Salve, Buteco! Para mim, o Fili usou o jogo de ontem para fazer experiências, algumas delas com tom psicodélico. Acabei me lembrando do rock'n'roll dos anos 60 e 70, quando o psicoldelismo era muito influente nas criações dos diversos subestilos dessa vertente musical.
Naquele tempo, foram compostas músicas muito boas, mas também algumas poucas que não tinham nada a ver. Acho que essa diversidade foi a tônica das experiências do Fili na tarde de ontem. Por exemplo, eu curti a tentativa de usar o Matheus Gonçalves na função de camisa 10 ou "na do Arrascaeta". A ideia foi boa, muito embora a atuação do nosso Cria tenha ficado fora do tom. A culpa, aqui, não foi do Fili e sim do intérprete.
Por outro lado, Alcaraz como centroavante foi o momento em que o nosso treinador se perdeu na composição do time. Parecia o Syd Barret do Pink Floyd tocando uma nota só na guitarra (som em playback) e olhando fixamente para a plateia. Uma viagem insólita.
A ideia não pareceu boa e a atuação do atleta nada melódica. Pode ser que eu não tenha entendido a genialidade artística do nosso treinador, mas o fato é que o único acorde do argentino que entrou foi um cabeceio no finalzinho da 1ª etapa.
Eu já não tinha gostado da utilização do meia Wallace Yan como centroavante "falso nove" na final da Intercontinental, mas o Flamengo terminou campeão do mundo com um jogada feita justamente pelo Cria na nova função tática. Espero que, se Fili resolver insistir na ideia com Charly, algo semelhante aconteça; porém, temo que essa (nova?) função, no contexto de contratação mais cara da História do clube, possa irritar de vez a audiência.
Achei que o Gérson ficou fora do jogo. Parecia estar viajando. Já com Wesley parece que não existe férias, pré-temporada, cansaço, larica ou falta de ritmo. Contundente, foi parado à base dos pontapés pelo lateral esquerdo do São Paulo, que só não tomou cartão amarelo pela estranha seletividade do árbitro brasileiro que apitou o jogo. O cruzamento para o cabeceio de Charly me lembrou do saudoso Jimi cantando e tocando "All Along The Watchtower" (a minha favorita dele). Perfeição e harmonia.
Nossa homenagem ao lendário guitarrista norte-americano, cujas vestimentas eram bem mais psicodélicas do que o som com raízes no rhythm & blues.
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Contra um São Paulo "um pouco mais desenferrujado", por já ter jogado uma partida contra o Cruzeiro, no meio da semana, achei que, no primeiro tempo, o Flamengo no modo Filipe Luís Experience predominou taticamente em relação ao São Paulo de Zubeldía, no confronto entre os treinadores magrelos, cabeludos e com pinta de rockeiros branquelos ingleses/americanos. Enfim, Jandrei trabalhou mais do que Rossi na primeira etapa.
Fiquei com a impressão que Fili, talvez até mirando possíveis confrontos pesados no Super Mundial, está preparando o time para também saber jogar em transições muito rápidas. A contratação de Juninho pode estar dentro desse contexto. Estou ansioso pelo primeiro ensaio da banda.
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O Flamengo do 2T estava desfigurado. Zaga de garotos, Allan e Evertton Cardoso como volantes e sem centroavante, como uma banda sem seus baterista e vocalisata. Digno de nota foi o deslocamento de Matheus Gonçalves para a meia/ponta direita, onde se saiu melhor (sem ser brilhante). Algumas ideias lançadas pelo treinador, como Luiz Araújo mais centralizado, despertam curiosidade.
Contudo, o time sofreu mais pressão e, por isso mesmo, correu bem mais riscos devido à configuração mais improvisada. Quase rolou uma bad trip. A capacidade de resistência dos meninos, contudo, foi digna de nota, e se os jogadores da frente estivessem com mais ritmo de jogo, talvez algum contra-ataque tivesse até encaixado.
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Sei que o nosso treinador curte heavy metal e suspeito que a torcida quer um Flamengo com som mais intenso. Mais Iron Maiden e menos progressivo psicodélico.
Chega de experiências e aumenta que isso aqui é rock'n'roll.
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Sigo me recusando a comentar uma linha sequer sobre o catado que está disputando as primeiras rodadas do Campeonato Carioca.
Abrirei uma exceção para o destreinador, que não dirigia uma equipe desde 2014.
Cléber dos Santos não pode estar à beira do campo no próximo jogo, contra o Bangu.
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A palavra está com vocês.
Uma ótima semana pra gente.
Bom dia e SRN a tod@s.