sábado, 30 de julho de 2016

1995

1995. Primeiro ano em que comecei a acompanhar futebol e a viver de um centenário Flamengo.

No auge dos meus 8-9 anos recém-vividos, acompanhei a chegada do Romário e toda festa realizada pela Nação rubro-negra. Era um torcedor inocente, que só queria saber de bola na rede para poder comemorar bem alto o gol e tirar onda com os amigos na escola.

Quando viajava ao Rio ficava no apartamento dos meus avós e gostava de comprar tudo que existisse sobre o Flamengo. Boné, bermuda, camiseta, regata, caneta, estojo, agenda, mochila, CD e até aqueles adesivos gigantes que até hoje vendem em bancas de jornal.

Não ligava se era de marca, se era oficial, se tinha o logo da Umbro, não interessava. O importante era que fosse vermelho, preto e tivesse a palavra F-L-A-M-E-N-G-O escrita bem grande.

Fui crescendo e ao passar dos anos comemorei muitos títulos estaduais, fiquei eufórico com a Mercosul vencida em cima do Palmeiras, fui as lágrimas com o gol do Pet em 2001 e me sentia o dono do mundo quando o Flamengo vencia títulos importantes como a Copa do Brasil em 2006 e o Brasileirão em 2009.

Ao mesmo tempo em que aprendi a amar um Flamengo dono da maior torcida do mundo, dono das festas e com uma Nação maior do que muitos países vizinhos, aprendi a conviver com expressões como Flalido e a ouvir que o clube sempre foi sinônimo de zona, de bagunça, de salários atrasados e outras irresponsabilidades atribuídas ao mais querido.

E isso incomodava! A bola na rede e a zoação com os amigos já não eram suficientes para eu me sentir orgulhoso de ser Flamengo. “O Flamengo finge que me paga e eu finjo que jogo” – como odeio essa frase.

Além de ser o time da bagunça, o Flamengo passou a ser o time das páginas policias. Love, Adriano, Bruno, todos ajudavam a arranhar cada vez mais uma marca que já não tinha mais o prestígio de outrora.

Eis que entre o acaso das conquistas e a rotina de barbáries do departamento de futebol do Flamengo, surgem os blues com uma proposta única, diferente do que todos estavam habituados. Apesar de não votar, acreditei, apoiei e comemorei a vitória nas eleições quase como um título.

Sabia que nos últimos anos o Flamengo precisaria dar um ou dois passos para trás para poder caminhar firmemente para frente, sem parar nunca mais. Depois de convivermos com alguns anos de vacas magras, finalmente estamos colhendo os frutos.

Não sei se podemos dizer que estamos próximos do famoso “ano mágico”, mas com certeza estamos no caminho certo. Se as conquistas ainda não chegaram como deveriam, pelo menos no final do ano teremos um CT à altura do clube e um esboço de time com capacidade de honrar as tradições rubro-negras.

Não é a toa que o Flamengo pelo segundo ano consecutivo realiza a principal contratação do futebol brasileiro sem comprometer uma vírgula de seu orçamento. Problemas como a escalação do Marcio Araújo e Chiquinho são microscópios se compararmos com a revolução que está sendo realizada fora das quatro linhas pelo clube.

Em breve poderei dizer aos meus futuros filhos que vivenciei os anos da revolução e de que eles poderão comemorar os próximos gols e títulos bem alto, no volume máximo que a garganta aguentar, sem precisar se incomodar com mais nada.

O gigante Flamengo acordou e dessa vez veio para ficar.


http://balancodabola.blogspot.com.br/2016/07/flamengo-junho2016-graficos.html