segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Brisa, a Sequência e Algumas Conjecturas

 

Salve, Buteco! Segundo o FlaEstatística, desde 19 de dezembro de 1927, Flamengo e Athletico/PR já se enfrentaram 82 vezes, com 35 vitórias do Mais Querido, 18 empates e 29 vitórias da "Brisa". Esmiuçando esses números no recorte de jogos oficiais, o site OGol traz números um pouco mais "apertados", com 30 vitórias flamengas contra 27 vitórias bafejas, além de 18 empates em um total de 75 jogos.

Por seu fraco histórico nos confrontos disputados em Curitiba, o Flamengo leva desvantagem no retrospecto pelo Campeonato Brasileiro (20v, 11e e 24d), porém os números se invertem a nosso favor nas competições eliminatórias. Especificamente pela Copa do Brasil, competição que marcará os próximos dois confrontos entre as duas equipes, até aqui foram disputadas 10 partidas, com 4 vitórias do Mais Querido, 5 empates e apenas 1 vitória "pathetica".

Os números recentes, porém, têm suas sutilezas, que precisam ser lidas nas entrelinhas dos meros registros estatísticos. A partir de 2019, quando a Brisa de Tiago Nunes eliminou o histórico Flamengo do Mister Jorge Jesus, as equipes vêm se revezando mutuamente entre as posições de classificado e eliminado, no total de quatro cruzamentos consecutivos em todas as edições da Copa do Brasil disputadas desde então.

Este quinto confronto, portanto, será uma espécie de "negra", a qual certamente deixará um dos dois em vantagem no recorte dos cinco cruzamentos consecutivos. Para a Nação Rubro-Negra, um detalhe não pode passar desapercebido: nos quatro confrontos disputados no Maracanã nesse recorte, o Flamengo só venceu uma vez, empatando duas e perdendo outra. Quando venceu, obteve a classificação (2020); quando empatou, foi eliminado uma vez (2019) e se classificou em outra (2022), e quando perdeu foi eliminado (2021).

Não me confundam com o Luxa, que ultimamente anda soltando umas obviedades acacianas, mas vencer na quarta-feira já será metade do caminho para a classificação (rs). 

Só que é preciso atentar para um importante detalhe da atual versão do Athletico Paranaense: a virada contra o Botafogo, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, e o empate após estar perdendo por 0x2, ontem, contra o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, confirmam uma tendência mostrada contra o próprio Flamengo na 4ª Rodada do Campeonato Brasileiro: como mandante, a Brisa se transforma em Furacão na Arena da Baixada, exibindo grande poder de recuperação nas etapas finais das partidas.

Portanto, não basta simplesmente ganhar quarta-feira, contrariando a tendência predominante dos quatro últimos cruzamentos; o Flamengo também precisará melhorar um bocado a performance de 2023 como visitante para obter a classificação.

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O trabalho de Jorge Sampaoli no Flamengo, até aqui, ainda não exibiu a qualidade típica das equipes que treinou em sua carreira. Acredito que ninguém discordará que, dado o contexto de "terra arrasada" que o argentino encontrou, a evolução vem sendo satisfatória e não é nenhum absurdo esperar que o time continue em curva ascendente.

Nessa trilha, o Careca precisará fazer o time ceder menos finalizações aos adversários e ainda tomar melhores decisões durante a construção no terço final do campo. Mais equilíbrio e ainda mais contundência, portanto.

Vejo traços positivos entre os trabalhos dos "Jorges" Jesus e Sampaoli, e adianto que tem muito pouco a ver com tática e ideias de jogo. Trata-se do grau de exigência, ponderado com uma boa dose de compreensão do contexto do futebol brasileiro.

Sampaoli se aproxima de Jesus pela paixão pelo Flamengo e por sua torcida, e também por conta da admiração confessa pelo futebol brasileiro. No caso do argentino, há quem diga que seus imóveis no Rio de Janeiro indicam uma ideia de inclusive se fixar na cidade.

Mas como acabei de afirmar, ainda falta muito para que o futebol do Flamengo Careca possa ser apontado como de "classe A" ou "top". Ao mesmo tempo, o simples fato de ser o primeiro treinador, desde o Mister, a levar o Campeonato Brasileiro tão a sério quanto as copas já me deixa um bocado esperançoso para que tenhamos um segundo semestre vitorioso.

Em tempo, um esclarecimento importante: não vejo o campeão brasileiro Rogério Ceni como exemplo no quesito "três competições simultâneas e valorização do Brasileiro", pois a arrancada para o título de 2020 somente ocorreu após a eliminação na Copa do Brasil (São Paulo) e na Libertadores (Racing).

