segunda-feira, 11 de julho de 2016

Galinhada à Candanga

Salve, Buteco! No primeiro jogo do Mais Querido pelo Brasileiro no horário de 11:00h no Mané Garrincha, vieram os importantes três pontos que nos mantiveram firmes na luta pelo G4. Vindo de inesperada e esquisita goleada no domingo passado em uma partida na qual o time dominou grande parte do jogo e subitamente se desmanchou dentro de campo, o confronto contra o Atlético/MG, em franca ascensão no campeonato, era aguardado com certa apreensão por grande parte da torcida, especialmente pela manutenção da política de vender livremente significativa porção dos ingressos para a torcida rival nas arquibancadas superiores, na área mista. Temia-se uma "invasão da torcida atleticana", superior ao comparecimento da carente torcida palmeirense, que não via o time jogar em Brasília havia mais de uma década. A derrota era dada como favas contadas pela grande maioria da crônica esportiva.

No estádio, fora de campo o que se viu foi o oposto: mal comparando os três mandos em Brasília pelo atual campeonato brasileiro, acho que o número de torcedores rivais decresceu nos jogos contra Palmeiras, São Paulo e Atlético/MG, embora a proporção de torcedores rivais tenha sido bem semelhante nas duas últimas. Na minha modesta opinião, se tivesse que apostar, diria que, desses três adversários, o clube que tem mais torcedores na região é o mineiro, porém dos três foi o que jogou mais vezes por aqui na última década, seguido do São Paulo o que talvez explique a proporção de público nas três partidas. 

A exemplo do jogo contra o São Paulo, a torcida adversária foi "isolada" nas superiores entre a área mista, compartilhada com torcedores do Flamengo, e as áreas reservadas para as torcidas organizadas, vigiadas por policiamento ostensivo. Ao contrário da partida contra o São Paulo, quando houve alguns "penetras" nas inferiores (embora em número não significativo), dessa vez o controle foi bastante rigoroso e eficiente, e não se viu torcedores atleticanos no espaço reservado ao torcedor rubro-negro, que compareceu em maioria ao estádio.

Continuo sendo francamente contrário à política da Diretoria de vender tantos ingressos à torcida adversária, o que diminui o efeito do mando de campo e da pressão da nossa torcida, resultando em perda de competitividade, afetando claramente o lado esportivo. Todavia, sinto-me obrigado a afirmar que, dentro da linha de pensamento que adotam, ao menos houve progresso no gerenciamento e controle do fluxo de torcedores, malgrado tenha sido, dentre os três mandos pelo Brasileiro no Mané Garrincha, o de menor público.

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Com a bola rolando, dentro de campo vimos um Flamengo começando forte e fazendo pressão, não deixando o Atlético/MG respirar. O gol saiu de forma absolutamente natural e foi consequência do domínio rubro-negro. Destaque para Mancuello e sua assistência "de primeira" para o gol de Felipe Vizeu (em tarde inspirada). Porém, após o gol o Atlético/MG tentou reagir e no final do primeiro tempo passamos sufoco.

O Atlético/MG formou com um 4-2-3-1 bastante nítido, enquanto o Flamengo apresentou uma variação entre o 4-1-4-1 e um 4-2-3-1, "espelhando" o esquema do Atlético/MG, no qual, mais ou menos a partir da segunda metade do primeiro tempo, Márcio Araújo muitas vezes formou a primeira linha ora entre Réver e Rafael Vaz, ora se posicionando defensivamente na lateral esquerda, com Jorge mais livre pelo lado esquerdo e algumas vezes até pelo meio, ao lado de Willian Arão. Essa formação, coincidência ou não, foi adotada nos momentos em que o Flamengo sofreu maior pressão. Por ora, não sei dizer se foi causa ou remédio para a situação.


No segundo tempo o time jogou praticamente o tempo todo no 4-2-3-1, variando para o 4-1-4-1 quando Cuéllar substituiu Fernandinho e jogado como meia interno ao lado de Márcio Araújo, Willian Arão passado para a ponta direita e Gabriel na esquerda. O esquema foi mais conservador e Márcio Araújo jogou à frente da zaga. Talvez por isso achei o time mais consistente e menos oscilante. Muito embora na primeira metade do primeiro tempo tenha vivido o seu melhor momento na partida e exercido forte pressão sobre o Atlético/MG, na segunda etapa houve mais harmonia, provavelmente porque nosso capitão Willian Arão, ao contrário do que ocorrera na etapa inicial, "entrou no jogo", o que para mim fez toda a diferença.


Jayme de Almeida revelou, na entrevista pós-jogo, que Mancuello atuou com febre e quase desfaleceu no intervalo. Acho que as declarações do Rafael Carioca "incendiaram" o nosso time, pois jogadores como Pará, Márcio Araújo e Felipe Vizeu atuaram com uma disposição absolutamente incomum, tamanha a entrega durante toda a partida. Pará por diversas vezes pediu o apoio da torcida, sendo imediatamente atendido em todas as ocasiões. Márcio Araújo normalmente corre bastante, mas ontem foi diferente de todas as vezes que o vi dentro de campo, e Felipe Vizeu, bem, este parecia ter uma motivação a mais, que pode ter sido a contratação de Leandro Damião, o que apenas prova que sabe reagir positivamente em situações adversas.

Se o Atlético/MG atuou com importantes desfalques, o mesmo aconteceu com o Flamengo. No duelo entre os elencos, o Mais Querido levou vantagem. Espero sinceramente que a raça e a capacidade de reação do elenco não tenham sido pontuais e, ao contrário, representem uma mudança de postura permanente e definitiva, permitindo que no mínimo o Flamengo tenha sucesso na obtenção de uma vaga na Libertadores pelo Brasileiro e o título da Copa Sul-Americana.

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Também aguardo uma mudança de postura do treinador e de seu auxiliar em relação aos estrangeiros. Apesar da atuação com muita raça de jogadores como Márcio Araújo e Fernandinho, não é aceitável que Mancuello e Cuéllar sejam reservas e tão pouco utilizados, sendo claramente superiores aos que hoje detém a preferência da dupla Zé Ricardo/Jayme de Almeida.

Sinto-me a vontade para abordar o assunto após uma boa vitória como a de ontem, pois com uma primeira linha na qual apenas Rafael Vaz e Jorge tinham qualidade técnica para sair jogando e um volante do nível de Márcio Araújo, o que se viu em campo foi o nosso quarto-zagueiro (Rafael Vaz) sobrecarregado na função - saída de bola. Então, o que aparentemente pode parecer individualismo do atleta (quantidade de lançamentos ou "chutões" para frente), na verdade é resultado do fato de ser, na defesa, ao lado de Jorge, o único com qualidade técnica para a saída de bola, o que poderia ser diferente se o reforço contratado para a função, Gustavo Cuéllar, fosse escalado.

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No final, não sei se foi uma despedida de Brasília em 2016 (não cabe a mim definir), mas fica a certeza de que, ao menos contra o Atlético/MG, forma-se a tradição da Galinhada à Candanga e dos três pontos pelo Campeonato Brasileiro.



Bom dia e SRN a tod@s.