sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos.

A um jogo do término da temporada, é hora de começar a pensar no ano que vem, em que o Flamengo estará envolvido na disputa de um bom número de títulos, a começar pelos primeiros meses. Então, nada mais natural do que rabiscar avaliações sobre o desempenho e as perspectivas dos principais jogadores do elenco profissional. Importante frisar que os últimos “amistosos”, de desempenho muito abaixo do desejável e aceitável, não foram levados em consideração.

ELENCO FLAMENGO 2022 – UMA BREVE AVALIAÇÃO

SANTOS – Um dos destaques positivos do ano, chegou em contexto de forte pressão, como solução para um problema crônico. Adaptou-se rapidamente, com atuações seguras, sólidas e discretas, não se abalando com eventuais falhas. Precisa melhorar desempenho em pênaltis (em que era bom no clube anterior). Ideal é que siga prestigiado como nome-chave.

DIEGO ALVES – Trajetória no Flamengo se encerrará no fim do ano, em movimento que chega com doze meses de atraso. Em 2022 pouco jogou, envolvido em lesões controversas e atritos com a comissão técnica de Paulo Sousa. Quando esteve em campo, cometeu falhas rumorosas. Deve ser enaltecido por sua vitoriosa passagem, cujos problemas em seu final poderiam ter sido evitados se a Diretoria fosse menos paternalista.

HUGO – Na terceira temporada como profissional (a segunda completa), recebeu a chance de ser efetivado como titular, e seguiu cometendo falhas grosseiras, que custaram pontos importantes em distintas competições. Inseguro e sensível a críticas, em nenhum momento demonstrou capacidade de sequer permanecer no elenco de um clube como o Flamengo, o que fez inclusive que Santos fosse utilizado além do limite que o bom senso recomendava. Melhor solução é que seja negociado (em definitivo) para que reconstrua sua carreira.

MATHEUS CUNHA – Recebeu algumas oportunidades nos primeiros jogos do Estadual, em que não comprometeu, fazendo até boas defesas. Precisa ganhar rodagem em mais partidas pelo Carioca-2023, até para que se avalie de forma mais consistente se reúne condições de integrar o elenco.

DAVID LUIZ – Contestado e um tanto estigmatizado pelo 7-1, seu início repleto de lesões e derrotas em finais não ajudou muito. No entanto, cresceu e consolidou sua referência técnica sob Dorival, tornando-se pilar importante de um sistema defensivo que se mostrou sólido. Também é um líder com forte ascendência positiva. A provável renovação de seu contrato aparece, portanto, como uma boa notícia.

LEO PEREIRA – Uma das maiores surpresas (boas) de 2022, ganhou muita confiança com as chegadas de Dorival Jr e de Santos (antigo colega no clube anterior). Acumulou bons jogos, anulou atacantes de renome e seu notório bom passe foi arma explorada pelo time (com direito a assistência em Semifinal de Libertadores). Léo Pereira termina o ano como titular e estabelecendo um incomum caso de “ressurreição” dentro do Flamengo.

PABLO – Zagueiro de perfil distinto dos demais, por seu jogo mais físico e menos apto à saída e circulação da bola, encontrou algumas dificuldades no início (padeceu com lesão, também), mas em partidas mais recentes mostrou-se seguro e eficiente em momentos em que o time precisou abaixar a linha e foi pressionado. Muito bom rebatedor de bolas, oferece uma alternativa importante no plantel de zagueiros.

FABRICIO BRUNO – A despeito de seu porte físico imponente, é um zagueiro veloz (não rápido), que maneja bem a posse de bola, com passe razoável/bom. Sofreu lesão séria quando vinha crescendo, mas recuperou-se bem. No entanto, apresentou certo declínio nos jogos finais, o que pode decorrer de desgaste. Mas mostrou qualidade e se revelou uma boa contratação em um setor que iniciou o ano com problemas.

