sábado, 9 de dezembro de 2017

Hora do último gás



Ele se preparou para aquela corrida, mais uma maratona na sua carreira. Nos últimos anos, ele tem investido cada vez na sua preparação para essas provas. Alimentação, suplementos, treinadores, planilhas, tudo bem sendo realizado para que ele, finalmente, alcance a hegemonia nesse tipo de competição. Dinheiro não lhe falta, afinal, depois de anos de esbórnia, ele resolveu que era o momento de arrumar a casa e investir sério no que faz.

O início da prova foi ótimo. Muitos acharam que ele poderia ter aberto uma vantagem maior, seus adversários nesse primeiro trecho não tinham o mesmo investimento que ele. Outros afirmaram que esse segmento era muito fácil, ladeira abaixo, não havia motivo para se gabar por estar na frente.

Veio então o primeiro tropeço. Em verdade, um enorme tropeço. Ao contrário do padre irlandês que agarrou Vanderlei Cordeiro de Lima na parte final da maratona dos Jogos Olímpicos de 2004, essa queda foi por culpa única e exclusiva dele. Tropeçou nas suas próprias limitações. Foram vistos aí os primeiros erros na sua preparação.

No entanto, dava pra se recuperar. Ainda havia mais da metade da prova por disputar. A queda, entretanto, foi tão feia que ele demorou para readquirir seu ritmo. Vacilou muito. Viu seus adversários o ultrapassando e disparando. Um deles, especificamente, que havia ido mal no início da disputa, abriu uma distância quase inalcançável. Pelo menos foi o que pareceu aos seus oponentes.

Foi entendendo dessa forma que ele optou por se contentar com outros objetivos na prova. Se não conseguiria ser o melhor, que conquistasse metas secundárias. Houve mudanças de curso. Na primeira das metas paralelas, chegou perto. E, mais uma vez, falhas na preparação o fizeram cair. Novas adaptações, pressão na reta final. Mesmo muito abaixo do que poderia alcançar, atingiu um novo checkpoint. É o último trecho da prova, ele já enxerga a linha de chegada. Já vê outros participantes comemorando depois dela. Ele respira, acelera, mas tropeça novamente. Não foi uma queda e ele segue.

O momento é de dar o último gás, aligeirar para o último sprint!



Vamos, Flamengo!!!