua neurótica torcida me levam a "preferi-lo" na "Escala Gustavichter de Rivalidade" em relação ao Suíno. Reconheço o maior peso do clássico contra o Palmeiras, porém detesto com muito mais intensidade o Atlético.

Agora, se eu fosse tentar adivinhar com pensa a torcida do Flamengo em geral, acho que o ranking seria o seguinte:

1) Vasco da Gama e Fluminense

3) Botafogo

4) Palmeiras

5) O resto

Será que eu acertei?

Você seria capaz de elaborar os seus próprios rankings - da torcida e o de "preferências pessoais"?

Para responder essa pergunta, a palavra está com vocês.

Tenham uma semana abençoada.

Bom dia e SRN a tod@s.



Série Rivalidades:

sábado, 20 de dezembro de 2025

Reflexões Sobre a Supremacia

Danilo sobe para cabecear e marcar o gol do título do Flamengo em Lima

Salve, Buteco! A recente conquista do quarto título da Libertadores em Lima me obriga a retomar o post Ecos de Montevidéu - Jamais Acreditei em Supremacia, publicado logo após a derrota para o Palmeiras na final de 2021. Na ocasião, mencionei que, em 2020, ainda durante a paralisação das competições por conta da pandemia de COVID-19, eu dividia com vocês minhas reflexões sobre rivalidades interestaduais e a alta competitividade existente no cenário nacional e de participações dos clubes brasileiros nas competições sul-americanas, especialmente na Copa Libertadores da América. Então, no post Olhando para o Passado, Mirando o Futuro, afirmei que, "Apesar dos evidentes avanços do clube na parte administrativo/financeira e em gestão de futebol (Centro de Treinamentos, CIM e Departamento Médico), o sucesso atual tem grande relação com o altíssimo nível do treinador Jorge Jesus e da atual comissão técnica. É difícil imaginar sua substituição sem que haja uma sensível diminuição na qualidade do futebol apresentado pelo Flamengo em relação aos adversários. Não se trata, percebam, de temer que o clube  não esteja sempre entre os mais competitivos no cenário brasileiro e interamericano, algo para mim impensável, mas da chance única e histórica atingir a supremacia e consolidá-la em um curto espaço de tempo."

Mas o termo "supremacia" me incomodou. E num exercício de autocrítica, no post da semana seguinte, Olhando para o Passado, Mirando o Futuro (2), cuidei de explicar melhor o que eu entendia por "supremacia" ou o que considerava a "supremacia possível" de ser atingida pelo Flamengo: 

No post da semana passada, voltei a ressaltar que, apesar dos avanços estruturais, administrativos e mesmo de gestão do futebol profissional no Flamengo, o “fator Jorge Jesus” é, ao mesmo tempo que determinante, uma oportunidade histórica para que o Flamengo assuma o que chamei de “supremacia”. Porém, agora percebo, o termo é impreciso, até porque cada um pode ter um conceito diferente do que seria a tal “supremacia” no plano dos fatos. Então, retificando, acredito que Jorge Jesus possa ser o divisor de águas para que o Flamengo tome a dianteira do número de títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, os quais, tenho certeza de que todos concordarão, são nossas principais competições em âmbito nacional e continental.

Explicando melhor: não é que, sem Jorge Jesus, o Flamengo voltaria a ficar no meio da tabela ou até disputaria rebaixamento, sequer se classificando para a maior competição sul-americana. Muito pelo contrário, acredito que o clube se consolidou como força definitiva no primeiro patamar do futebol brasileiro e sempre estará entre os clubes que com maior frequência conquistam o Brasileirão e disputam para ganhar a Libertadores. Por isso mesmo, no espaço de uma a duas décadas, independentemente do quanto Jorge Jesus permaneça no Flamengo, prevejo que a distância para os demais cariocas e clubes fora do eixo Rio-São Paulo (capital) aumentará bastante, por conta da capacidade que o clube desenvolveu para explorar seu potencial nato, o que antes era apenas um sonho distante.

Gustavo, mas então qual é a importância do Mister?” Amigos, o português pode ser o fator que levará o Flamengo, em curto espapo de tempo (próximos 2 a 3 anos), a abrir uma vantagem para o trio paulista que lhe permita não ser alcançado no futuro ou, quando menos, ficar muito tempo na dianteira. Papo de uma ou duas décadas em dois ou três anos. Diversos outros fatores concorreriam para esse resultado, tais como a crise financeira dos rivais paulistas (a qual, não duvidem, é passageira) e o Flamengo arrecadando cada vez mais dinheiro e se tornando cada vez mais popular, graças a uma Diretoria que tem a expertise de gerir grandes empreendimentos. É nesse contexto que a excepcional qualidade do nosso treinador português seria otimizada em progressão geométrica, ampliando um já histórico ciclo virtuoso.