RODRIGO CAIO – 2022 foi uma temporada a ser esquecida por um dos heróis de 2019. Praticamente não jogou por conta de lesões, o que traz sólidos questionamentos sobre sua capacidade de voltar a atuar em alto nível. Essa temporada será decisiva nesse aspecto, demandando do Flamengo uma abordagem racional, ainda que respeitosa, nesse caso.

CLAITON – Além dos jogos do Estadual, recebeu alguma minutagem com Paulo Sousa, mostrando voluntarismo, disposição, alguma velocidade e não muita técnica. Parece pouco para figurar no clube. A ver como evolui esse ano.

RODINEI – Em outro inesperado “plot-twist”, saiu da condição de jogador fora dos planos (só ficou no clube no início do ano por falta de interessados) para uma peça-chave no esquema de Dorival Jr. “El Avión” parece viver o melhor momento da carreira, e chama a atenção o fato de ter mostrado bom futebol em duas das três últimas temporadas. No entanto, a subsequente valorização parece ter gerado suposta pretensão contratual que o elevaria a um status incompatível com o nível de seu futebol (mesmo o atual). Mais um caso para agir com a razão.

MATHEUZINHO – Em sua terceira temporada no elenco, parece ter estagnado. Segue apresentando sérios problemas defensivos (é driblado com facilidade e se posiciona mal, por exemplo), e é inconstante no apoio, embora até se projete bem. Também irrita com erros grosseiros de passe que podem inclusive gerar problemas atrás. Tem sido testado em outras posições. A saída de Rodinei deverá mantê-lo no elenco, como um importante elo fraco do time alternativo. Mais adequado seria negociá-lo.

VARELA – Jogador com experiência internacional, terá a oportunidade de se firmar na equipe. Apareceu pouco em 2022, mas agradou na vitória contra o Atlético-MG pelo Brasileiro. Possui perfil defensivo, algo não apreciado em laterais pela torcida do Flamengo. De qualquer forma, precisa e deverá ser mais utilizado esse ano.

FILIPE LUÍS – Parte para aquela que provavelmente será sua última temporada no Flamengo. Em 2022 ainda apresentou algumas atuações tecnicamente exuberantes, mas suas limitações físicas seguiram mantendo padrão crescente. Por reunir técnica e visão tática diferenciadas, ainda pode ser bastante útil, desde que utilizado com sabedoria, o que inclui a necessidade de preparar a transição para o iminente final do seu ciclo.

AYRTON LUCAS – Começou muito mal, mostrando evidentes limitações defensivas, especialmente de posicionamento. Foi evoluindo e termina a temporada como importante arma ofensiva, evidenciada por sua atuação em Guayaquil e em outros jogos. Mesmo os problemas atrás foram minimizados a um nível aceitável. Vale a pena investir, desde que a um preço menos agressivo que o estipulado. Possui potencial inclusive para ser titular, principalmente se Varela for fixado do lado direito.

MARCOS PAULO – Foi testado no Estadual e na Copa do Brasil contra o Altos-PI, jogos de pouca exigência técnica, e se saiu bem. No entanto, a atuação desastrosa quando entrou contra o Ceará em Fortaleza, em que, nervoso, errou tudo e comprometeu, fez que voltasse algumas casas. Mais um que precisa ser testado para avaliar se pode ficar no elenco, ainda mais numa posição chave onde haverá, em breve, reformulação.

JOÃO GOMES – Consolidou-se como titular e xodó da torcida, praticando um jogo físico, de muito voluntarismo e capacidade de desarme. No entanto, suas limitações no passe vertical e na circulação rápida da bola mostraram-se relevantes em alguns jogos importantes e/ou decisivos. É um jogador de muita entrega, que funciona melhor quando no limite ou próximo a isso. Parece no momento ideal para ser negociado, tendo em vista a idade e a valorização conseguida esse ano. Se sair, até deixará saudade, mas abrirá oportunidade para a vinda/efetivação de um volante mais completo, agregando-se valor ao time titular.

