Salve, Buteco! O Mais Querido do Brasil enfrentará, na próxima quarta-feira, 17 de dezembro, pela final da Copa Intercontinental FIFA/2025 ou Mundial Interclubes, o notório, porém peculiar Paris Saint-Germain Football Club. Notório porque, desde a década de 90, contou com inúmeras estrelas em seu plantel, tais como George Weah, Ronaldinho Gaúcho, Zlatán Ibrahimovic, Ángel Di María, Neymar Jr, Lionel Messi e Kylian Mbappé. Peculiar porque, dentre os gigantes do futebol mundial, pode ser considerado um infante, já que foi fundado apenas no ano de 1970.
O PSG ou "Les Parisiens" ou, ainda, "Les Rouge-et-Bleu" nasceu de uma fusão entre dois clubes parisienses: o antiquíssimo, porém nada competitivo Stade Saint-Germain, fundado em 1902, e o também noviço Paris FC, fundado em 1969. Todavia, a fusão durou apenas 3 anos e já em 1973 o Paris FC voltou a seguir o seu rumo próprio, porém jamais conseguindo se igualar em tamanho e brilho com o PSG.
A fusão, de fato, trouxe benefícios para a criatura e não para o seu dissidente criador. O feito mais marcante obtido até então pelo Stade Saint-Germain havia sido as quartas de final da Copa da França na temporada 1968/1969, enquanto que o Paris FC, apesar de haver finalmente ascendido à elite na última temporada, até hoje só conquistou títulos na segunda, terceira e quarta divisões do futebol francês.
Já a criatura teve uma trajetória bem diferente, muito embora as glórias só tenham começado a ser alcançadas na década de 80. Foi a partir dela que o PSG começou a conquistar os títulos mais importantes, primeiramente a Copa da França e, num segundo momento, o Campeonato Francês, hoje chamado de Ligue 1. Até então, o clube mais forte e vencedor era o Saint-Éttiene, até hoje o segundo no ranking de títulos do "Francesão".
O futebol francês de fato tem essa característica peculiar, de revezamento de "dinastias" entre os seus maiores campeões desde a adoção do profissionalismo, em julho de 1930. Naquela primeira década, os maiores vencedores foram o SC Sète e o FC Sochaux. Na década seguinte houve equilíbrio, com múltiplos campeões, mas já na década de 50 começaram as dinastias, primeiramente com o rubro-negro Olympique de Nice ou simplesmente Nice.
Na sequência, o já referido Saint-Éttiene predominou nas décadas 60 e 70, tornando-se, como visto, o maior campeão francês, só tendo sido superado recentemente pelo próprio PSG. Seguiram-se então as dinastias do (hoje falido) FC Bordeaux, em meados da década de 80; do Olympique de Marselha, entre o final da década de 80 e início da década de 90, e do Olympique de Lyon, na primeira década do Século XXI.
Alguns clubes muito importantes no circuito francês conseguiram conquistar seus títulos de "maneira espalhada" entre várias décadas. São eles o próprio Olympique de Marselha, que teve a sua própria dinastia, e o AS Monaco, o FC Nantes e o Olympique de Lille, que jamais venceram em longas sequências.
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A História do PSG mostra que o clube foi crescendo à medida em que conseguiu se estruturar financeiramente fora de campo. Nascido no formato associativo, tendo os torcedores como proprietários, só foi começar a captar estrelas internacionais com a chegada do Canal+ ou Canal Plus, em 1991, mediante a aquisição do clube.
A partir de então o PSG começou a conquistar vários títulos da Copa da França e também a desenvolver seu perfil internacional, com a contratação de estrelas como Raí e George Weah, tendo inclusive conquistado a Recopa da UEFA na temporada 1995/1996. Os títulos do Campeonato Francês, todavia, ainda eram escassos.
