quarta-feira, 28 de maio de 2025

Esquenta: Flamengo x Deportivo Táchira, pela 6ª Rodada do Grupo C da Libertadores/2025

 

Salve, Buteco! A prodigiosa memória do meu amigo Adriano Melo me fez reviver o drama que o Clube de Regatas do Flamengo passou na 6ª e última rodada do Grupo B das semifinais da Copa Libertadores da América/1984. Grupo em semifinais porque assim era o formato das semifinais da competição até os anos 90 e 6ª Rodada porque, apesar dos grupos compostos por apenas três integrantes, para que todos se enfrentassem mutuamente em sistema de ida e volta eram necessárias seis rodadas, com um dos participantes figurando como "bye" em cada uma delas.

O drama do Mais Querido advinha da goleada sofrida para o Grêmio na primeira rodada, no Estádio Olímpico, por 1x5, o fatídico "jogo do Bigu na lateral direita". Esse resultado teve efeito semelhante ao da derrota para o Central Córdoba no Maracanã, na segunda rodada do Grupo C na atual edição da Libertadores, destroçando o planejamento. A coisa piorou quando os Gaúchos aplicaram 6x1 nos venezuelanos na 5ª Rodada, atingindo 14 gols marcados contra os 7 do Flamengo.

É que o regulamento da competição, em caso de empate em pontos ganhos, previa um jogo de desempate no qual, aí sim, o número de gols marcados nas seis rodadas definiria o classificado para a final, em caso de empate no jogo de desempate (se é que vocês me entendem...). Suco de Conmebol e dos esdrúxulos regulamentos dos anos 70 e 80.

Então, por conta disso, o time do Flamengo entrou em campo precisando aplicar uma goleada de 8x0 no saco de pancadas venezuelano da época para chegar ao jogo de desempate contra o Grêmio em vantagem...

Esses são os fatos que antecederam o famoso jogo do 0x0 contra o Grêmio no Pacaembu, que deu ao Tricolor dos Pampas o direito a sua segunda final de Libertadores da História, a qual, contudo, viria a perder para o Independiente de Avellaneda, da Argentina, o qual até hoje mantém a posição de recordista de títulos da competição, mas que então conquistaria o seu, até aqui, último título.

Destaque para as palavras do zagueiro uruguaio Hugo De León, capitão do Grêmio e campeão da Libertadores e do Mundo no ano anterior, publicadas no dia da partida entre Flamengo x ULA de Mérida: 

PORTO ALEGRE — Tomando como base o jogo do Grêmio — que fez seis gols em 47 minutos, na segunda-feira —, o zagueiro uruguaio De Leon acha que o Flamengo poderá chegar à goleada por oito gols de diferença; — Tudo depende da maneira como se portarem os jogadores do Flamengo. Se tiverem tranqüilidade e marcarem um gol logo no início, poderão chegar aos oito gols. O time do ULA, mesmo perdendo, ataca se abrindo muito na defesa.

Será que o treinador da equipe venezuelana era um posicional inconsequente daqueles tempos? Vá saber, né, Amigos? O certo é que, vejam só, o soberbo Flamengo, falando em goleada, acabou se enrolando e complicando a classificação para a final. Bastou ao forte e defensivamente bem postado Grêmio segurar o 0x0 até o final da prorrogação no Pacaembu para levar a sonhada vaga.

***

As coincidências arrepiam, né, Amigos? O Táchira também se lança ao ataque mesmo quando está perdendo ou com um jogador a menos em campo, da mesma forma que o ULA de Mérida, à época maldosamente chamado de "ULA de Merda" por alguns torcedores.

Então, o que deve fazer o Flamengo para não se enrolar com o jogo de hoje? Primeiramente, manter os ótimos padrão e rendimento defensivos, que fizeram o treinador italiano (portanto, um especialista na matéria) da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, em sua primeira convocação, chamar praticamente a linha de zaga inteira do Flamengo, só faltando o (injustiçado?) Léo Pereira.

Para não se enrolar defensivamente, direção e comissão técnicas precisarão trabalhar para reduzir ao máximo o talvez inevitável relaxamento após a vitória em um jogo de peso tão decisivo, precedido de enorme tensão, como o do último domingo contra o Palmeiras, no Allianz Parque.

Mantendo o padrão defensivo, o Flamengo certamente não será derrotado pelo triplete de time, saco de pancadas e turista venezuelano. Daí restará furar a defesa dessa "potente" equipe, missão que não será difícil se o time conseguir controlar os nervos acaso não abra cedo o placar.

Embora não seja fácil, o ideal é não pensar no jogo de Quito, isso porque, se há uma emblemática diferença entre o contexto atual e o de 1984, ela está no confronto direto entre LDU e Central Córdoba, no qual cada gol que a Liga marcar, permanecendo em vantagem no placar, terá efeito dobrado, diminuindo simultanemante o saldo de gols dos argentinos, enquanto aumenta o equatoriano.

O mais difícil talvez seja os equatorianos conseguirem vencer a partida, mesmo tendo tomado, anteontem, a drástica medida da demissão do treinador Pablo "Vitamina" Sánchez. Porém, novamente, não cabe ao Flamengo pensar nisso e sim (finalmente) fazer a sua parte na Libertadores, vencendo o Deportivo Táchira por um bom e suficiente placar. 

Mandem aí suas escalações.

O Ficha Técnica subirá as 19:00h, a bola rolará no Maracanã as 21:30h e a palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.