Salve, Buteco! Vou começar o Esquenta de hoje com um texto do jornalista André Nunes Rocha (@anunesrocha) publicado no S1 LIVE (@s1_live) na data de ontem (1/11/2024):
Domingo (3/11) começa a decisão da Copa do Brasil para Flamengo e Atlético Mineiro. Ida no Maracanã.
A competição que os rubro-negros priorizaram em detrimento do Brasileiro. A escalação de reservas contra o São Paulo pensando na volta das oitavas contra o Palmeiras, sendo líder nos pontos corridos, foi o maior símbolo desta escolha.
É a taça menos importante do segundo semestre, apesar da alta premiação e da hipervalorização do mata-mata por boa parte dos torcedores no país.
Mas o contexto pode transformar a possível conquista em um grande feito do Flamengo.
O Galo é finalista da Libertadores e decide a Copa do Brasil em casa. Apesar das ausências de Fausto Vera e Deyverson, que já jogaram por Corinthians e Cuiabá, respectivamente, o elenco disponível para o treinador Gabriel Milito está bem mais completo que o do rival.
Além dos lesionados Pedro, Cebolinha, Luiz Araújo, Viña e De La Cruz, Filipe Luís não terá os suspensos Pulgar e Bruno Henrique na primeira partida.
Uma provável formação é: Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Alex Sandro; Léo Ortiz e Evertton Araújo; Gerson, Arrascaeta e Michael; Gabriel Barbosa. Pode ser competitiva, sim, mas são muitas baixas para um duelo tão grande. Ainda mais precisando construir a vantagem em casa.
Por tudo isso o Atlético é favorito no confronto. Cabe ao Flamengo superar as adversidades em busca do pentacampeonato.
Bem na linha do que venho defendendo aqui no Blog, né? O Atlético chega à final da Copa do Brasil com um elenco bem mais inteiro e por isso reúne melhores condições para a partida, o que o torna, na teoria, o favorito, muito embora se trate de um clássico e de uma final.
As contusões que depenaram o elenco do Flamengo se originaram de um planejamento muito mal feito e também mal executado pelo Departamento de Futebol: tudo começou com uma Diretoria extremamente fragilizada implorando para Tite aceitar o convite para ser o terceiro treinador de 2023, com amplos poderes para planejar a temporada/2024 num formato "Manager e colegiado de treinadores".
Nesse formato, o experiente treinador era a figura central, porém ao seu redor orbitavam não mais simples auxiliares, mas verdadeiros treinadores a quem foram descentralizadas determinadas decisões. Não são poucos os que defendem que Tite aceitou o convite como uma preparação para encerrar sua vitoriosa carreira e, ao mesmo tempo, lançar no mercado de treinadores alguns desses auxiliares (inclusive seu filho). O recente anúncio do início da carreira de treinador pelo auxiliar Cléber Xavier reforça bastante essa teoria.
Bem, mas eu estava falando das contusões, certo? Pois então, inobstante esse formato "colegiado", em princípio, talvez transparecer um ambiente mais arejado, na prática o que se viu foi um engessamento em torno das ideias e das diretrizes definidas por Tite e sua comissão técnica. Lá estava, por exemplo, a pouca afinidade do experiente treinador com jogadores jovens, recém egressos da base do clube, marca histórica de sua longa carreira.
Também se mostrou presente a (igualmente histórica) pouca flexibilidade do treinador quanto a mudança de rumos na escalação e na formação tática, obcecado que é pelo conceito de controle. Ocorre que a vida é dinâmica e os cenários da realidade mudam em questão de dias, semanas ou meses. Mesmo com as contusões, o renitente treinador não rodou o elenco como devia, deixou a base de lado e o resto é História, infelizmente de pouquíssimas boas recordações.
Aqui temos um bom exemplo prático da falta que faz um diretor técnico e o problema que existe quando um diretor amador toma decisões personalistas e, ainda por cima, "terceiriza" para cada treinador (podem ser até 3 por temporada, como visto) toda a responsabilidade pelo setor.
Vocês devem estar se perguntando o que isso tem a ver com a decisão que começa amanhã e com o nosso atual treinador, Filipe Luís Kasmirski, o Fili.
Tudo, na minha opinião.
Fili lida com essa "herança maldita" e tem que tirar leite de pedra. Esse é justamente o cenário que faz com que seu adversário, Gabriel Milito, chegue com um elenco e muito melhores condições para a final.
Percebam que as contusões no elenco do Flamengo parecem formar um círculo vicioso. Jogadores que não se contundem passam a ter maior minutagem até que seus organismos não aguentam e daí se contundem, e daí quem joga em seu lugar passa pelo mesmo processo até se contundir, em alguns casos repetidamente.
Portanto, o elenco disponível para Gabriel Milito não é apenas maior e dotado mais numeroso em nível de opções, como também, muito provavelmente, está muito mais preservado ou, dito por outras palavras, bem menos desgastado. Logo, o problema de Fili não está "apenas" no número de contusões e peças disponíveis, mas também no desgaste das que sobraram.
"Gustavo, então o Fili errou na quarta-feira ao fazer apenas duas substituções, certo?"
Pode parecer paradoxal, mas continuo entendendo que não.