THIAGO MAIA – A exemplo de outros, conseguiu se recuperar em 2022, voltando a praticar um futebol de alto nível, especialmente após a chegada de Dorival. Volante de marcação forte, boa ocupação de espaços e passe/chegada razoável, embora ainda insuficiente para o que se quer de um jogador moderno, seguirá importante no papel defensivo, especialmente se João Gomes sair. A depender das contratações da janela, seguirá titular.

ERICK PULGAR – As controvérsias da época da contratação parecem esquecidas. Erick, como prefere ser chamado, atuou em poucos jogos, mas já mostrou qualidades como bom passe, ocupação de espaços (em que é bem superior a Andreas Pereira, por exemplo) e capacidade de interceptação, características que fazem lembrar um pouco Willian Arão. Deve ser mais utilizado em 2023 e ganhar espaço, podendo até brigar pela titularidade. A ver como evolui.

VIDAL – Desde a estreia impressionou pela exuberância de sua técnica e destreza nos passes e na circulação da bola, variando o ritmo conforme a necessidade. No entanto, as limitações físicas tornaram evidentes problemas na cobertura de espaços sem a bola. Nos últimos jogos, chegou a se arrastar em campo. Talvez com uma pré-temporada isso seja minimizado. De qualquer forma, parece ser jogador para ser utilizado com parcimônia, em função da idade elevada.

DIEGO – Mais um jogador que há tempo faz hora extra. Em 2022 jamais conseguiu ser realmente útil em campo, normalmente se mostrando o elo fraco da equipe quando escalado com inexplicável insistência por Paulo Sousa e, principalmente, Dorival Jr. Atuações fracas, com alguns momentos em que mostrou constrangedora incapacidade de acompanhar o ritmo de uma partida profissional, além de enervantes falhas que redundaram em gols adversários (algo que vem desde 2021), tornaram inviável pensar em alongar ainda mais sua carreira. Sua trajetória no Flamengo foi marcante, mas Diego sai com uma acre sensação de que vai tarde.

ÉVERTON RIBEIRO – Começou o ano sendo bizarramente escalado como ala pela esquerda. Não tinha como dar certo, e seu desempenho opaco suscitou especulações sobre uma eventual saída no meio do ano. Felizmente ficou, e acabou reinventado por Dorival, que o colocou circulando pelo meio e o tornou o cérebro da equipe, articulando de forma cintilante as ações ofensivas. Termina o ano talvez como o melhor e mais regular jogador do time, premiado com uma vaga para a Copa do Mundo. Mas, a um prazo relativamente curto, talvez seja o caso de se pensar em sua reposição, até por sua idade avançada e suas limitações físicas. De qualquer forma, tem sido reconfortante desfrutar o restinho de seu futebol em altíssimo nível.

VICTOR HUGO – Uma das revelações do ano, com gols, assistências e uma das mais espetaculares atuações individuais da temporada, no recital que protagonizou nos 4-1 contra o Atlético-GO. Sofreu com a oscilação natural da idade e com escalações fora de sua posição ideal (rende melhor mais perto do gol adversário), mas deixou saldo positivo e a impressão de que ainda poderá render e produzir em um nível muito bom. Até, claro, acabar sendo negociado.

DE ARRASCAETA – A despeito de ser o mais genial e contundente meia da equipe, segue padecendo com lesões e problemas físicos que minam seu desempenho. Esse ano não foi diferente, com o uruguaio chegando, pela terceira vez, à reta final da temporada jogando no sacrifício (algo que era recorrente em seu clube anterior, diga-se de passagem). Ainda é imprescindível no time titular, o que traz um problema, pois o Flamengo não consegue encontrar um substituto adequado, o que seria importante até para preservá-lo e assegurar que estaria sempre inteiro em campo. O que o tornaria ainda mais letal.

