sábado, 20 de dezembro de 2025

Reflexões Sobre a Supremacia

Danilo sobe para cabecear e marcar o gol do título do Flamengo em Lima

Salve, Buteco! A recente conquista do quarto título da Libertadores em Lima me obriga a retomar o post Ecos de Montevidéu - Jamais Acreditei em Supremacia, publicado logo após a derrota para o Palmeiras na final de 2021. Na ocasião, mencionei que, em 2020, ainda durante a paralisação das competições por conta da pandemia de COVID-19, eu dividia com vocês minhas reflexões sobre rivalidades interestaduais e a alta competitividade existente no cenário nacional e de participações dos clubes brasileiros nas competições sul-americanas, especialmente na Copa Libertadores da América. Então, no post Olhando para o Passado, Mirando o Futuro, afirmei que, "Apesar dos evidentes avanços do clube na parte administrativo/financeira e em gestão de futebol (Centro de Treinamentos, CIM e Departamento Médico), o sucesso atual tem grande relação com o altíssimo nível do treinador Jorge Jesus e da atual comissão técnica. É difícil imaginar sua substituição sem que haja uma sensível diminuição na qualidade do futebol apresentado pelo Flamengo em relação aos adversários. Não se trata, percebam, de temer que o clube  não esteja sempre entre os mais competitivos no cenário brasileiro e interamericano, algo para mim impensável, mas da chance única e histórica atingir a supremacia e consolidá-la em um curto espaço de tempo."

Mas o termo "supremacia" me incomodou. E num exercício de autocrítica, no post da semana seguinte, Olhando para o Passado, Mirando o Futuro (2), cuidei de explicar melhor o que eu entendia por "supremacia" ou o que considerava a "supremacia possível" de ser atingida pelo Flamengo: 

No post da semana passada, voltei a ressaltar que, apesar dos avanços estruturais, administrativos e mesmo de gestão do futebol profissional no Flamengo, o “fator Jorge Jesus” é, ao mesmo tempo que determinante, uma oportunidade histórica para que o Flamengo assuma o que chamei de “supremacia”. Porém, agora percebo, o termo é impreciso, até porque cada um pode ter um conceito diferente do que seria a tal “supremacia” no plano dos fatos. Então, retificando, acredito que Jorge Jesus possa ser o divisor de águas para que o Flamengo tome a dianteira do número de títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, os quais, tenho certeza de que todos concordarão, são nossas principais competições em âmbito nacional e continental.

Explicando melhor: não é que, sem Jorge Jesus, o Flamengo voltaria a ficar no meio da tabela ou até disputaria rebaixamento, sequer se classificando para a maior competição sul-americana. Muito pelo contrário, acredito que o clube se consolidou como força definitiva no primeiro patamar do futebol brasileiro e sempre estará entre os clubes que com maior frequência conquistam o Brasileirão e disputam para ganhar a Libertadores. Por isso mesmo, no espaço de uma a duas décadas, independentemente do quanto Jorge Jesus permaneça no Flamengo, prevejo que a distância para os demais cariocas e clubes fora do eixo Rio-São Paulo (capital) aumentará bastante, por conta da capacidade que o clube desenvolveu para explorar seu potencial nato, o que antes era apenas um sonho distante.

Gustavo, mas então qual é a importância do Mister?” Amigos, o português pode ser o fator que levará o Flamengo, em curto espapo de tempo (próximos 2 a 3 anos), a abrir uma vantagem para o trio paulista que lhe permita não ser alcançado no futuro ou, quando menos, ficar muito tempo na dianteira. Papo de uma ou duas décadas em dois ou três anos. Diversos outros fatores concorreriam para esse resultado, tais como a crise financeira dos rivais paulistas (a qual, não duvidem, é passageira) e o Flamengo arrecadando cada vez mais dinheiro e se tornando cada vez mais popular, graças a uma Diretoria que tem a expertise de gerir grandes empreendimentos. É nesse contexto que a excepcional qualidade do nosso treinador português seria otimizada em progressão geométrica, ampliando um já histórico ciclo virtuoso.

Agora que expliquei o que queria dizer, permitam-me voltar ao meu conceito de supremacia. Pessoal, numa boa, esse papo de Bayern de Munique brasileiro é, mais do que impreciso, pura viagem na maionese. Para que vocês tenham uma ideia, o Bayern de Munique possui avassaladores 29 (vinte e nove) títulos alemães, enquanto o segundo colocado, o Nuremberg, que há tempos encolheu, possui “míseros” 9, um a mais do que a atual e famosa segunda força, o Borussia Dortmund, com seus 8 títulos nacionais. O cenário é completamente diferente do que historicamente vivemos no futebol brasileiro, como vocês podem facilmente perceber.

