segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A Temporada, o Profissionalismo e o Estilo de Gestão

 

Salve, Buteco! A turbulenta temporada de 2022 terminou para o Mais Querido do Brasil. Eis os números:

Jogos: 77

Vitórias: 46

Empates: 16

Derrotas: 15

Gols Marcados: 138

Gols Sofridos: 65

Títulos: Campeão da Copa do Brasil e da Copa Libertadores da América. 

Comparando com duas temporadas recentes, 2022 teve um jogo a mais do que 2019 e 10 a menos do que 2021. Os motivos são facilmente encontrados: 2021 teve que "absorver" jogos de 2020 por conta da pandemia de COVID-19; já 2022 precisou "espremer" uma temporária ordinária para o Flamengo de hoje em dia (avançando em todas as competições) por conta da Copa do Mundo no final do ano, uma exceção por conta da temporada europeia. Em razão disso, algumas datas do Estadual foram descartadas.

Não dá pra reclamar de dois títulos dessa magnitude, mas é preciso separar as coisas. O Flamengo não jogou bem a partir de agosto. Na minha opinião, a última exibição de gala aconteceu em Buenos Aires, no José Amalfitani, na goleada por 4x0 sobre o Vélez Sarsfield. A partir de então, o time titular venceu, mas com atuações abaixo do que tecnicamente poderia ter apresentado. 

Apontar esse fato não significa deixar de valorizar os títulos, mas olhar para frente e constatar que há problemas a serem urgentemente resolvidos, sob pena do início do ano (2023) trazer novamente turbulências.

Dorival Júnior vem sendo justamente cobrado pela queda de performance técnica do time. Já conversamos a respeito de fatores atenuantes da sua responsabilidade, como também sobre o seu teto e a altura do sarrafo de 2023.

Porém, acho que faltou falar do vice-presidente de futebol. Na minha opinião, o relaxamento do elenco após o título da Libertadores é fruto do perfil do dirigente, muito mais do que por qualquer limitação do treinador. Historicamente, faz concessões questionáveis para os atletas.

Por outro lado, seu sucesso é inegável. Digo mais, é outro personagem que escreveu seu nome com tinta indelével na História do Clube. Nenhum outro dirigente amador teve tanto sucesso e acredito que nenhum outro terá. Sua contribuição para vários títulos importantes é inegável. Há muito que desempenha funções dentro do Departamento de Futebol, crescendo de posição ao longo dos anos.

Copa Mercosul/1999. Onde está Wally?

Mas como eu ia dizendo (escrevendo), o estilo de gestão é a gênese das concessões. Não conheço clube grande no mundo inteiro que, depois de um título, tenha se desmobilizado como o Flamengo, a ponto de desconsiderar completamente compromissos oficiais e a massiva presença de torcedores nos estádios, sem contar a multidão que assiste às transmissões. 

É um problema pequeno perto de outros do próprio clube, enfrentados até mesmo nessa temporada. Mas é difícil encontrar um torcedor minimamente consciente que já não tenha se incomodado com alguns comportamentos de jogadores desse elenco. Boleiragem não é exclusividade rubro-negra, mas no nosso clube parece que toma proporções maiores do que em qualquer outro lugar. Pensando bem, não é de se estranhar...

O certo é que, quando da boleiragem escorrega, o primeiro a cair é sempre o treinador. Ou seja, em se tratando de Flamengo, na prática, se os jogadores não se fecharem novamente em torno de Dorival em 2023 e os títulos não vierem, os dirigentes que "brigaram" com Jorge Jesus, escolheram Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho e Paulo Sousa escolherão o sucessor do nosso simpático técnico atual. Dirigentes e jogadores, nesse cenário, continuarão com suas vidas dentro do clube.

Todavia, mesmo sabendo que é assim que as coisas usualmente acontecem no Flamengo e no futebol brasileiro, ainda assim acho bastante curioso como só se fala no treinador, pois profissionalismo que todo mundo pede só virá com uma profunda mudança de estilo e métodos de gestão.

Chegamos então ao xis da questão: na opinião de vocês, isso é possível com o perfil do atual vice-presidente de futebol? Acham possível que ele tenha autocrítica e possa tomar a iniciativa para essa mudança de rumo?

Não me parece que essas mudanças virão com Landim e Braz. Até o final da gestão, então, torceremos para que os resultados continuem a vir. 

A gente nunca pode prever o futuro com precisão e saber quando a vida nos obrigará a mudar. Quando esse dia chegar, o desafio será enorme. Até mesmo eu, que gostaria muito de ver essa mudança de estilo de gestão acontecer, reconheço que o passado e o perfil do dirigente se misturam com a História e a cultura do clube, como já frisei nesse texto.

Não se trata de julgar ninguém, mas saber que, por mais que se adie, esse momento chegará. Tomara que o Flamengo esteja preparado na competição com as SAFs e demais concorrentes.

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A palavra está com vocês.

Boa semana e SRN a tod@s.