quinta-feira, 11 de julho de 2019

Athetico PR 1 x 1 Flamengo. O jogo do Ricochete

No tapete sinthético do Paraná a bola corre como se o campo estive embebido em óleo. E os atleticanos tem isto como vantagem, pois acostumados a jogarem lá e o adversário não, conseguem imprimir um ritmo intenso em que eles conseguem efetuar passes em profundidade, a meia distância, exatamente onde querem. No pé ou no "ponto futuro". O adversário não. Cada passe vira um tiro de canhão, em que é difícil elaborar jogadas mais articuladas. Além disso conduzir a bola também é complicado. Ela tende a correr mais. O que dificulta "dribladores de corrida", caso do Bruno Henrique, por exemplo.

Tivemos então um primeiro tempo com poucas jogadas do Flamengo. Ataque não se achou. Cuellar parecia um cone no campo vendo a bola passar por ele, bater nele, sem conseguir esboçar reação. A defesa rebatia a todo momento o que fazia a bola ricochetear como se estivéssemos vendo um "futebol de 7" de alta intensidade. 

Flamengo em modo JJ não é um time que segura a bola. A obrigação é nem pensar, sair passando para frente, seja reto ou diagonal, e correr para esperar o próximo passe. O que, ao meu ver, dificulta o trabalho de jogadores mais "pensantes", como Arrascaeta, que saiu de campo do primeiro tempo sem talvez nem tocar na bola. Vitinho com extrema dificuldade de ser acompanhante de lateral e o Rodinei com sua histórica deficiência em se posicionar em cruzamento de adversário foram uma constante. Mas a linha alta (e bem treinada) praticada pelo Flamengo fez com que 3 gols do adversário fossem bem anulados por impedimento. Esta tática só é salutar com o advento do VAR. 

E veio o segundo tempo. Jesus consegue dar uma melhorada no time. Arrascaeta enfim ressurge em campo. Gabigol desperta de um longo sono. E jogadas começam a fluir. Bruno Henrique continuou devendo. Mas foi o Athetico que fez o primeiro gol. Em um cruzamento, Arão resvala de cabeça e a bola cai no Leo Pereira completamente livre de marcação. 

Jesus então, de forma ousada, tira o Cuellar. Que, francamente, não fazia qualquer diferença no jogo. E Vitinho, que também não teve boa atuação. Coloca Diego e Everton Ribeiro. E o Flamengo melhora. Everton Ribeiro dá aquela consistência que faltava na direita. Diego, se torna o segundo volante e Arão volta a ocupar a "primeira volância", o qual errou vários passes de transição.

Em uma jogada a la Abel de lançar lateral para a área, Renê acha Gabigol e este emenda para as redes. 1 a 1. Athetico se lança desesperadamente ao ataque e o Flamengo fica no mode "rebate". Sem conseguir respirar Jesus coloca Piris no lugar do Bruno Henrique e declara o falecimento do ataque do Flamengo no jogo. Mas conseguiu seu intento. Final deu empate. O que é um bom resultado lá.

Do que percebi é que ainda há uma grande dificuldade pelos jogadores de apreender o que quer Jesus. A transição meio de campo-ataque está falha. Bruno Henrique não sabe o que fazer. Talvez seja o caso até de substitui-lo por Vitinho. Arrascaeta ainda precisa se adaptar e Cuellar se mostrou perdido. Infelizmente Jesus mostra uma predileção preocupante por Arão. O que pode fazer talvez Cuellar perder posição para ele.

Espero que no jogo do Maracanã, sem o campo "oleoso", o Flamengo se encontre mais.