segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Padrões e Escolhas

Salve, Buteco. Começo deixando bem claro que novamente discordo de algumas das escolhas de Rueda. Primeiro, Pará e Arão vêm de uma sequência muito grande de dez jogos seguidos, nos finais e meios de semana. Não, não se trata de ter pena desses jogadores, mas apenas de constatar que não têm bola pra render em alto nível jogando desde o início toda essa sequência de partidas. Segundo: Vinícius Jr. Não há atacante melhor no elenco atualmente e por isso não existe motivo para que comece todos os jogos no banco e só entre quando a vaca já está no atoleiro. Terceiro: Juan. Se não terminou a recuperação, não deveria ter figurado como reserva; se estava em condições, deveria ter jogado. Bancar pro Rafael Vaz é que não dá. Quarto: substituição do Cuéllar. A impressão é que o treinador ficou desnorteado com a atuação da equipe no primeiro tempo. É muito difícil entender a saída de Cuéllar e a manutenção do Arão, para depois o cabeleira sair e em seu lugar entrar o Márcio Araújo. Quinto: Rafael Vaz. A vida nos dá poucas certezas, mas uma delas é que, com ele em campo, aquela falha comprometedora inevitavelmente ocorrerá. Ontem foram duas, que contribuíram para os dois gols do Palmeiras, o segundo deles com direito a participação especial do Pará. Cem por cento de "aproveitamento".

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Apesar disso, acho que a principal causa da derrota de ontem esteve longe de ser a escolha desse ou daquele jogador ou mesmo do modelo tático, mas a postura que o time escolheu apresentar dentro de campo. A atuação do Flamengo foi absolutamente patética, covarde, condescendente e lamentável, como já havia sido, fora de casa, antes da chegada de Rueda, contra Sport Recife e Atlético/MG, e como foi, com o treinador colombiano, contra Botafogo, São Paulo e Palmeiras. Em todos esses jogos o placar foi o mesmo (0x2), o que antes de tudo estabelece um padrão comportamental, reforçado se considerarmos as viradas e os segundos tempos das derrotas para Santos (duas vezes), com Zé Ricardo, e Grêmio, com Rueda.

Com os titulares ou com times alternativos, com Zé Ricardo ou Rueda, na Libertadores e no Brasileiro, o Flamengo, quando jogou fora de casa contra times grandes, foi um completo fracasso.

Ontem à tarde, nem mesmo com Lucas Paquetá e Vinícius Jr. correndo pelos demais no segundo tempo o time ameaçou o Palmeiras; apenas uma única jogada de gol foi construída, porém anulada pelo impedimento mal marcado pela assistente Neuza Inês Back (FIFA).

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É no mínimo curioso como esse elenco "escolhe" os jogos nos quais se empenha. Não me iludo mais cobrando qualidade; o que me intriga é como o mesmo time é capaz de correr, como fez nos jogos da Sula, e andar em campo, como em tantos jogos do Brasileiro.

Cheguei a acreditar que a principal causa pudesse ser o grande número de partidas e o desgaste daí decorrente, mas percebo que o problema esteve presente desde o ano passado e foi agravado a partir do primeiro semestre de 2017 com as competições simultâneas. Desde 2016 o elenco do Flamengo não se mostrou capaz de disputar mais de uma competição ao mesmo tempo.

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Lembrando as participações do Flamengo na reta final dos dois últimos Campeonatos Brasileiros, o quadro era exatamente o mesmo: queda de rendimento na reta final, com o time passando a impressão de que não tinha mais pernas e escolhia os jogos nos quais se empenhava.

Em 2015 a culpa foi das eleições para a Presidência do clube e da falta de estrutura; em 2016, da maratona de jogos (menor do que a desse ano) e do desgaste, desculpa que, porém, não se aplica a Reinaldo Rueda segundo a xenófoba imprensa esportiva brasileira e a parte da torcida que idolatra a Diretoria, os quais elegeram o treinador colombiano como causa de todos os males que afligem o Flamengo em 2017.

A maior diferença esteve na melhor colocação em 2016, fonte da ilusão do "Ano Mágico" em 2017. Em comum, o fato de que de 2015 pra cá a Diretoria foi a mesma, assim como alguns jogadores e o padrão do time entregar menos do que poderia.

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Por isso mesmo, eu, que não sou sanguessuga e nem grande benemérito, escolhi não fazer do treinador colombiano um bode expiatório. Não o considero culpado por um padrão que se estabeleceu antes de sua chegada, inclusive porque nada de diferente se poderá esperar de 2018 sem uma profunda reforma, tanto no envelhecido e paneleiro elenco, como na covarde e acomodada Diretoria. A continuidade ou não de Rueda é mero detalhe dentro desse contexto.

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Escolhi também não ter paciência com jornalistas xenófobos, com "torcedores de dirigentes" e nem com as "Viúvas do Zé Ricardo". Sou torcedor e não me preocupo com reserva de mercado e nem com o jabá dos compatriotas. Torço pelo Flamengo, não para jornalista, treinador, dirigente ou atleta, brasileiro ou estrangeiro. É minha opção, minha escolha. Cada um faz as suas.

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Se não é o Márcio Araújo, é o Rafael Vaz; quando não é o Vaz, é o Pará. São nossos "artilheiros do mundo invertido."

Ajude-se, Rueda, e ajude o Flamengo. Escolha a esperança. Do contrário, você fenecerá no "Vale das Sombras".

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A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.