sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

Com a derrota para o time misto do Al-Hilal, seguem perguntas aleatórias.

1 – Após a conquista da Libertadores, o elenco do Flamengo se “autoconcedeu” férias, abandonando o Brasileiro, o que fez com que a equipe perdesse jogos para adversários inexpressivos e protagonizasse alguns vexames, mesmo diante da torcida. Como “punição”, o plantel recebeu gorda extensão no período de férias, mantendo-se inativo entre 13 de novembro e 27 de dezembro. Nos dois jogos relevantes da temporada, até aqui, foi visível que um dos fatores mais importantes para o fracasso da equipe decorreu da inadequada condição física dos jogadores. Essa excessiva “flexibilização” no trato do elenco é compatível com o que se requer de um clube que se pretende hegemônico ou, no mínimo, o principal protagonista do futebol brasileiro e continental?

2 – Desde que Jorge Jesus decidiu romper o contrato que havia assinado dias antes, tem sido recorrente acompanhar episódios de incompatibilidade entre os treinadores à frente do time de futebol e o elenco. Aconteceu com Domenèc Torrent (“aulas”), Rogério Ceni (que tirou da carteira uma “solução tática”, afagando o vestiário, o que lhe deu sobrevida e títulos), Paulo Sousa (absoluta referência negativa no quesito) e até mesmo Renato Gaúcho (com os relatos de jogadores “impressionados” com sua limitação tática). Estendendo a questão, pergunta-se: quando um treinador do Flamengo voltará a conseguir emplacar mais de seis meses no cargo?

3 – O grande mérito de Dorival Júnior, em sua recente passagem, foi formatar um esquema que, apesar de obsoleto, proporcionou uma simplicidade de execução que fez com que as individualidades do time pudessem ser o diferencial. Uma solução que, como se viu, tinha prazo de validade curto, haja vista as atuações já opacas da equipe no final da temporada. Nesse sentido, a contratação de Vitor Pereira, aproveitando uma “oportunidade de mercado” (tal como com Jorge Jesus), aparentemente traz um upgrade. No entanto, a dificuldade de fazer o time funcionar traz outro questionamento: o clube em algum momento entendeu que a visão de jogo trazida pelo novo treinador poderia requerer a vinda de novas peças? Ou o trabalho do treinador precisa se adequar ao cashflow imposto por uma Diretoria que só faz suas principais contratações, quando as faz, no meio do ano?

4 – O time titular do Flamengo é praticamente todo formado por jogadores contratados entre 2019 e 2020, momentos em que o clube realizou grande investimento para a montagem de um plantel de primeira linha. Outro titular, David Luiz, é um dos poucos jogadores trazidos dentro dessa filosofia a partir de 2021, em que a tônica foi, com poucas exceções, a vinda de atletas “baratos”, dentro de uma “oportunidade de mercado”, ou mesmo desconhecidos indicados por agentes que mantêm boa relação com a Diretoria. Mas, tendo em vista que o time titular está envelhecendo e mostrando cada vez mais dificuldade de atuar com a intensidade e o vigor físico que se requer no futebol de hoje (David Luiz, Filipe Luís, Everton Ribeiro, Arrascaeta, que mesmo jovem vive às voltas com problemas físicos, Bruno Henrique), pergunta-se: passados os efeitos da pandemia (justificativa pertinente), como será o Flamengo de 2024, 2025? Investiremos forte em jogadores acostumados aos grandes palcos e a fazerem a diferença? Ou manteremos a sistemática de procurar nomes com “potencial valor de mercado”, capazes de gerar “retorno financeiro”, “jovens, baratos e com capacidade de rentabilização futura”? Podemos sonhar em seguir ganhando títulos expressivos? Ou passaremos a nos gabar de ter batido metas orçamentárias em janeiro? Trazer craque será compatível com o EBITDA?

5 – Na Final da Copa do Brasil, o Flamengo padeceu com a arbitragem de Wilton Pereira Sampaio, que inverteu faltas, escanteios e impedimentos. Recentemente, sob o mesmo árbitro, perdeu a Supercopa graças à validação de um gol em que um jogador impedido atrapalhou o goleiro. Terça passada, viu-se uma arbitragem condicionar, de maneira antológica, o andamento de um jogo, carregando apenas o Flamengo com cartões e ignorando toda e qualquer jogada truculenta do adversário, além de marcar, em parceria com um VAR que escrutinava todo lance na nossa área, um pênalti discutível e, de maneira inexplicável, expulsar o Gerson. Mesmo no Estadual, quando o rubro-negro enfrentou o Madureira, equipe que nutre fortes laços com a FERJ, viu-se um jogo picotado, truncado e com a cera adversária estimulada por um árbitro que não demonstrou o menor pudor em “jogar junto” com os suburbanos. O Flamengo banana é coisa do passado?

Boa semana a todos.