MATHEUS FRANÇA – Um ano de oscilações. Surgiu de forma discreta, depois se lesionou quando começava a crescer, voltou eclipsado pela escalação de Lázaro e passou a ganhar espaço após a venda do garoto ao futebol espanhol. Mesmo deslocado para a função de falso nove, mostrou qualidades e quantidade interessante de gols marcados. Alguns lampejos permitem perceber seu talento diferenciado. Se receber olhar mais atento, pode estourar em 2023, fazendo algum estrago antes da provável venda que, tudo correndo dentro do esperado, deverá ocorrer no meio do ano.

MARINHO – Após anos de “namoro”, enfim chegou ao Flamengo como alternativa de atacante de lado. Atrapalhado por Paulo Sousa, demorou a recuperar a confiança, mas mesmo sob Dorival não mostrou mais do que muita transpiração, vontade e nítida limitação técnica. Ao lado de Diego e Matheuzinho, é um dos jogadores com a maior capacidade de irritar, em função dos inúmeros erros que comete. Até fez alguns bons jogos, com gols e assistências, mas deixa a sensação de que o Flamengo é “muita areia” para ele. Já realizou seu sonho e do seu pai, ganhou títulos, e é, portanto, o momento de abrir espaço no elenco para alguém mais qualificado ou promissor.

ÉVERTON CEBOLINHA – Nos jogos iniciais causou o receio de que repetiria a passagem de Vitinho, mas recuperou-se na reta final. Mesmo ainda sem alcançar o futebol dos tempos de Grêmio, já consegue dar sequência em jogadas individuais e ser contundente, inclusive marcando gols. Deve ser importante em 2023.

GABIGOL – O (novamente) herói da Libertadores viveu temporada de altos e baixos. Muito criticado pelo extracampo no primeiro semestre, acalmou-se e passou a jogar mais para o grupo com a chegada de Dorival, abraçando o papel de segundo atacante. Foi premiado com o gol mais importante da temporada. Mas ainda precisa resolver seu crônico problema nas finalizações, pois perde gols incríveis que eventualmente fazem falta. Parece feliz no Flamengo, e assim deve seguir como ídolo e referência do elenco.

PEDRO – Enfim um desempenho de protagonista, empilhando gols, gols e mais gols, importantes, bonitos, numerosos, enfim, exercendo o papel de artilheiro devastador para o qual foi contratado. Mas não sem turbulências. A passagem de Paulo Sousa quase o tirou da Gávea e, gordo e desmotivado, precisou do carinho de Dorival e de certa ajuda do imponderável (lesão de Bruno Henrique) para enfim decolar. Agora na Copa e em alta, está muito valorizado e talvez receba propostas de fora. Se sair, fará muita falta e o Flamengo precisará repor ao mesmo nível e rápido, até pelas decisões do início do ano.

BRUNO HENRIQUE – Vinha fazendo uma temporada irregular, alternando boas partidas com exibições medíocres, algo já ocorrido em 2021. A grave lesão ocorrida no início do trabalho de Dorival abriu espaço para Pedro e pôs fim a algumas especulações sobre eventual saída no meio do ano. O nível que apresentará ao retornar é uma incógnita. Fala-se em deslocá-lo para o centro do ataque, ideia aventada por outros treinadores, o que traria alternativa para a reserva de Pedro (caso permaneça). Mas a história rubro-negra mostra que não costuma ser uma boa ideia manter medalhões como opção no banco. A conferir.

MATEUSÃO – Goleador na base, apareceu como opção contingencial em algumas partidas, onde deixou a impressão de, na melhor das hipóteses, ainda estar “verde”. Até se movimenta bem e participa dos jogos, mas apresenta evidentes dificuldades técnicas e de leitura dos lances. Outro que precisará ganhar minutagem no Estadual.

WERTON, MATHEUS GONÇALVES e OUTROS – Apareceram mais para pegar cancha e minutagem. A serem observados no Estadual.