No dia em que Jorge Jesus deixar o Flamengo (o qual espero que ainda demore muitos anos), é bem possível que o clube enfrente um problema semelhante ao que o Manchester United passou com a sucessão de Alex Ferguson. É claro, até por sua idade, que o Mister não dirigirá o Flamengo tanto tempo quanto Ferguson ficou à frente do United; porém, ainda que o Mais Querido acerte a mão com um nome como Marcelo Gallardo, Jorge Sampaoli ou mesmo outro treinador europeu, a tendência é que essa fantástica sintonia que liga o Flamengo, a Nação Rubro-Negra e o nosso querido Mister não se repita, ao menos na mesma proporção. Seria fantástico que se repetisse, mas não seria a tendência natural. Não se pode jamais perder de vista que treinadores desse patamar são, antes de tudo, grandes artesãos, verdadeiros estilistas, cujas características singulares sempre tornam problemática sua substituição.

Portanto, se a comparação com o Bayern de Munique não faz sentido algum, 2020 e os próximos anos podem levar o Flamengo não a uma supremacia como a do clube alemão (meu conceito de supremacia), mas a uma inédita e possivelmente definitiva liderança no ranking nacional e sul-americano de clubes brasileiros, historicamente muito competitivo como em nenhum outro país. Para tanto, é imprescindível que o Mister permaneça o maior tempo que se mostrar possível.

Que venha logo o “Dia do Fico”.

O fato é que, dizia na ocasião, jamais acreditei em uma "supremacia" remotamente semelhante a do Bayern de Munique na Alemanha, para o cenário nacional, ou a do Real Madrid no âmbito do continente europeu, para o sul-americano. A "supremacia" na qual sempre acreditei se aproxima de um conceito de liderança, talvez incontestável, mas não de um massacre.

Exemplificando como o equilíbrio é a regra e a supremacia a exceção, mencionei os quadros de campeões e vice-campeões da Copa Libertadores da América e da UEFA Champions League (antiga Taça dos Campeões Europeus ou The European Cup), os quais agora atualizo após os resultados das finais disputadas desde então:

Libertadores

Clube

País

Titulos

Vices

Independiente

Argentina

7

0

Boca Juniors

Argentina

6

6

Peñarol

Uruguai

5

5

River Plate

Argentina

4

3

Estudiantes

Argentina

4

1

Flamengo

Brasil

4

1

Olimpia

Paraguai

3

4

Nacional

Uruguai

3

3

São Paulo

Brasil

3

3

Palmeiras

Brasil

3

3

Santos

Brasil

3

2

Grêmio

Brasil

3

2

Cruzeiro

Brasil

2

2

Atlético Nacional

Colômbia

2

1

Internacional

Brasil

2

1

Colo-Colo

Chile

1

1

Fluminense

Brasil

1

1

Vasco da Gama

Brasil

1

-

Once Caldas

Colômbia

1

-

Botafogo

Brasil

1

-


Champions League

Clube

País

Titulos

Vices

Real Madrid

Espanha

15

3

Milan

Itália

7

4

Bayern de Munique

Alemanha

6

5

Liverpool

Inglaterra

6

4

Barcelona

Espanha

5

3

Ajax

Holanda

4

2

Manchester United

Inglaterra

3

2

Internazionale

Itália

3

4

Juventus

Itália

2

7

Benfica

Portugal

2

5

Nottingham Forest

Inglaterra

2

0

Porto

Portugal

2

0

Chelsea

Inglaterra

2

1

Borussia Dortmund

Alemanha

1

2

Celtic

Escócia

1

1

Hamburgo

Alemanha

1

1

Steaua Bucareste

Romênia

1

1

Olympique de Marselha

França

1

1

Manchester City

Inglaterra

1

1

Paris Saint-Germain

França

1

1

Ocorre que, brincando, brincando, o Flamengo tem hoje, atrás somente do Independiente de Avellaneda e ao lado apenas do Estudiantes de La Plata, a melhor relação títulos x vice-campeonatos do histórico de finais da Copa Libertadores da América.

E brincando, brincando, embora não se possa dizer que estejamos próximos de uma supremacia no continente, já estivemos bem mais longe, concordam?

Nada como o tempo...

Temos uma janela de oportunidade nos próximos cinco anos, acaso essa gestão permaneça focada no projeto esportivo profissional que foi implantado em 2025.

Então, quem sabe daqui a uns 4 anos não voltarei novamente a esse tema com números ainda mais avassaladores, inclusive no cenário nacional? Vocês acreditam?

A palavra está com vocês.

