sexta-feira, 27 de abril de 2018

Os arquitetos do caos

@alextriplex

Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que não sou daqueles atordoados por informações de gente de dentro, tampouco sou amigo de setorista amigo de xisnoveador do elenco. Aqui, como sempre, é apenas uma opinião.

A viagem rumo ao Ceará começou com todos os ingredientes para um fim de semana de merda no futebol. Na realidade, começou na sexta passada, quando o DM informou uma lesão em quem deveria ser nosso principal jogador: Diego.

Eu não estava lá. Não vi ele sentir a coxa. Não vi, não me falaram nada. Para mim, pareceu mais uma folga forçada do que propriamente alguma situação médica. Ponto.

Chegamos na quarta, jogo lá na Colômbia, e ele aparece recuperado (apesar de ter corrido sem a menor objetividade/produtividade), dono da bola. Ele e mais alguns escalaram o Barbieri, nada mais justo que o professor retribua a gentileza. Mesmo que isso limite o Paquetá a ficar preso lá no lado direito, quase que obedecendo a ordem: aquela faixa de campo ali é minha (tal qual Ritchie Blackmore fez com todos baixistas e vocalistas que passaram pelo Deep Purple).

My way or the highway.

No meio disso tudo, veio uma reunião de conselho - ano de eleição é um lixo mesmo, é todo mundo amigo do Santo, do milagre, de fórmulas mágicas, de "se fosse comigo, seria assim, assim e assado", etc. E olha que eu não estou gostando de nada do Flamengo ultimamente (exceto o Basquete, não posso ser injusto). Resumo: em ano de eleição, o sabetudismo transborda em todos os setores do Flamengo, do mais humilde torcedor ao mais graduado diretor. Nada de novo.

E veio a viagem. E veio mais uma ação desmedida de alguns elementos que se dizem torcedores. Sim, desmedida. Ok dar tapa no ônibus, xingar, vaiar, cancelar st, fazer um tapete de pipoca, fazer faixas, ficar de costas pro campo. Quebrar, atirar coisas nos jogadores, cercar pra dar porrada? Não.

Na boa, nosso time está uma merda. Jogando mal, sem comando, sem tática alguma, sem treinador, sem uma estrutura de futebol que dignifique o clube. Mas não justifica isso. O vídeo mostra BEM os pseudo torcedores atirando pipoca até no Paquetá.

Enfim, um triste episódio. Que pode ficar mais triste ainda se a CBF resolver nos fuder (chefe, desculpe pelos palavrões) com perda de mando de campo, punições, etc. Não bastou o que aconteceu ano passado, não bastaram os 2 jogos no Rio com portões fechados. O importante é mostrar que é mais Flamengo do que todo mundo, mostrar que é forte, mostrar que a porrada resolve. Como todo perfeito imbecil.

Aí, além da punição, ganharemos também uma milionária ação trabalhista CONTRA o clube. Melhor dizendo, perderemos. Considerando que ninguém ali ganha menos de 150 mil, vai ser molezinha.

Vejam, não tiro o mérito da irritação da torcida. Eu sou o primeiro a pedir garra, sangue no olho, técnico à nossa altura, um elenco comprometido. Sou o primeiro a reclamar com veemência. Mas não ao ponto de quase termos um espancamento. E isso começa lá em cima, naquela cadeirinha que Patricia usava pra chorar quando triste.

EBM perdeu a mão. Perdeu o discurso, perdeu o começo, o fim e o fio da meada. E o grande arquiteto do que vemos hoje é ele. E não gosto de dizer isso, pois ele e seus pares colocaram o clube em dia. Deixaram o Flamengo saudável, mas esqueceram de cuidar de um colesterol aqui, de uma vitamina D ali. Não quiseram dividir a responsabilidade do futebol, não quiseram fazer o óbvio. Por mais que o Flamengo seja o clube menos óbvio ululante do mundo.

Essa última semana foi cruel para o Flamengo. Para o eu Flamengo, para o você Flamengo. Para o torcedor que faz conta e sabe que dá pra classificar tranquilo na Libertadores. Para o torcedor que enxerga mais um ano com time nivelados e, claro, com chances de títulos, mas que perde a crença pela forma como as pessoas lá de dentro (de diretores a alguns jogadores) se consideram maiores que o Flamengo.

E o Flamengo nunca será menor que as pessoas que vivem o Flamengo.

SRN.

CCM.