Tanto que, mesmo com a sua aquisição pela Colony Capital, em 2006, não houve conquista de resultados significativos dentro das quatro linhas para além de dois títulos da Copa da França. A chegada da Qatar Sports Investiments (QSI) no ano de 2011, entretanto, mudaria tudo para o clube, marcando o início da "Dinastia PSG", que dura até hoje e simplesmente não tem previsão de término num horizonte de curto ou médio prazo.
De fato, a partir da temporada 2012/2013, o PSG só não conquistou o Campeonato Francês na temporada 2016/2017, quando foi superado pelo AS Monaco do treinador Leonardo Jardim e de Radamel Falcao Garcia, Kylian Mbappé, Bernardo Silva, João Moutinho e Fabinho, e na temporada 2020/2021, conquistada pelo Olympique de Lille.
Na Copa da França, o predomínio também é inegável, muito embora não na mesma proporção do Campeonato Francês: desde a chegada da QSI, o PSG conquistou 8 títulos em 14 disputas, não tendo chegado à final em apenas 5 ocasiões e só sido vice-campeão em uma única oportunidade, nos pênaltis, para o Stade Rennais ou Rennes, no ano de 2019.
Nada de diferente ocorreu na hoje extinta Copa da Liga da França, disputada até 2020. Entre o ano de 2012 e o seu último ano de disputa, o PSG conquistou o título nada menos do que 6 vezes, não tendo chegado à final somente nas outras 2 ocasiões.
Faltava, todavia, o sonhado título da Champions League, o qual, curiosamente, só veio na temporada 2024/2025, quando a gestão do futebol tomou uma direção distinta daquela que ditava os rumos do clube desde a década de 90.
Apostando no coletivo em torno da gestão do ótimo treinador espanhol Luis Enrique e abandonando as estrelas intergaláticas a partir da saída de Kylian Mbappé para o Real Madrid, o PSG atingiu a maior glória almejada pelo clube e seus torcedores a bordo de uma verdadeira "locomotiva tática" que esmaga impiedosamente os seus adversários, como prova especialmente a finalíssima contra a Internazionale de Milão, na qual aplicou um acachapante 5x0.
O PSG finalmente conquistava a UEFA Champions League.
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Uma breve nota sobre a torcida dos parisienses. Considerada a maior do país, reconhece como maior rival o Olympique de Marselha, com quem disputa, de maneira ferrenha, o chamado "Le Classique" ou "O Clássico" do país. Simplesmente não há registros relevantes de rivalidade tão acirrada com outros clubes que já exerceram o protagonismo no futebol francês.
Contudo, talvez à semelhança do que ocorre, hoje, com Flamengo e Vasco da Gama, esportivamente as disputas não seguem o equilíbrio histórico que existiu outrora e o clube mais estruturado tem prevalecido nos embates. Desde novembro/2011, após, portanto, a chegada da QSI ao PSG, a equipe parisiense venceu 26 vezes o confronto, contra apenas 4 de seu arquirrival marselhês.
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Como vinha dizendo, foi a partir da década de 90 que o PSG começou a desenvolver o seu perfil internacional e, desde então, já participou de 11 finais internacionais, até aqui todas elas disputadas apenas contra rivais europeus. O Flamengo será o primeiro adversário "não europeu" do PSG em uma final de competição oficial.
A lista de finais oficiais internacionais da História dos Parisienses mostra, porém, que apenas recentemente o clube conseguiu finalmente frequentar com habitualidade o patamar mais alto das maiores competições da Europa e do Mundo:
1968 - Recopa da UEFA - PSG 1x0 Rapid Viena- Bruxelas (Bélgica)
1997 - Supercopa da UEFA - PSG 1x6 Juventus - Paris (França)
2º Jogo - Juventus 3x1 PSG - Palermo/Itália.