Agora que expliquei o que queria dizer, permitam-me voltar ao meu conceito de supremacia. Pessoal, numa boa, esse papo de Bayern de Munique brasileiro é, mais do que impreciso, pura viagem na maionese. Para que vocês tenham uma ideia, o Bayern de Munique possui avassaladores 29 (vinte e nove) títulos alemães, enquanto o segundo colocado, o Nuremberg, que há tempos encolheu, possui “míseros” 9, um a mais do que a atual e famosa segunda força, o Borussia Dortmund, com seus 8 títulos nacionais. O cenário é completamente diferente do que historicamente vivemos no futebol brasileiro, como vocês podem facilmente perceber.

No dia em que Jorge Jesus deixar o Flamengo (o qual espero que ainda demore muitos anos), é bem possível que o clube enfrente um problema semelhante ao que o Manchester United passou com a sucessão de Alex Ferguson. É claro, até por sua idade, que o Mister não dirigirá o Flamengo tanto tempo quanto Ferguson ficou à frente do United; porém, ainda que o Mais Querido acerte a mão com um nome como Marcelo Gallardo, Jorge Sampaoli ou mesmo outro treinador europeu, a tendência é que essa fantástica sintonia que liga o Flamengo, a Nação Rubro-Negra e o nosso querido Mister não se repita, ao menos na mesma proporção. Seria fantástico que se repetisse, mas não seria a tendência natural. Não se pode jamais perder de vista que treinadores desse patamar são, antes de tudo, grandes artesãos, verdadeiros estilistas, cujas características singulares sempre tornam problemática sua substituição.

Portanto, se a comparação com o Bayern de Munique não faz sentido algum, 2020 e os próximos anos podem levar o Flamengo não a uma supremacia como a do clube alemão (meu conceito de supremacia), mas a uma inédita e possivelmente definitiva liderança no ranking nacional e sul-americano de clubes brasileiros, historicamente muito competitivo como em nenhum outro país. Para tanto, é imprescindível que o Mister permaneça o maior tempo que se mostrar possível.

Que venha logo o “Dia do Fico”.

O fato é que, dizia na ocasião, jamais acreditei em uma "supremacia" remotamente semelhante a do Bayern de Munique na Alemanha, para o cenário nacional, ou a do Real Madrid no âmbito do continente europeu, para o sul-americano. A "supremacia" na qual sempre acreditei se aproxima de um conceito de liderança, talvez incontestável, mas não de um massacre.

Exemplificando como o equilíbrio é a regra e a supremacia a exceção, mencionei os quadros de campeões e vice-campeões da Copa Libertadores da América e da UEFA Champions League (antiga Taça dos Campeões Europeus ou The European Cup), os quais agora atualizo após os resultados das finais disputadas desde então:

Libertadores

Clube

País

Titulos

Vices

Independiente

Argentina

7

0

Boca Juniors

Argentina

6

6

Peñarol

Uruguai

5

5

River Plate

Argentina

4

3

Estudiantes

Argentina

4

1

Flamengo

Brasil

4

1

Olimpia

Paraguai

3

4

Nacional

Uruguai

3

3

São Paulo

Brasil

3

3

Palmeiras

Brasil

3

3

Santos

Brasil

3

2

Grêmio

Brasil

3

2

Cruzeiro

Brasil

2

2

Atlético Nacional

Colômbia

2

1

Internacional

Brasil

2

1

Colo-Colo

Chile

1

1

Fluminense

Brasil

1

1

Vasco da Gama

Brasil

1

-

Once Caldas

Colômbia

1

-

Botafogo

Brasil

1

-


Champions League

Clube

País

Titulos

Vices

Real Madrid

Espanha

15

3

Milan

Itália

7

4

Bayern de Munique

Alemanha

6

5

Liverpool

Inglaterra

6

4

Barcelona

Espanha

5

3

Ajax

Holanda

4

2

Manchester United

Inglaterra

3

2

Internazionale

Itália

3

4

Juventus

Itália

2

7

Benfica

Portugal

2

5

Nottingham Forest

Inglaterra

2

0

Porto

Portugal

2

0

Chelsea

Inglaterra

2

1

Borussia Dortmund

Alemanha

1

2

Celtic

Escócia

1

1

Hamburgo

Alemanha

1

1

Steaua Bucareste

Romênia

1

1

Olympique de Marselha

França

1

1

Manchester City

Inglaterra

1

1

Paris Saint-Germain

França

1

1

Ocorre que, brincando, brincando, o Flamengo tem hoje, atrás somente do Independiente de Avellaneda e ao lado apenas do Estudiantes de La Plata, a melhor relação títulos x vice-campeonatos do histórico de finais da Copa Libertadores da América.

