quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Tempestade


Passado um tempo de um momento apocalíptico enfrentado pelo Flamengo com as derrotas em série para times de divisões menores como Confiança, Vasco e Fortaleza, que culminaram em uma crise forte na Gávea envolvendo Presidência, VP de Futebol e Departamento de Futebol, em que todos foram postos na fogueira alta por associados e torcedores.

Flamengo que começou o ano com ares de confiança foi ao fundo do poço. O técnico diferenciado contratado não mostrou bom trabalho. Muricy foi uma decepção, e seu trabalho foi tão ruim que pôs em evidência os inúmeros erros e problemas que ainda vicejam no futebol. Tais como contratações de jogadores "a pedido" do treinador da vez sem avaliação técnica por parte do Flamengo, pouco interesse em buscar uma solução saudável para disputar jogos "em casa" preferindo o deserto de Volta Redonda, total incompetência em buscar soluções para zaga, renovação desnecessária de contratos de jogadores, excesso de jogadores desestimulados, falta de comunicação interna, elenco desbalanceado, etc etc o que fez o Flamengo despencar. O "profissionalismo" deu lugar a um amadorismo canhestro. Os experts contratados para o futebol profissional se saíram muito fracos, o que fez uma onda de palpiteiros se acharem no direito de sacramentar que suas idéias, ainda que extravagantes e exóticas, seriam melhores que as que foram aplicadas.

E, contando com um Diretor Executivo discutido, que permitiu que um treinador executasse tão mal seu trabalho a ponto de sequer rodar o elenco em pré-temporada e insistisse de forma tarada em um esquema tático voltado ao fracasso, o Flamengo entrou em parafuso. E o histerismo abriu passagem pela caixa de pandora no minuto zero em que EBM, numa decisão estapafúrdia, resolveu representar uma nauseabunda CBF na Copa América.

Parecia casa de louco. Helicópteros voavam até o Ninho levando dirigentes amadores que discutiam soluções com um diretor aparentemente ausente dos problemas. Flamengo não tem zagueiros em quantidade mínima aceitável. Quem deixou o elenco chegar a esta situação? De quem é a responsabilidade? Pode ter vários culpados, afinal, não é o RC que assina o cheque. Mas, se tem Centro de Inteligência mapeando o mercado, e não é de hoje, como não se chegou a soluções que caibam no orçamento depois de meses de trabalho? Quem é o responsável por cobrar pela demonstração de opções?

E com a saída do Muricy, motivado pela doença cardíaca e, acredito eu, pelo stress de ver seu trabalho não rendendo absolutamente nada, o Flamengo apostou então, no treinador da base, Zé Ricardo. Visto que Jayme, o até então auxiliar técnico, fez e faz um trabalho terrível. 

Técnico novo, elenco numa eterna desmotivação, jogo contra a Ponte Preta. Flamengo vence de virada e mostrando ao menos uma aparente vontade  a ponto de recuperar resultado. 

E agora? Como o processo decisório do futebol é uma piada, sabe-se lá o que cabeças amadoras e um dirigente executivo, que não parece querer se comprometer, podem resolver. Pensou-se em Abel, um medalhão mais do mesmo, refutado pela torcida. E agora quem? Como o futebol passa sempre a impressão que não tem ideia do que quer, do sistema, estilo de jogo desejado, perfil de comando, pode então ser qualquer um. E vai ficando Zé Ricardo em meio a tempestade. 

Que ele ajude a ir acabando com este período de revoltas com mais vitórias.  De repente o barco com Zé Ricardo supere esta onda que veio forte querendo derrubar tudo e todos.