segunda-feira, 13 de outubro de 2025

VAR, Brasil, Desempenho e Desculpas

 

Salve, Buteco! No post de sábado eu falava sobre  processo de transferência de poder no que costumo chamar de "futebol dos treinadores", aquele no qual os jogadores, dentro das quatro linhas, possuem cada vez menos autonomia para improvisar e seguem orientações, até de movimentação, dos treinadores.

O Brasil, em especial, talvez seja o país que sinta mais essas mudanças, seja porque as principais características dos melhores jogadores brasileiros sempre foram a individualidade e a capacidade de improvisação, seja porque, no futebol brasileiro, o treinador tradicionalmente costuma ser o "principal culpado" quando as coisas não andam bem dentro de campo.

Paralelamente a essa transformação, o futebol moderno tornou-se ainda mais complexo com a implementação do VAR (Video Assistant Referee), na verdade uma equipe de duas a três pessoas operando a tecnologia de vídeo para rever lances. 

Então, se no "futebol antigo" já existiam muitas variáveis por conta de vinte dois atletas um trio de arbitragem e duas (depois três) substituições de cada lado, o que dizer dos dias de hoje, nos quais o número de pessoas envolvidas na arbitragem dobrou e as substituições passaram a ser cinco?

Como estamos falando em "transferência de poder" e do futebol brasileiro, é perceptível que, no Brasil, o VAR acabou se tornando um instrumento de poder e influência sobre o que ocorre dentro de campo. Não raro, os jogadores deixam de ser os principais protagonistas do espetáculo.

Com a palavra, Marcos Braz e Bruno Spindel, respectivamente, vice-presidente de futebol e diretor de futebol da gestão passada:

- As interferências entram pelos telefones. Interferência que fala se foi ou não foi, o que acha. Essa interpretação tem que ser da pessoa que está ali na hora. Vou dar até uma sugestão: entrou no VAR lá, não pode ter celular, não pode ter nenhuma comunicação lá dentro que não for a comunicação pertinente ao trabalho. (Marcos Braz)

- A gente já enviou ofício em outros momentos e não adianta. Só o que adianta é chamar para CPI, expor publicamente, dizer que é ladrão, dizer que tem assalto. Para eles respeitarem o clube, só desse jeito. Se não fizer desse jeito, não adianta. É um absurdo. O que aconteceu hoje aqui é um absurdo. A gente precisa desempenhar, merecer vencer. Eu acho que a gente mereceu um resultado melhor hoje. Se tivesse a expulsão no início do jogo, mudava completamente o jogo. O pênalti do Luiz Araújo também. Se o critério ali foi de anular a expulsão, tinha que ter dado o pênalti lá (com revisão do VAR).

A entrevista coletiva na qual essas declarações foram proferidas pode ser encontrada no YouTube (link do Uol), para quem quiser se recordar. O jogo em questão foi Bragantino 1x1 Flamengo, pela 5ª Rodada do Campeonato Brasileiro/2025, um dos jogos, dos quais me recordo, em que o Mais Querido foi mais roubado por uma arbitragem tendenciosa. 

Eis a equipe de arbitragem daquela partida (extrato do Ficha Técnica):

Arbitragem: Paulo César Zanovelli da Silva (FIFA/MG), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Guilherme Dias Camilo (FIFA/MG) e Celso Luiz da Silva (MG)QÁrbitro de Vídeo (VAR): Daniel Nobre Bins (VAR-FIFA/RS). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Flávio Gomes Barroca (RN) e Dyorgenes José Padovani de Andrade (ES). Observador de VAR: Ricardo Marques Ribeiro (MG).

O que vimos ano passado em Bragança Paulista já vinha se repetindo em outros anos, podendo-se dizer que nada mudou em 2025. A questão que se põe é: como o Flamengo pode se preparar melhor para enfrentar esse contexto? O clube não tem aliados entre os coirmãos. Vide a crise recente com a LIBRA. 

Como, então, fazer com que os altos investimentos no elenco sejam traduzidos em resultados sem que outros fatores, que não o desempenho dos adversários, sejam obstáculo para a performance esportiva? Como vencer esse processo de transferência de poder de dentro das quatro linhas para as cabines de VAR?

No post da segunda-feira passada, causei um pouco de polêmica ao afirmar que o Flamengo está deixando o Brasileirão escapar por culpa única e exclusivamente sua. Vou, então, explicar melhor o que penso a respeito do assunto.

É muito difícil competir contra tudo e contra todos, manter o foco em 100% dos jogos em um calendário insano e lidar com a cobrança muitas vezes extrapunitiva da Nação Rubro-Negra. E é extremamente injusto competir contra um rival que aparenta ter uma estrutura subterrânea operando em seu favor a partir das cabines de VAR.

Ocorre, Amigos, que se cuida de um contexto que não será alterado apenas pelo Flamengo. Logo, o Departamento de Futebol do Clube é forçado a operar com margem de erro mínima. Mas será que isso está acontecendo?

Uma contratação como a do Juninho (para repor a posição de Gabigol no elenco!), os desastres na administração do elenco nos casos Pedro e De la Cruz mostram que, para ser eufêmico, o diretor técnico José Boto passou por um longo "processo de adaptação". 

Quanto ao treinador, bem, a sua filosofia, compartilhada com o diretor técnico, é trabalhar com elenco reduzido executando um futebol total, de intensidade máxima produzindo asfixia sobre os adversários, com linhas altas abrindo espaços em sistemas defensivos fechados.

Parece haver uma certa contradição, concordam? Ou, quando menos, a importação, sem a devida adaptação, de uma tecnologia importada. Escrevendo essas mal-traçadas linhas, lembrei-me do Fiat Marea e do problema do combustível nacional, em contraste com o europeu, e os problemas que causava no motor do carro.

Já tive uma Marea Weekend linda. 160cv, 5 cilindros em linha, ronco maravilhoso. Infelizmente, a dado momento, o virabrequim foi espaço e, com ele, a paixão pela belezoca.

Abra os olhos, SuperFili. Esquema de VAR é uma coisa, desempenho e vitórias são outra...

E para terminar, voltando ao assunto inicial do post, o lado bom do que aconteceu no Morumbi no domingo retrasado foi um gigante do futebol brasileiro, o São Paulo Futebol Clube, ter sido vitimado por uma operação descarada em seus domínios.

Agora, o assunto é a pauta do momento e o Palmeiras está sendo vigiado.

Só que o Flamengo tem que jogar bola e vencer, quando menos, os próximos três confrontos. 

Sem desculpas, SuperFili...

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A palavra, como sempre, está com vocês.

Tenham uma semana abençoada.

Bom dia e SRN a tod@s.