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Para que os nossos sonhos se tornem realidade, dando razão à nossa esperança, o Flamengo precisará de paz. Ocorre que o cabo de guerra entre Diretoria/Comissão Técnica e o elenco parece não ter fim.

Perdoem-me os rubro-negros que criticaram o vice-presidente de futebol Marcos Braz, dando razão a Gabriel Barbosa no atrito ocorrido no intervalo do jogo de sábado, relatado minuciosamente pelos jornalistas Cahe Mota e Letícia Marques nesta matéria, publicada ontem à tarde, mas acho que houve alguma precipitação.

A precariedade do gramado do Maracanã é um problema tão antigo, quanto notório, mas apenas quem não acompanha diariamente o futebol do Flamengo ou teve um lapso recente de memória acredita que seja Marcos Braz o dirigente responsável por decidir quanto o clube gasta com esse assunto, tratado internamente sob o enfoque financeiro (despesa x investimento), o que remete tão-somente ao presidente Rodolfo Landim e ao vice-presidente de finanças Rodrigo Tostes.

O próprio Gabriel Barbosa, em 2020, ainda no primeiro tempo da goleada sobre o Independiente Del Valle pela Libertadores, foi vítima do problema, antes mesmo de Bruno Henrique, ano passado. E convenhamos, não faz sentido imaginar que o nosso camisa 10 desconheça a estrutura política interna do clube, ainda mais os meandros que envolvem esse assunto. Tampouco é crível que o tema tenha subitamente se transformado em um "big issue" para o nosso artilheiro, causando tão inflamada discussão. O que falar, então, da questiúncula do exame antidoping?

Por mais que se possa afirmar, com justiça, que a Diretoria está colhendo o que semeou, pelo estilo de gestão de futebol Marcos Braz, e por mais que existam inúmeros motivos para achar que o ciclo do vice-presidente de futebol já deveria terminado, também é verdade que Gabriel Barbosa cometeu um grave ato de indisciplina.

Vou ainda mais além: o atrito, ocorrido exatamente no mesmo dia em que o Al-Hilal anunciou Jorge Jesus como seu novo treinador, acendeu todos os meus alertas para teorias conspiratórias. Refiro-me ao mesmo Al-Hilal, aquele dos Mundiais de 2019 e 2022 (disputado em 2023), e que estará no Mundial de Clubes de 2023, no final do ano, pelo critério técnico ou como anfitrião. Consta inclusive que os sauditas já fizeram uma proposta ao Fenerbahçe por Willian Arão... Tudo isso há dias de se abrir a principal janela de transferências internacionais no mundo do futebol...

Estão ligando os pontos?

Recentemente, em entrevista concedida ao "Podcast & Faixa", de Diego Ribas, Gabriel declarou:

– Quero ficar bastante tempo no Flamengo, se possível. Mas, eu estou falando hoje. É o que eu quero hoje. Mas, se chegar um dia em que a sintonia não estiver batendo com a torcida, com o time, com as pessoas que estão lá, eu não tenho problema em mudar. Às vezes, a torcida dá uma viajada. Gosto muito de estar no Flamengo, amo, me identifico com a torcida, me vejo neles, mas se chegar um momento em que eles estiverem passando dos limites, eu não vejo problemas em mudar. Mas, é algo que eu amo muito, espero ficar muito tempo, tomara que eu consiga ficar até os 35 anos e me aposentar no Flamengo.

Ah, Gabriel, quem não te conhece, que te compre... (literalmente)

O gramado parece ser apenas um pretexto para quem quer brigar. Aliás, um certo alguém que anda há um bom tempo de nariz torcido, vem jogando muito pouca bola em 2023, e ainda não teve o contrato renovado, o qual, por enquanto, (ainda) tem estipulado como termo final o mês de dezembro/2024.

Como já indica o título do post de hoje, trata-se de meras conjecturas. Não dá para afirmar que seja um desejo de transferência (para o Mundo Árabe ou outro mercado) e pode muito bem ter sido apenas uma briga mesmo. Por outro lado, não sei quanto a vocês, mas eu não sou do tipo que acredita facilmente em coincidências. No mínimo, todas essas apontadas, estranhas e aparentes, permitem que se coloque as barbas de molho, especialmente quanto a esse contrato não renovado.

Em meio a todo esse Imbróglio (novamente essa palavra), eu tomaria uma atitude com prioridade: renovaria imediatamente o contrato do Bruno Henrique.

Olho vivo e faro fino. O futebol não é um ambiente de virgens vestais, é sempre bom lembrar.

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A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.