Bom FDS e SRN a tod@s.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

O Desfecho da Temporada/2025



Salve, Buteco! De branco novamente, o Flamengo ficou novamente no quase e o sonho do Mundial foi mais uma vez adiado. Dessa vez, o time conseguiu resistir bravamente e levar o jogo até as cobranças de pênalti, porém um amargo desfecho deixou um desagradável gosto de fel numa das melhores temporadas do clube em toda a sua História.

Foi um confronto entre modelos de jogo com muitos pontos em comum, sendo um deles a busca pelo controle pela posse de bola e a anulação das ações ofensivas adversárias com uma marcação impositiva, no campo de jogo do oponente.

Outro ponto em comum que enxergo entre as duas equipes é que, neste modelo de jogo com futebol total, nenhuma das duas contava com um grande artilheiro no ataque, com a ressalva de que, no caso do Flamengo, Pedro não tinha condições de jogar por 90 minutos, dada a sua recente recuperação da fratura no pulso e da contusão muscular.

No futebol total de hoje, o centroavante "típico de área" perdeu espaço e não é simples encontrar quem consiga se movimentar, ajudar na marcação e ainda mandar a bola para o fundo das redes. Talvez por isso ambas as equipes, em seus próprios contextos, tenham alternado, durante o ano, goleadas acachapantes com resultados frustrantes, sem conseguir penetrar em sistemas defensivos fechados.

Essa reflexão mostra a importância de Pedro, que após uma reprimenda pública de Filipe Luís, conseguiu se aprimorar taticamente e passou a contribuir mais para a equipe no sistema defensivo. Pena, porém, que claramente ainda não reunia condições para jogar na plenitude de sua forma, como ocorreu, por exemplo, na vitória por 3x2 sobre o Palmeiras no Maracanã.

Então, na disputa territorial e pela bola, o PSG foi mais impositivo e criou mais oportunidades de gol, até porque o ataque do Flamengo não era composto por jogadores vocacionados para a finalização, à exceção de Arrascaeta, nosso camisa 10, o qual, porém, teve dificuldades para "entrar no jogo".

Nesse contexto de "erro zero", infelizmente o nosso goleiro argentino Rossi sentiu bastante a partida. Não bastasse a falha muito semelhante à cometida no último Fla-Flu no gol anulado dos franceses, cometeu uma falha patética no lance do gol marcado por Kvaratskhelia.

O empate, para mim, soou como um milagre, pois o PSG fazia com o Flamengo o que o próprio Mais Querido fez tantas vezes na temporada com seus adversários. Na base do controle, neutralizava as ações ofensivas rubro-negras. Entretanto, Arrascaeta, o ídolo, tirou um coelho da cartola e arrancou a penalidade máxima após driblar o zagueiro brasileiro Marquinhos. Pênalti que Jorginho converteu com destreza, dando números finais ao placar ainda na primeira etapa.

O PSG não conseguiu jogar com a mesma intensidade no segundo tempo e o Flamengo até que equilibrou um pouco o jogo, tanto que, no final da partida, já com "volantes novos" e a presença de Pedro, que deu ganho tático ao time, até conseguiu criar suas chances de gol, todas desperdiçadas, tendo a mais clara delas caído nos pés de Gonzalo Plata. O "teto ofensivo" do nosso elenco se exibia sem cerimônias na mais alta prateleira do futebol mundial.

Já a partida do sistema defensivo rubro-negro merece destaque. A linha de zaga foi exímina na arte de se defender. Por sua vez, os volantes jogaram claramente no limite, tanto que, à exceção de De la Cruz, todos tomaram o seu cartão amarelo. O uruguaio, aliás, merece menção de excelência. Trata-se de um baita jogador, de nível europeu. Seu problema não é futebol e sim disponibilidade, dados os crônicos problemas físicos que o acometem.

Achei que a dinâmica dos 90 minutos regularmentares permaneceu na prorrogação, com um predomínio sem massacre do PSG, porém somente até os 5 ou 7 minutos finais, quando nosso time literalmente abriu o bico. O fato de Filipe Luís ter precisado fazer as 5 substituições antes de Luis Enrique pode ter influenciado a favor do PSG. Barcolat, em especial, e também Nuno Gomes, Dembélé e Douê deram muito trabalho à nossa defesa. O final do jogo, definitivamente, foi um verdadeiro sufoco.

Vieram então os pênaltis e a surreal defesa de quatro cobranças seguidas do Flamengo por Safanov, após De la Cruz haver convertido a sua, abrindo a contagem. Rossi, porém, só defendeu um pênalti e o Mundial acabou sendo decidido pelo magro placar de 2x1 em favor do PSG, que, por sua vez, cobrou quatro penalidades e só converteu duas.