O cobertor é curto e, como escrevi no post Só Eu Que Gostei?, entendo que o Internacional era um adversário "top", com a melhor campanha do returno (ao lado do Palmeiras) e a maior pontuação em 15 rodadas, além de que (acrescento agora) não poderia ultrapassar o Flamengo na tabela por via do confronto direto, eis que o desfecho da final da Copa do Brasil é incerto e nada garante que haverá G5 em vez de G4 para fins de classificação direta para a Fase de Grupos da Libertadores/2025.
"Mas o que isso tem a ver com as substituições? E o desgaste? O risco de mais contusões?"
"Jogo físico" foi a expressão eufêmica utilizada por Fili para dizer que seu banco de reservas, naquele momento, não dispunha de jogadores para dar conta do final de um dos jogos mais intensos da temporada e o risco de derrota, na avaliação do treinador, provavelmente era maior do que a previsível pressão que o Inter exerceu no final do jogo.
Quanto ao desgaste, parece-me claro que Fili está adotando a filosofia "Jorge Jesus" e tentando motivar os jogadores para atuar sempre no limite e em vários jogos seguidos. Contudo, como esse elenco correu por Tite como nunca correu para nenhum outro treinador depois do Mister, com as exceções de Renato e Dorival, e que Tite, como disse, não rodou o elenco como deveria, é intuitivo perguntar se outros fatores não diferenciam o trabalho atual do anterior entre as duas comissões técnicas nessa seara.
Arrisco dizer que um deles pode ser a noção de timing e dos jogos a serem "descartados" em contraponto aos que serão priorizados, contexto dentro do qual, talvez, a sequência Internacional e Atlético/MG tenha sido considerada prioritária e o confronto contra o Cruzeiro, tal qual ocorreu contra o Fluminense, esteja entre os "descartáveis", ou seja, aqueles nos quais o time não entra para perder, mas sabe que, se a derrota vier, ao menos ocorrerá no momento menos desfavorável possível.
Vale lembrar que não são poucos os que sustentam que o time do Tite "fazia um enorme esforço para jogar". E convenhamos, faz todo o sentido, já que, até mesmo em seus melhores momentos (existiram, muito embora não na frequência devida), o time parecia "jogar de calça jeans". Amarrado, cinza, descolorido, desvitalizado. O time de Fili joga muito mais solto e bem mais à vontade.
Outro fator muito importante, nessa equação, é o maior espaço no calendário, provocado pela eliminação na Libertadores, dando ao treinador e sua comissão técnica mais tempo para trabalhar o time, tanto no plano tático/técnico, quanto no da regeneração/preparação física, à semelhança do que ocorreu com o Mister em 2019, em relação à Copa do Brasil. Fili provavelmente está tomando suas decisões com base nos dados que tem em mãos e, diante deles, concluiu que poderia "esticar a corda" na sequência Inter e Galo.
Seja como for, e voltando ao jogo da última quarta-feira, não acho que a evidente inexperiência do Fili como treinador tenha qualquer relação com as decisões que tomou. Vejo-as, ao contrário, como decisões conscientes, verdadeiras escolhas diante do difícil cenário que se apresentava.
Pensar fora da caixa, do lugar-comum, não é sinônimo de experiência, mas de ousadia e personalidade.
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A escalação tratada como uma das alternativas possíveis para domingo na transcrição que iniciou o texto de hoje é, como visto, Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Alex Sandro; Léo Ortiz e Evertton Araújo; Gerson, Arrascaeta e Michael; Gabriel Barbosa.
A improvisação de Léo Ortiz no meio de campo é polêmica, dada a exuberante qualidade do zagueiro em sua posição original. Acrescento que considero igualmente polêmica a sua escalação na quarta-zaga para Fabrício Bruno jogar pela direita, tal como ocorrido no jogo contra o Inter no Beira-Rio.
Outra possível escalação seria Rossi; Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Evertton Araújo e Gérson; Michael, Alcaraz e Arrascaeta; Gabriel Barbosa (Gonzalo Plata).
O problema da escalação de Alcaraz e Plata desde o início seria a diminuição das já escassas opções para mudar oxigenar o time sem perda de volume de jogo no segundo tempo. É que, como Lorran tem sido pouco utilizado, apenas Matheus Gonçalves e o irreconhecível Gabigol estariam disponíveis.
Desse modo, talvez o André Nunes Rocha tenha acertado na previsão da escalação. Ainda assim, prefiro a última alternativa, que representaria, na minha opinião, a formação mais competitiva disponível.
Teremos a resposta amanhã.
Aproveitando o ensejo, qual time vocês mandariam a campo?
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O GE Galináceo, nesta matéria, arrisca a seguinte formação do nosso adversário:
Everson; Lyanco, Battaglia e Alonso; Scarpa, Otávio, Alan Franco, Arana (Zaracho) e Rubens (Arana); Paulinho e Hulk.
Acho bastante improvável que o Milito opte por Rubens em vez de Arana, que inclusive esteve em campo no Munumental de Nuñez, contra o River Plate, na última terça-feira.
Quanto a Zaracho eu já tenho dúvidas, já que a falta de ritmo de jogo pode pesar na decisão do treinador argentino, e daí sim opte por Rubens, com Arana passando para o meio campo.
Arriscam algum palpite?
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A palavra está com vocês.
Bom FDS e SRN a tod@s.