Salve, Buteco! De branco novamente, o Flamengo ficou novamente no quase e o sonho do Mundial foi mais uma vez adiado. Dessa vez, o time conseguiu resistir bravamente e levar o jogo até as cobranças de pênalti, porém um amargo desfecho deixou um desagradável gosto de fel numa das melhores temporadas do clube em toda a sua História.
Foi um confronto entre modelos de jogo com muitos pontos em comum, sendo um deles a busca pelo controle pela posse de bola e a anulação das ações ofensivas adversárias com uma marcação impositiva, no campo de jogo do oponente.
Outro ponto em comum que enxergo entre as duas equipes é que, neste modelo de jogo com futebol total, nenhuma das duas contava com um grande artilheiro no ataque, com a ressalva de que, no caso do Flamengo, Pedro não tinha condições de jogar por 90 minutos, dada a sua recente recuperação da fratura no pulso e da contusão muscular.
No futebol total de hoje, o centroavante "típico de área" perdeu espaço e não é simples encontrar quem consiga se movimentar, ajudar na marcação e ainda mandar a bola para o fundo das redes. Talvez por isso ambas as equipes, em seus próprios contextos, tenham alternado, durante o ano, goleadas acachapantes com resultados frustrantes, sem conseguir penetrar em sistemas defensivos fechados.
Essa reflexão mostra a importância de Pedro, que após uma reprimenda pública de Filipe Luís, conseguiu se aprimorar taticamente e passou a contribuir mais para a equipe no sistema defensivo. Pena, porém, que claramente ainda não reunia condições para jogar na plenitude de sua forma, como ocorreu, por exemplo, na vitória por 3x2 sobre o Palmeiras no Maracanã.
Então, na disputa territorial e pela bola, o PSG foi mais impositivo e criou mais oportunidades de gol, até porque o ataque do Flamengo não era composto por jogadores vocacionados para a finalização, à exceção de Arrascaeta, nosso camisa 10, o qual, porém, teve dificuldades para "entrar no jogo".
Nesse contexto de "erro zero", infelizmente o nosso goleiro argentino Rossi sentiu bastante a partida. Não bastasse a falha muito semelhante à cometida no último Fla-Flu no gol anulado dos franceses, cometeu uma falha patética no lance do gol marcado por Kvaratskhelia.
O empate, para mim, soou como um milagre, pois o PSG fazia com o Flamengo o que o próprio Mais Querido fez tantas vezes na temporada com seus adversários. Na base do controle, neutralizava as ações ofensivas rubro-negras. Entretanto, Arrascaeta, o ídolo, tirou um coelho da cartola e arrancou a penalidade máxima após driblar o zagueiro brasileiro Marquinhos. Pênalti que Jorginho converteu com destreza, dando números finais ao placar ainda na primeira etapa.
O PSG não conseguiu jogar com a mesma intensidade no segundo tempo e o Flamengo até que equilibrou um pouco o jogo, tanto que, no final da partida, já com "volantes novos" e a presença de Pedro, que deu ganho tático ao time, até conseguiu criar suas chances de gol, todas desperdiçadas, tendo a mais clara delas caído nos pés de Gonzalo Plata. O "teto ofensivo" do nosso elenco se exibia sem cerimônias na mais alta prateleira do futebol mundial.
Já a partida do sistema defensivo rubro-negro merece destaque. A linha de zaga foi exímina na arte de se defender. Por sua vez, os volantes jogaram claramente no limite, tanto que, à exceção de De la Cruz, todos tomaram o seu cartão amarelo. O uruguaio, aliás, merece menção de excelência. Trata-se de um baita jogador, de nível europeu. Seu problema não é futebol e sim disponibilidade, dados os crônicos problemas físicos que o acometem.
Achei que a dinâmica dos 90 minutos regularmentares permaneceu na prorrogação, com um predomínio sem massacre do PSG, porém somente até os 5 ou 7 minutos finais, quando nosso time literalmente abriu o bico. O fato de Filipe Luís ter precisado fazer as 5 substituições antes de Luis Enrique pode ter influenciado a favor do PSG. Barcolat, em especial, e também Nuno Gomes, Dembélé e Douê deram muito trabalho à nossa defesa. O final do jogo, definitivamente, foi um verdadeiro sufoco.