Após o jogo, Filipe Luís declarou que o goleiro russo "pareceu ter assistido ao nosso treino", deixando nas entrelinhas que algo fora do normal pode ter ocorrido.

Espionagem não é exatamente uma novidade no futebol. Aqui mesmo, no Brasil, tivemos o famoso episódio do "Drone do Grêmio" na final da Libertadores/2017, quando o treinador Renato Gaúcho se valeu do expediente para bisbilhotar um treino dos argentinos do Lanús.

O fato do PSG ser de propriedade da já mencionada (no post da segunda-feira) Qatar Sporting Investiments (QSI) e o jogo ter ocorrido no Qatar dá suporte contextual à suspeita.

Particularmente, não me lembro de ter visto um goleiro defender quatro seguidas numa final de mundial e em cobranças nos mais diversos estilos. A sequência Léo Pereira (centro do gol) e Luiz Araújo (canto oposto ao das cobranças anteriores) foi para lá de suspeita.

E não podemos nos esquecer da inexplicável validação da cobrança de Pedro, já que o goleiro russo Safanov claramente se adiantou, como mostraram as imagens. O VAR americano, naquele lance, infelizmente se naturalizou qatari, para a nossa frustração.

Ainda assim, pelo menos nos casos de Saúl, Pedro e Léo Pereira, não dá para passar o pano e eximi-los da responsabilidade pelas cobranças mal executadas. Tanto que Jorginho e De la Cruz, exímios cobradores, converteram as suas, driblando o esquema de espionagem franco-qatari.

Por outro lado, é justo ressalvar que esses mesmos jogadores os quais cobraram mal seus pênaltis ao menos tiveram coragem para dar suas caras a tapa e assumir o risco. Já Léo Ortiz e Cebolinha decepcionaram com suas respectivas refugadas. Minha visão sobre ambos não será a mesma.

Como conclusão, acho que o Flamengo precisa melhorar o seu "mental" para jogar essas finais de Mundial, concordam?

É preciso aprender a lidar melhor com o imponderável, até porque o fora do comum acabou sendo uma marca nas três últimas participações do Flamengo no Mundial Interclubes.

Em 2019, foi o próprio clube, internamente, que se envolveu numa confusão de reivindicação de premiações, por funcionários do Departamento de Futebol, justamente no dia da final. Nada poderia ter sido mais inoportuno.

Em 2023, uma atuação esdrúxula da arbitragem e do VAR desequilibrou em favor dos sauditas o confronto contra o Al-Hilal. O time não soube lidar com a arbitragem larápia.

E, em 2025, o mental do time derreteu na sequência de cobranças talvez mais estranha e inusitada (além de suspeita) da História do futebol internacional, a qual acabou afastando mais uma vez o título das mãos rubro-negras.

***

Bastou um ano de profissionalismo no Departamento de Futebol que o Flamengo venceu o Campeão da Copa do Mundo de Clubes e empatou com o campeão da Champions League, levando a decisão para os pênaltis, após a prorrogação.

O Flamengo está no caminho certo. Agora é hora de aprimorar o projeto esportivo renovando com o diretor técnico e o treinador, além de corrigir as falhas na montagem do elenco, para que possamos partir para um 2026 ainda mais vencedor.

De tanto bater na trave, uma hora esse Mundial voltará para a Gávea e seu charmoso museu.

***

Nos próximos posts falaremos sobre as glórias de 2025.

Tenham uma sexta-feira abençoada.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Paris Saint-Germain x Flamengo

 


Copa Intercontinental FIFA/2025 - Final (Jogo Único)

Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2025, as 14:00h (USA ET 12:00h), no Ahmar Bin Ali Stadium, em Al Rayyan, Qatar.

Paris Saint-Germain: Chevalier; Zaire-Emery, Marquinhos, Pacho e Nuno Mendes; João Neves, Vitinha e Fabián Ruiz; Doué, Lee Kang-In e Kvaratskhelia. Técnico: Luis Enrique.

FLAMENGORossiVarela, LéOrtiz, LéPereire AleSandro; PulgarJorginhArrascaetaPlata, BrunHenriquCarrascalTécnico: Filipe Luís Kasmirski.

Arbitragem: Ismail Elfath (EUA), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Corey Parker (EUA) e Kyle Atkins (EUA). Quarto Árbitro: Amin Mohamed (Egito)Quinto Árbitro: Mahmoud Abouelregal (Egito). Árbitro de Vídeo (VAR): Allen Chapman (EUA).  Assistentes VAR: Jarred Gillett (AVAR/Inglaterra) e Antonio Garcia (SVAR/Uruguai).

Transmissão: 
Rede Globo (rede aberta), ESPN (TV por assinatura e streaming)GE (streaming)Cazé (YouTube e Disney+) FIFA+ (streaming).