Salve, Buteco! Ontem foi mais uma vez transmitido o tradicionalíssimo "Especial Roberto Carlos", que completa nada menos do que 50 (cinquenta) anos ou meio século (!). Uma das músicas obrigatórias na "playlist" é justamente Emoções, composta em parceria com o "Tremendão" Erasmo Carlos, uma das duplas de compositores mais exitosas da Música Popular Brasileira.
O Rei, em 2009, revelou seu amor à Sociedade Esportiva Palmeiras, hoje sem sombra de dúvidas um dos maiores rivais do Clube de Regatas do Flamengo, já que, ao longo da História, os clubes vêm disputando clássicos carregados de emoções das mais variadas espécies, desde violentas brigas entre as duas torcidas (inclusive com morte recente) até finais de competições sul-americanas (Mercosul/1999 e Libertadores/2021).
Palmeiras que, assim ao menos vêm dizendo os setoristas, formalizou ao Fulham, da Inglaterra, uma proposta para repatriar Andreas Pereira, aquele mesmo que, em 2021, falhou no gol de Deyverson, que deu o título da Libertadores ao rival. Como era de se esperar, a notícia tomou conta do noticiário esportivo nacional em "época de vacas magras" (para os setoristas), já que a temporada do futebol brasileiro acabou de se encerrar.
Não sou instituto de pesquisa e não sei qual opinião prevalece na nossa torcida, mas sei que é muito comum observar, seja em redes sociais, seja em interações pessoais, torcedores rubro-negros demonizando o "Pitico da Nação". Ao mesmo tempo, também é bastante comum encontrar torcedores palmeirenses divertindo-se com a situação e enaltecendo o ex-atleta rubro-negro.
São tantas as emoções...
Mas e o dirigente, como deve se comportar diante de uma situação como essa? Trago a vocês uma (para mim) excelente abordagem do não menos excelente jornalista Rodrigo Mattos (@_rodrigomattos_) no Twitter:
Debate que, por sinal, tem várias camadas, como, por exemplo: a) Pitico vale o investimento (fala-se em algo entre € 25 e 30M)? b) em qual proporção o investimento palmeirense leva em conta a repatriação de um ex-atleta rubro-negro que "deu de bandeija" um título ao rival e na qualidade do próprio atleta?
Do lado rubro-negro, também existem algumas interrogações, tais como: a) é merecida a hostilização de (grande) parte da Nação contra o seu ex-Pitico? b) valeria a pena repatriá-lo naquelas antigas condições (€ 10M)? c) se convicto da importância técnica do investimento, o dirigente deveria "peitar" a relevante e estridente ala da torcida que o reprova?
De minha parte, considero o Pitico um ótimo jogador e, de uma maneira um tanto heterodoxa, acho que a experiência no Flamengo, incluindo a infelicidade no lance do gol do Deyverson, acabou fazendo-o crescer como atleta e amadurecer como pessoa. Então, sob o ponto de vista técnico, acho que, naquela época, o investimento poderia ser discutido, muito embora o custo x benefício, pelos valores envolvidos, fosse um tanto questionável.
Por outro lado, quando chega o momento de responder ao terceiro questionamento, concluo que a resposta deve ser negativa. A emoção da torcida é força motriz da indústria do futebol e não faz sentido nenhum investir no sentimento negativo da (intensa) rejeição por um jogador tecnicamente bom, porém simplesmente odiado por significativa parcela do seu público.
Todavia, o bicho pega quando o rival diretamente envolvido na causa do ódio rubro pretende investir pesado e contratar o mesmo atleta. O fato pega o torcedor rubro-negro anti-Pitico no contrapé, pois obriga-o a reconhecer o valor do atleta e que não seria bom o rival se reforçar nesse patamar, o que não tem sido feito nas temporadas anteriores.
No frigir dos ovos, os valores (para mim, proibitivos) talvez façam com que a suposta proposta formalizada não seja nem mesmo minimamente factível, mas certamente já serve para movimentar o noticiário e também para nos dar a oportunidade de refletir sobre nossas emoções de torcedor.
E para finalizar, aproveitando o ensejo, peço que façam um ranking entre Lucas Paquetá, Gérson e Andreas Pereira, três jogadores que possuem características em comum e, portanto, em tese disputam o mesmo espaço na Seleção Brasileira.
Sem pipocar, mando logo a minha avalição: em primeiro lugar, isolado, Lucas Paquetá supera os rivais e há empate técnico entre Gérson e Andreas na segunda posição. O Coringa é melhor no setor defensivo e o Pitico mais decisivo do meio para frente, inclusive por conta das cobranças de falta.
Mas se pensarmos apenas em Flamengo, Lucas Paquetá continua na liderança isolada e o Coringa supera o Pitico na segunda posição. A liderança e a identificação com o clube (é torcedor autêntico) são fatores decisivos. Não falam tanto, hoje em dia, em socioafetividade no futebol? Pois nessa comparação (ambiente Flamengo) o critério seria decisivo.
O importante é que estou aqui e tantas emoções eu vivi e sigo vivendo, na seleta companhia de vocês.
A palavra está com vocês.
Bom FDS e SRN a tod@s.