Vieram então os pênaltis e a surreal defesa de quatro cobranças seguidas do Flamengo por Safanov, após De la Cruz haver convertido a sua, abrindo a contagem. Rossi, porém, só defendeu um pênalti e o Mundial acabou sendo decidido pelo magro placar de 2x1 em favor do PSG, que, por sua vez, cobrou quatro penalidades e só converteu duas.
Após o jogo, Filipe Luís declarou que o goleiro russo "pareceu ter assistido ao nosso treino", deixando nas entrelinhas que algo fora do normal pode ter ocorrido.
Espionagem não é exatamente uma novidade no futebol. Aqui mesmo, no Brasil, tivemos o famoso episódio do "Drone do Grêmio" na final da Libertadores/2017, quando o treinador Renato Gaúcho se valeu do expediente para bisbilhotar um treino dos argentinos do Lanús.
O fato do PSG ser de propriedade da já mencionada (no post da segunda-feira) Qatar Sporting Investiments (QSI) e o jogo ter ocorrido no Qatar dá suporte contextual à suspeita.
Particularmente, não me lembro de ter visto um goleiro defender quatro seguidas numa final de mundial e em cobranças nos mais diversos estilos. A sequência Léo Pereira (centro do gol) e Luiz Araújo (canto oposto ao das cobranças anteriores) foi para lá de suspeita.
E não podemos nos esquecer da inexplicável validação da cobrança de Pedro, já que o goleiro russo Safanov claramente se adiantou, como mostraram as imagens. O VAR americano, naquele lance, infelizmente se naturalizou qatari, para a nossa frustração.
Ainda assim, pelo menos nos casos de Saúl, Pedro e Léo Pereira, não dá para passar o pano e eximi-los da responsabilidade pelas cobranças mal executadas. Tanto que Jorginho e De la Cruz, exímios cobradores, converteram as suas, driblando o esquema de espionagem franco-qatari.
Por outro lado, é justo ressalvar que esses mesmos jogadores os quais cobraram mal seus pênaltis ao menos tiveram coragem para dar suas caras a tapa e assumir o risco. Já Léo Ortiz e Cebolinha decepcionaram com suas respectivas refugadas. Minha visão sobre ambos não será a mesma.
Como conclusão, acho que o Flamengo precisa melhorar o seu "mental" para jogar essas finais de Mundial, concordam?
É preciso aprender a lidar melhor com o imponderável, até porque o fora do comum acabou sendo uma marca nas três últimas participações do Flamengo no Mundial Interclubes.
Em 2019, foi o próprio clube, internamente, que se envolveu numa confusão de reivindicação de premiações, por funcionários do Departamento de Futebol, justamente no dia da final. Nada poderia ter sido mais inoportuno.
Em 2023, uma atuação esdrúxula da arbitragem e do VAR desequilibrou em favor dos sauditas o confronto contra o Al-Hilal. O time não soube lidar com a arbitragem larápia.
E, em 2025, o mental do time derreteu na sequência de cobranças talvez mais estranha e inusitada (além de suspeita) da História do futebol internacional, a qual acabou afastando mais uma vez o título das mãos rubro-negras.
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Bastou um ano de profissionalismo no Departamento de Futebol que o Flamengo venceu o Campeão da Copa do Mundo de Clubes e empatou com o campeão da Champions League, levando a decisão para os pênaltis, após a prorrogação.
O Flamengo está no caminho certo. Agora é hora de aprimorar o projeto esportivo renovando com o diretor técnico e o treinador, além de corrigir as falhas na montagem do elenco, para que possamos partir para um 2026 ainda mais vencedor.
De tanto bater na trave, uma hora esse Mundial voltará para a Gávea e seu charmoso museu.
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Nos próximos posts falaremos sobre as glórias de 2025.
Tenham uma sexta-feira abençoada.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.

