segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Sinais

Salve, Buteco! Ontem, no Maracanã, foi aberta oficialmente a temporada/2019 para o Mais Querido do Brasil, já que a Flórida Cup é apenas um torneio amistoso, embora não falte quem dia que o Estadual, ou ao menos em seu início, não passe de uma pré-temporada. O certo é que, no calor escaldante do Maracanã, mesmo as 17:00h, o Bangu, primeiro adversário, começou com o pé no acelerador e logo se aproveitou do estado de sonolência do time para abrir o placar, após haver criado uma situação de gol. Tudo isso a pouco mais de dois minutos de jogo. Falha de Rodrigo Caio, que ocupava a quarta-zaga, ao permitir que Anderson Lessa se antecipasse e de cabeça mandasse a gorducha para as redes rubro-negras.

Como se houvesse sido despertado do sono das férias, o Flamengo partiu para cima e cerca de 10 (dez) minutos depois, em meio a forte pressão sobre a defesa banguense, durante a qual o goleiro Jefferson se destacou com ótimas defesas, conseguiu o empate em um lance de penalidade máxima convertida por Diego. O início da pressão se deu de forma desorganizada, com Arão no "modo peladeiro", jogando ao lado de Uribe no ataque, mas logo Abel tratou de reposicioná-lo como volante ou meia recuado. Como sempre, o posicionamento adequado fez crescer o seu futebol, que, contudo, está longe do nível que diretoria e comissão técnica parecem acreditar que esteja. Que Abel ao menos leve Arão na "rédea curta", desprogramando o "modo peladeiro".

A virada que parecia ser questão de minutos só veio no segundo tempo, com Rhodolfo aproveitando cruzamento milimétrico de Everton Ribeiro. No restante da partida, o Flamengo, até porque entrou em campo basicamente com a mesma formação, repetiu suas versões 2016 e 2017: muita posse de bola, boas tabelas em alguns momentos da partida, ao mesmo tempo com pouca capacidade de definição. Isso se dá em parte por decisões equivocadas no momento do passe ou arremate final, como também pela falta de um modelo tático ofensivamente eficiente de maneira regular, o que deixa o time dependente de individualidades que nem sempre têm funcionado.

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Há sentido em se preocupar com uma falha da zaga com dois minutos de bola rolando na temporada? Penso que não. Seria muita vontade de soprar a corneta. Ainda assim, tanto esse, como outros lances (v.g. vocação peladeira do Arão) representam sinais que devem ser bem decodificados por Abel, comissão técnica e os próprios atletas.

Primeiramente, espero que Rodrigo Caio tenha percebido que no Flamengo todo jogo é final de Copa do Mundo (para o adversário). O adversário, humilde ou não, sabe que sempre será um jogo "de televisão", com muita audiência. Não existe momento melhor para aparecer. Então, todo mundo joga contra o Flamengo no "modo decisão", principalmente adversários obscuros como o Bangu de hoje em dia. Não existe vida fácil no Flamengo. O novo reforço também teve atentar para a desconfiança que muitos têm em relação ao seu desempenho na marcação da bola aérea adversária, dada a sua altura. Se Léo Duarte já não é uma sumidade no quesito, Rodrigo Caio apenas se prejudicará se exibir a mesma deficiência.

Em segundo lugar, a comissão técnica deve ficar esperta com "o psicológico" do Vitinho. O jogador se cobra muito (como bem observou o comentarista do Canal Premiere) e a torcida, impaciente por natureza, já começou com as vaias. Contudo, convém ter paciência: o jogador visivelmente tem ótimo passe e se desloca (e se desmarca) com inteligência com a bola rolando. As críticas, muitas delas emocionais, não contam as inúmeras jogadas de acerto, especialmente os bons passes.

Além disso, Abel deve ter em mente que ontem o Flamengo mostrou "regularidade" ao repetir atuações como as que teve na temporada/2018 contra Nova Iguaçu e Boavista, pelo Estadual, e Ceará, pelo Brasileiro, além de tantas outras. Lá estava a mesma dificuldade para definir e decidir as partidas, o que travou o time para conquistar os títulos mais importantes. Na teoria, o time B do Flamengo será muito parecido com os de 2016 e 2017 e contará com alguns jogadores que atuaram ontem, casos de Diego,  Piris e Uribe, por exemplo. Não é absurdo algum insistir com determinados atletas, desde que o treinador esteja atento ao histórico e à repetição do padrão. Ao apostar nessa desgastada formação, Abel assume a responsabilidade de bolar um modelo tático que lhe dê maior eficiência. O Campeonato Brasileiro, no qual ela deve ser bastante usada, jamais poderá ser relegado a segundo plano.

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Ansiosa por títulos, parte da torcida entrou na pilha do fracasso antecipado. Alguns torcedores estão sofrendo por antecipação. Por exemplo, ficaram horrorizados por Abel haver terminado a partida com Cuéllar, Piris e Arão no meio. Ora, se é verdade que Abel pediu a renovação de Arão, a tendência é que Jean Lucas inicie a partida no time que jogará no meio da semana.

Também não podemos nos esquecer que, se o time tinha dois meias em campo (Diego e Everton Ribeiro), não dispunha de nenhum no banco, inclusive por De Arrascaeta ainda não estar regularizado. Se Abel terminou com três "volantes" (e todo mundo diz que Jean Lucas é "volante"), da mesma forma o time terminou a partida com três atacantes (Vitor Gabriel, Uribe e Tiago Santos). A dúvida é o que o treinador fará quando todos estiverem a disposição, o que não foi o caso ontem.

Finalmente, é prematuro cravar que Rodrigo Caio será do time A e Léo Duarte do B. Tanto um não teria direito à vaga pelo nome, quanto o outro não mostrou em campo ser um jogador indiscutível. A temporada/2019 está apenas começando.

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O Mais Querido voltará a campo quarta-feira no Estádio da Cidadania, na "Cidade-do-Aço", para jogar contra o Resende, as 19:15h, partida que será transmitida apenas pelo Canal Premiere, no sistema pay-per-view.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.