quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Quase um ano depois

Flamengo começou a temporada do time titular. Enfrentando o Resende, com certa dificuldade esperável, mas vencendo bem, criando boas chances. Demorou um pouco para se engrenar ainda que a visualização da partida tenha sido prejudicada pelos seguranças que inviabilizaram transmissões de torcedores. Flamengo não se acertou com a Globo, que insiste no modelo "socialista" pro campeonato carioca embora não o pratique em seus próprios negócios envolvendo outras transmissoras. E com isto perdemos nós, torcedores, ao não vermos o Flamengo em campo e a estréia de tantos bons jogadores recém-contratados, além da volta dos ídolos de 2019. Não sei exatamente que valor o Flamengo quer chegar, mas talvez a Globo não queira ceder porque faria todo o modelo que paga para os diversos campeonatos regionais, desabar como um castelo de cartas. 

Enfim, com isto e até mesmo por fazer um ano, o Flamengo vê a maior tragédia de sua história sendo ressuscitada por jornalistas oportunistas e torcedores rivais, que encontraram neste fato uma âncora para seus recalques. A tragédia ocorreu. Um acidente. Flamengo não cuidou como deveria de seus jovens que foram carbonizados dentro de um container, que, se viu depois, inflamável. Não tinha monitores no ambiente, detectores de fumaça, treinamento, atenção ao fato que o ar condicionado em questão já tinha tido problemas pouco antes, enfim, um festival de erros que devem acontecer a rodo por aí, mas, felizmente, sem quaisquer fatalidades. Mas aconteceu no Flamengo. E a falta de atenção histórica de não cuidar de estar devidamente regularizado e atento as normas cobrou seu preço. E exatamente por isto cobram indenizações grandes. Não sei mensurar o valor monetário de um jovem simplesmente porque não tem preço para a família. Nem todo dinheiro do mundo paga a dor. Mas é preciso ter indenização. E o cálculo disso passa pelas letras frias da lei. O Flamengo paga um valor mensal às famílias e faz acordos judiciais para contemplá-las pelo que entende ser uma boa quantia e encerrar os casos. Outros famílias não entendem assim e, através de seus advogados, requerem quantias maiores. Direito delas, e para isto existe a Justiça. Para definir um valor final. 

Enquanto isto as investigações sobre as responsabilidades civis continuam em andamento. Os responsáveis pelas más decisões precisam ser culpabilizados. Sejam (ex-)dirigentes amadores ou (ex-)profissionais.

Teremos sempre que arrastar esta enorme tristeza conosco. Mas o Flamengo dispensar os jovens sobreviventes da tragédia, um ano depois, mostrou uma falta de compaixão e solidariedade em demasia.  Até porque suas performances em campo certamente foram atrapalhadas pelo enorme trauma.