quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A longa e sinuosa estrada

The Long And Winding Road

The long and winding road
That leads to your door
Will never disappear
I've seen that road before
It always leads me here
Lead me to your door
Flamengo segue a estrada longa e sinuosa que todo ano nos deixa sempre na mesma porta, esperando novamente, resultados melhores e condizentes com o tamanho do clube.

De novo e de novo. Como o mito de Sísifo. 

E porque?

Porque o modelo do futebol é sempre o mesmo. De fora um dirigente amador deslumbrado, inebriado, pelo "Anel de Sauron" que é o futebol. "My precious". Todo grupo que chega ao comando torna-se fascinado pelo imenso poder que o futebol proporciona. Visibilidade junto a milhões. Decisões que mudam o humor de multidões. Quando estas pessoas teriam isto na vida? Nunca. Mas um clube de futebol altamente popular o proporciona. E junto ao poder vem a percepção que você é melhor que os outros, que não erra, apenas é mal compreendido. Que quem entende do assunto é apenas puxa-sacos ou analistas/jornalistas que concordam com seu ponto de vista.

E este poder é disputado, ele é procurado, e por isto entra dirigente amador, sai dirigente amador, e o modelo de futebol continua basicamente o mesmo:  dirigente amador todo pomposo mandando e desmandando, profissionais do futebol obedecendo e ao mesmo tempo envolvendo o sujeito de forma a não cobrar resultados, afinal ele, o dirigente amador, é co-responsável por tudo. E neste envolvimento, quando vem as cobranças, faz o dirigente amador crer que do lado de fora do futebol é que estão "os inimigos", a "chatice", a "inveja", seus amigos estão dentro do futebol. Jogadores, preparador de goleiros, diretor executivo, psicólogo. Amigos todos. Vamos rezar juntos. Vamos ver o jogo lado a lado. Somos uma família, um time.

E, claro, em um ambiente sem cobrança, sem performance, tudo desanda. As críticas se tornam mais ferozes. Grupos se juntam e questionam o poder vigente. "Nós vamos cobrar o futebol! Nós temos culhão! A performance virá!"

E neste processo, entra novo grupo e o dirigente amador da vez, novamente, é engabelado pelo anel de sauron, e torna-se escravo do poder e da redoma do mundo de futebol. Tornado amigo, torna-se frouxo. Se deixa influenciar pelo amigo diretor executivo, pelos amigos agentes, por todos que o cercam e inflam seu ego dentro da redoma. Do lado de fora estão os inimigos.

E como diz a música, já vi esta estrada antes e sempre me conduz até a sua porta.