quinta-feira, 30 de junho de 2016

Flamengo 1 x 0 Internacional - Econômico

Mapa de Calor: Flamengo pelas pontas. Espaço aberto no meio.
E no caldeirão fantástico do estádio de Kleber Andrade, o Flamengo, enfim, jogou relativamente bem e ganhou ao fim. Seu serviço delivery não funcionou, ambos zagueiros tiveram boa atuação, e o Mengo conseguiu manter o resultado magro obtido no primeiro tempo, à partir do gol de Ederson depois de belo passe de Guerrero funcionando como pivô na grande área, o que sabe executar muito bem.

Mas o que dizer do Flamengo do Zé Ricardo, o interino? É um time bem mais organizado que o que Muricy deixou, sem dúvida, mas com a diferença que os jogadores efetivamente parecem motivados como há algum tempo não via no Flamengo, que antes parecia um desfile interminável de walking deads em campo.
Organização + Motivação, formam uma sequencia de resultados razoáveis/bons que deixam o Flamengo ficar ali, por perto do G4. O que quer dizer muito perante ao passado recente. 

Zé Ricardo, (infelizmente) auxiliado por Jayme, é um técnico que, ao menos por enquanto, apresenta um estilo, no meu modo de ver, bem parecido com o do Parreira. Times certinhos, geralmente mono-esquemáticos, sem rodízios de titulares, jogando por resultados magros e se contentando em ser assim, apesar do desespero da torcida pela fatalidade sempre eminente do empate e do anseio por jogos mais vibrantes com a criação de resultados largos. Não se terá isto, aparentemente, com ele.  Parreira era assim,estudado e tranquilo, fazia o time organizado, sabia o que queria e era adepto do "menos é mais". Menos opções para titulares e menos gols. Achando o tal "time" na cabeça dele dificilmente mudava.

Mas pode ser que mude. Entrou agora. Pode estar jogando na zona de segurança e também, convenhamos, "finalizadores" como Cirino e seu pé sempre descalibrado não ajudam a fazer mais gols. O lado esquerdo do ataque, setor em que muda mais durante os jogos, pode ter-se resolvido com Ederson, que é um jogador mais habilidoso e quase um Einstein em comparação às outras alternativas de ponteiros no fatídico 4-3-3 (e suas variantes) que o Flamengo parece condenado a jogar. Com isto perdemos a chance do Ederson atuar mais junto de Guerrero em um 4-4-2 imaginário aumentando, com isto, a troca de passes entre ambos. Hoje Ederson fica pela esquerda, Cirino correndo pela direita, e Alan Patrick e Arão, sem cacoetes de atacantes, se aproximando mais pelo centro, junto ao Guerrero, que prende muito bem a bola.  

Temos também um time que sai pouco pelo centro. Na saída de bola do Flamengo, marcam bem o Arão e deixam a natureza marcar Marcio Araujo, quando ele mesmo não se marca se escondendo atrás dos atacantes adversários. Daí fazem uma pressão em cima do Alan Patrick e o time fica vendido. Palmeiras quem executou isto melhor, anulando o Flamengo. 

Quanto as substituições, Zé Ricardo optou por Everton no lugar do Ederson, querendo acelerar o lado esquerdo, Pará substituindo Rodinei por contusão e no final a grata surpresa do Thiago Santos, que fez dois belos lances, nos mostrando luz em meio a uma certa escuridão de inteligência ali pelos...cantos.

E o Inter? Bem, o Inter depois que tomou gol acordou pro jogo. Pressionando fortemente o Flamengo, pegando todas as segundas bolas, parecia que teríamos um massacre ou gol a qualquer momento. Mas mesmo com a bola rondando nossa área de cá para lá, Inter não finalizava ou se fazia era muito mal. Parecia não estar querendo muito. Aliás, achei bem estranha a postura do time de Inter neste jogo. Principalmente no final, quando já nos acréscimos, perdendo, não parecia muito disposto a ir com "tudo em cima". Ficou tocando a bola entre os zagueiros esperando acabar...sei não...se fosse o Argel já abria o olho. Ao menos no Flamengo temos um histórico de problemas, digamos, comportamentais neste sentido entre os jogadores...

Bem, teorias da conspiração ou não. Ganhamos. 3 pontos. E isto que vale ao final das contas. Mas se fiquei satisfeito? Ainda não. Vejo lacunas na formação tática do Flamengo, na capacidade de ver o jogo do Zé Ricardo e ainda fico intrigado pelo não aproveitamento do Cuellar e Mancuello no time. Principalmente o Cuellar que resolveria, em tese, nosso enorme problema de marcação e transição de bola pelo centro.