quinta-feira, 6 de abril de 2017

Paralaxe Cognitiva

paralaxe cognitiva
  1. (Filosofia) fenômeno filosófico definido como afastamento entre o eixo da construção teórica e o eixo da experiência real do indivíduo que a está realizando; discrepância entre teoria e prática


A Fla-Balanço está em festa. Flamengo reduz a tão famosa dívida em 13% e registra superávit em 153 milhões. Números auspiciosos que refletem um trabalho de primeira grandeza desta gestão em termos de administração financeira. Um clube forte financeiramente produz, em tese, resultados consistentes em campo pois é capaz de sustentar de forma perene os caros recursos físicos e humanos, que garantem os melhores profissionais dentro e fora de campo.

E uma vez definido a aplicação de recursos na contratação de profissionais à altura do clube de forma a alcançar ou mesmo sobrepujar as metas de um Departamento de Futebol, por exemplo, sejam estruturais, processuais ou esportivas, é necessário o acompanhamento da execução das tarefas e se estão em sintonia com o planejamento estratégico prévio formulado pelo corpo de Dirigentes Amadores mais os diretores responsáveis.

E o que temos? Um elenco de qualidade, em termos de futebol brasileiro. Equilibrado em todos os setores, com jogadores atuais de seleção, ou que já passaram por ela, inclusive. É um elenco montado para ser competitivo e conseguir títulos. Não me resta dúvida quanto a qualidade deste processo de escolha para a temporada de 2017.

E a comissão técnica? Para mim o ponto nevrálgico do enorme problema que pode se tornar e de certa forma arruinar esta temporada. Embora, claro, espero sinceramente que não.  O técnico foi escolhido como solução de emergência em meio a graves erros de 2016, entre eles um elenco montado com carência enorme na zaga e com um auxiliar técnico obsoleto que retornou a Gávea após expor o clube à infâmia. Após saída do Muricy, uma aposta a mim, na ocasião, adequada ao Flamengo, o time foi entregue ao Jayme. Não deu certo, obviamente. Vieram de mandato tampão ao Zé Ricardo, técnico promissor de sub20 mas sem qualquer tipo de experiência no profissional. Mantendo a base tática do time do Muricy e com a vinda de zagueiros, o time cresceu de produção. Ainda porque os jogadores novos se entrosaram melhor ao elenco e modelo tático proposto. O Flamengo então fez boa campanha no Brasileiro e chegou em terceiro lugar com bom número de pontos, embora a reta final do campeonato tenha deixado claro o esvaziamento desta proposta tática.

E agora? E a temporada de 2017? Abandonou-se a teoria que levou a contratação de um técnico experiente e de qualidade para 2016. Apostou-se no técnico tampão e inexperiente, agora lidando com elenco reforçado e mais maduro. O Departamento de Futebol, profissionalizado, com metas, ações estratégicas, equipagem de primeira, tem seu core business esportivo conduzido por um técnico ainda insipiente que tem que reformar a forma de jogo do time para levá-lo ao desempenho que a qualidade de elenco demonstra potencial. Como este modelo de "aposta" pode dar certo em um mundo tecnológico e altamente competitivo? Analistas técnicos e táticos auxiliando comissões técnicas mundo afora apontando soluções para seus times e as mazelas dos adversários. Precisa de técnico criativo, ousado e atento a beira do campo para propor alterações em meio ao jogo com auxiliar técnico de alto nível. E o Flamengo tem isto hoje? Se não tem que modelo profissional é este? O modelo de "Andá com  eu vou. Que a fé não costuma faiá." 

Enfim, estamos em meio a uma calmaria que antecede a tempestade. Virão uma série de jogos decisivos. Pode tornar tudo um tormento ou, quem sabe, vir uma luz provando que a fé não falhou. Espero.