quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Sobre o pensamento positivo

Embora seja encarado como algo desejável e mesmo recomendável, há um enorme problema em relação ao pensamento positivo, que é a crença que as coisas decidirão a seu favor, apenas porque você pensa fortemente em relação ao resultado final desejado. Esta crença vem, muitas vezes, acompanhada de  fervor religioso em que o ser divino de suas elucubrações mentais praticamente fica obrigado a atender o objeto desta crença, sob a pena de ser objeto de frustração e mesmo repúdio, caso a graça não ocorra. Claro que, afinal de contas, mesmo que nada aconteça, a prática emocional e racional do crente de terceirizar o atendimento das vontades por um ente sobrenatural acaba  prevalecendo. É sua cultura. É sua dependência. Do que vem a inevitável conclusão que ele, enquanto ser humano, simplesmente é insuficiente para entender os desígnios do ente sobrenatural. Ocorre então o pedido de perdão, até porque precisa deste ente sobrenatural para atendimento de suas outras vontades.

E, no caso específico do Flamengo, tivemos na gestão anterior um exemplo de pensamento positivo limitador inócuo.  A crença que aprimorando a estrutura e processos, por si só, traria os títulos desejados. Esta gestão atual, ao menos, começou com um pensamento diferente no futebol. Pratica um foco forte na busca de títulos, o que faz desde a campanha, por sinal, o que basicamente garantiu sua eleição. A busca por um título é árdua, difícil e nada garantida. Porque há outros fortes competidores, e o futebol, muitas vezes, é decidido por lances fortuitos, arbitragens tendenciosas, e mesmo falta de inspiração dos jogadores e comissão técnica em momentos cruciais. Não é o pensamento positivo que trará resultados, é o foco acompanhado de trabalho duro em ambiente hostil. Porém, quando você conta com uma ótima estrutura, uma boa comissão técnica, e jogadores diferenciados, este trabalho é facilitado. 

Flamengo começou bem vencendo o torneio Disney enfrentando dois times europeus. Mostrou saber suportar pressão contra o Ajax, vencendo, inclusive uma disputa de pênaltis. E foi soberano na partida contra o Eintracht Frankfurt. Claro que é pouco para qualquer tipo de definição, mas é um sinal muito positivo. Fora isto temos o Abel com a determinação correta, ao meu ver, de seguir o benchmarking do Palmeiras mantendo dois times competitivos no elenco. Algo que se fala desde o ano passado e não eficientemente praticado, quando se adotou aqueles times mistos inócuos pois não entrosados. Vamos ver como será daí em diante em 2019.