E brincando, brincando, embora não se possa dizer que estejamos próximos de uma supremacia no continente, já estivemos bem mais longe, concordam?

Nada como o tempo...

Temos uma janela de oportunidade nos próximos cinco anos, acaso essa gestão permaneça focada no projeto esportivo profissional que foi implantado em 2025.

Então, quem sabe daqui a uns 4 anos não voltarei novamente a esse tema com números ainda mais avassaladores, inclusive no cenário nacional? Vocês acreditam?

A palavra está com vocês.

Bom FDS e SRN a tod@s.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

O Desfecho da Temporada/2025



Salve, Buteco! De branco novamente, o Flamengo ficou novamente no quase e o sonho do Mundial foi mais uma vez adiado. Dessa vez, o time conseguiu resistir bravamente e levar o jogo até as cobranças de pênalti, porém um amargo desfecho deixou um desagradável gosto de fel numa das melhores temporadas do clube em toda a sua História.

Foi um confronto entre modelos de jogo com muitos pontos em comum, sendo um deles a busca pelo controle pela posse de bola e a anulação das ações ofensivas adversárias com uma marcação impositiva, no campo de jogo do oponente.

Outro ponto em comum que enxergo entre as duas equipes é que, neste modelo de jogo com futebol total, nenhuma das duas contava com um grande artilheiro no ataque, com a ressalva de que, no caso do Flamengo, Pedro não tinha condições de jogar por 90 minutos, dada a sua recente recuperação da fratura no pulso e da contusão muscular.

No futebol total de hoje, o centroavante "típico de área" perdeu espaço e não é simples encontrar quem consiga se movimentar, ajudar na marcação e ainda mandar a bola para o fundo das redes. Talvez por isso ambas as equipes, em seus próprios contextos, tenham alternado, durante o ano, goleadas acachapantes com resultados frustrantes, sem conseguir penetrar em sistemas defensivos fechados.

Essa reflexão mostra a importância de Pedro, que, após uma reprimenda pública de Filipe Luís, conseguiu se aprimorar taticamente e passou a contribuir mais para a equipe no sistema defensivo. Pena, porém, que claramente ainda não reunia condições para jogar na plenitude de sua forma, como ocorreu, por exemplo, na vitória por 3x2 sobre o Palmeiras no Maracanã.

Então, na disputa territorial e pela bola, o PSG foi mais impositivo e criou mais oportunidades de gol, até porque o ataque do Flamengo não era composto por jogadores vocacionados para a finalização, à exceção de Arrascaeta, nosso camisa 10, o qual, porém, teve dificuldades para "entrar no jogo".

Nesse contexto de "erro zero", infelizmente o nosso goleiro argentino Rossi sentiu bastante a partida. Não bastasse a falha muito semelhante à cometida no último Fla-Flu no gol anulado dos franceses, cometeu uma falha patética no lance do gol marcado por Kvaratskhelia.

O empate, para mim, soou como um milagre, pois o PSG fazia com o Flamengo o que o próprio Mais Querido fez tantas vezes na temporada com seus adversários. Na base do controle, neutralizava as ações ofensivas rubro-negras. Entretanto, Arrascaeta, o ídolo, tirou um coelho da cartola e arrancou a penalidade máxima após driblar o zagueiro brasileiro Marquinhos. Pênalti que Jorginho converteu com destreza, dando números finais ao placar ainda na primeira etapa.

O PSG não conseguiu jogar com a mesma intensidade no segundo tempo e o Flamengo até que equilibrou um pouco o jogo, tanto que, no final da partida, já com "volantes novos" e a presença de Pedro, que deu ganho tático ao time, até conseguiu criar suas chances de gol, todas desperdiçadas, tendo a mais clara delas caído nos pés de Gonzalo Plata. O "teto ofensivo" do nosso elenco se exibia sem cerimônias na mais alta prateleira do futebol mundial.

Já a partida do sistema defensivo rubro-negro merece destaque. A linha de zaga foi exímina na arte de se defender. Por sua vez, os volantes jogaram claramente no limite, tanto que, à exceção de De la Cruz, todos tomaram o seu cartão amarelo. O uruguaio, aliás, merece menção de excelência. Trata-se de um baita jogador, de nível europeu. Seu problema não é futebol e sim disponibilidade, dados os crônicos problemas físicos que o acometem.

