segunda-feira, 6 de março de 2023

Comecem a Rezar

Salve, Buteco! Como vocês sabem, acredito na "causa desestruturante" como fator principal para essa desastrosa sequência de resultados. Férias estendidas + pré-temporada curta e seccionada causando os problemas físicos, que se somaram à perda de duas peças "físicas" do time principal e ainda a uma profunda mudança de metodologia e sistema de jogo, detestada pelo elenco, decepcionado pela saída de Dorival Júnior, tudo isso levando à formação de uma equipe rombuda, sem qualquer objetividade, fraca na marcação e ainda sem qualquer resquício de intensidade. 

Acredito que a maior parte desse contexto "desestruturante" não pode ser imputado a Vítor Pereira, o qual, porém, em momento algum demonstrou a menor condição para superá-lo e fazer o time reagir. 45 minutos razoáveis não vão me convencer do contrário.

Não se cuida de incompetência, muito pelo contrário; seu currículo é notório e sua reputação o precede de maneira justa. Ocorre que é mais do que evidente que o time não acredita no trabalho do treinador, que tampouco demonstra possuir a verve necessária para reverter esse cenário.

É o próprio Vítor Pereira que se autodefine como uma pessoa "pouco afetiva", sendo justo afirmar que não é do seu perfil investir tempo e trabalho na preparação anímica e motivacional do time. Contudo, nosso treinador trabalha no Brasil e simplesmente nenhuma equipe se cria no futebol nacional sem que esse elemento componha o trabalho do treinador como um de seus fatores estruturantes.

Seja no formato família, seja por uma liderança forte, é raro e incomum um time vencer no país com um perfil "puramente europeu" - frio e com relações distantes entre treinador e jogadores. O Flamengo não é diferente. É uma questão cultural.

A essa altura, até mesmo os mais teimosos (como eu), que torceram além do limite por seu sucesso, precisam reconhecer que acabou e o time não reagirá sob o comando de Vítor Pereira.

***

Não tenho ideia do que fazer e nem tampouco tenho nomes a indicar. Coerente com a "teoria da desestruturação", acredito que qualquer treinador que venha a suceder o "morto-vivo" Vítor Pereira sofrerá com o mesmo contexto, que inclui um grupo de jogadores idiossincráticos e em boa parte decadentes.

No momento, sem reforços à vista no horizonte, para além da competência e da capacidade, requisitos naturais para qualquer treinador do Flamengo, será necessário buscar uma liderança forte e que tenha coragem de buscar no elenco, e em alguns jogadores (vindos) da base, as peças necessárias para rejuvenescer e iniciar a inadiável reformulação do time.

Mais adiante, será preciso cortar na carne, ainda que venha a doer. Boa parte desse elenco já está fazendo hora extra no clube. 

Contudo, não faz nenhum sentido esse processo ser conduzido pelo atual vice-presidente de futebol, cujo afastamento é mais do que improvável, como recentemente declarou o próprio presidente.

É profunda a crise na qual o Flamengo mergulhou.

Comecem a rezar.

***

A palavra está com vocês.

Boa semana e SRN a tod@s.