1997 - Recopa da UEFA - Barcelona 1x0 PSG - Roterdã (Holanda)
2001 - Copa Intertoto da UEFA - PSG 0x0 Brescia - Paris (França)
2º Jogo - Brescia 1x1 PSG - Brescia (Itália)
2020 - UEFA Champions League - PSG 0x1 Bayern de Munique - Lisboa (Portugal)
2025 - UEFA Champions League - PSG 5x0 Internazionale - Munique (Alemanha)
2025 - Copa do Mundo de Clubes FIFA - Chelsea 3x0 PSG - East Rutherford (EUA)
2025 - Supercopa da UEFA - PSG 2x2 (4x3 pênaltis) Tottenham Hotspurs - Udine (Itália)
2025 - Copa Intercontinental da FIFA - PSG x Flamengo (loading...) - Al-Rayyan (Qatar)
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E como eu ia dizendo alguns capítulos atrás, o atual PSG, comandado por Luis Enrique, é uma verdadeira "locomotiva tática", cujo volume de jogo avassalador e triturador de adversários, na minha opinião, pode ser bem traduzido nos seguintes jogos disputados em 2025:
22/1/2025 - UEFA Champions League - PSG 4x2 Manchester City - Parc des Princes
19/2/2025 - UEFA Champions League - PSG 7x0 Brest - Parc des Princes
31/5/2025 - UEFA Champions League - PSG 5x0 Internazionale - Allianz Arena (Munique)
15/6/2025 - FIFA Club World Cup - PSG 4x0 Atlético de Madrid - Rose Bowl (Pasadena/USA)
9/7/2025 - FIFA Club World Cup - PSG 4x0 Real Madrid - MetLife Stadium (East Rutherford/USA)
Vocês sabem que eu sou "calendarista" e analiso tudo, absolutamente tudo relacionado ao futebol sempre levando em conta o que acontece no calendário. Tudo na vida é contexto e no futebol não pode ser diferente.
Enquanto isso, no Qatar, o Flamengo jogava, na quarta-feira de 10/12, contra o Cruz Azul pelo Derby das Américas (2x1), e enfrentou o Pyramids do Egito pela Copa Challenger, anteontem, no sábado de 13/12, sempre com uma formação titular ou bem próxima disso.
A questão que então se põe para quem, como eu, presta muita atenção em calendário, é a seguinte: qual será o jogo do PSG após o confronto contra o Flamengo?
Resposta: Vendée Fontenay Foot x PSG, pela Copa da França, no sábado 20/12.
"Mas Gustavo, quem é Vendée Fontenay Foot na fila do pão?"
Resposta: um time da quinta divisão do futebol francês.
Não precisa ser um gênio da astrofísica ou imortal da Academia Brasileira de Letras, ou mesmo um mestre da tática, para adivinhar que, por conta dos deslocamentos em curto espaço de tempo para o Qatar e de volta para Paris, o PSG escalará um time bastante alternativo no confronto pela Copa da França, já que poucos dias antes jogará em Al-Rayyan contra o Flamengo.
Entretanto, os contextos do último adversário e do adversário seguinte do PSG após o jogo contra o Flamengo também me levam a concluir que a equipe francesa pode e, por isso mesmo, efetivamente jogará com uma formação titular e no modo locomotiva tática na final da Copa Intercontinental.
Traduzindo para um português ainda mais claro: o PSG, com os titulares, "vai acelerar pra caralho o jogo" na próxima quarta-feira, já que escalou time alternativo contra o Metz e poderá escalar até o sub-20 contra o "gigante" Vendée Fontenay Foot.
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O Pyramids do Egito foi, na minha opinião, disparado, o time mais fraco que o Flamengo enfrentou no contexto de competições FIFA desde 2019.
Não tenho a menor dúvida de que o time jogou no modo economia de energia para se desgastar o menos possível antes do confronto contra a Locomotiva Tática Francesa na próxima quarta-feira. Inclusive a imprensa europeia elogiou o fato do time ter se imposto sem precisar se desgastar.
Todavia, o xis da questão é: o que SuperFili e grande elenco poderão fazer para enfrentar o esquadrão francês no modo locomotiva tática?
Para responder essa pergunta, a palavra está com vocês.
Tenham uma semana abençoada.
Bom dia e SRN a tod@s.