Achei que a dinâmica dos 90 minutos regularmentares permaneceu na prorrogação, com um predomínio sem massacre do PSG, porém somente até os 5 ou 7 minutos finais, quando nosso time literalmente abriu o bico. O fato de Filipe Luís ter precisado fazer as 5 substituições antes de Luis Enrique pode ter influenciado a favor do PSG. Barcolat, em especial, e também Nuno Gomes, Dembélé e Douê deram muito trabalho à nossa defesa. O final do jogo, definitivamente, foi um verdadeiro sufoco.

Vieram então os pênaltis e a surreal defesa de quatro cobranças seguidas do Flamengo por Safanov, após De la Cruz haver convertido a sua, abrindo a contagem. Rossi, porém, só defendeu um pênalti e o Mundial acabou sendo decidido pelo magro placar de 2x1 em favor do PSG, que, por sua vez, cobrou quatro penalidades e só converteu duas.

Após o jogo, Filipe Luís declarou que o goleiro russo "pareceu ter assistido ao nosso treino", deixando nas entrelinhas que algo fora do normal pode ter ocorrido.

Espionagem não é exatamente uma novidade no futebol. Aqui mesmo, no Brasil, tivemos o famoso episódio do "Drone do Grêmio" na final da Libertadores/2017, quando o treinador Renato Gaúcho se valeu do expediente para bisbilhotar um treino dos argentinos do Lanús.

O fato do PSG ser de propriedade da já mencionada (no post da segunda-feira) Qatar Sporting Investiments (QSI) e o jogo ter ocorrido no Qatar dá suporte contextual à suspeita.

Particularmente, não me lembro de ter visto um goleiro defender quatro seguidas numa final de mundial e em cobranças nos mais diversos estilos. A sequência Léo Pereira (centro do gol) e Luiz Araújo (canto oposto ao das cobranças anteriores) foi para lá de suspeita.

E não podemos nos esquecer da inexplicável validação da cobrança de Pedro, já que o goleiro russo Safanov claramente se adiantou, como mostraram as imagens. O VAR americano, naquele lance, infelizmente se naturalizou qatari, para a nossa frustração.

Ainda assim, pelo menos nos casos de Saúl, Pedro e Léo Pereira, não dá para passar o pano e eximi-los da responsabilidade pelas cobranças mal executadas. Tanto que Jorginho e De la Cruz, exímios cobradores, converteram as suas, driblando o esquema de espionagem franco-qatari.

Por outro lado, é justo ressalvar que esses mesmos jogadores os quais cobraram mal seus pênaltis ao menos tiveram coragem para dar suas caras a tapa e assumir o risco. Já Léo Ortiz e Cebolinha decepcionaram com suas respectivas refugadas. Minha visão sobre ambos não será a mesma.

Como conclusão, acho que o Flamengo precisa melhorar o seu "mental" para jogar essas finais de Mundial, concordam?

É preciso aprender a lidar melhor com o imponderável, até porque o fora do comum acabou sendo uma marca nas três últimas participações do Flamengo no Mundial Interclubes.

Em 2019, foi o próprio clube, internamente, que se envolveu numa confusão de reivindicação de premiações, por funcionários do Departamento de Futebol, justamente no dia da final. Nada poderia ter sido mais inoportuno.

Em 2023, uma atuação esdrúxula da arbitragem e do VAR desequilibrou em favor dos sauditas o confronto contra o Al-Hilal. O time não soube lidar com a arbitragem larápia.

E, em 2025, o mental do time derreteu na sequência de cobranças talvez mais estranha e inusitada (além de suspeita) da História do futebol internacional, a qual acabou afastando mais uma vez o título das mãos rubro-negras.

***

Bastou um ano de profissionalismo no Departamento de Futebol que o Flamengo venceu o Campeão da Copa do Mundo de Clubes e empatou com o campeão da Champions League, levando a decisão para os pênaltis, após a prorrogação.

O Flamengo está no caminho certo. Agora é hora de aprimorar o projeto esportivo renovando com o diretor técnico e o treinador, além de corrigir as falhas na montagem do elenco, para que possamos partir para um 2026 ainda mais vencedor.

De tanto bater na trave, uma hora esse Mundial voltará para a Gávea e seu charmoso museu.

***

Nos próximos posts falaremos sobre as glórias de 2025.

Tenham uma sexta-feira abençoada.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.