quinta-feira, 5 de maio de 2016

Flamengo 1 x 2 Fortaleza. A insistência no erro

O obtuso
 Em mais uma sombria apresentação do esquema tático preferido pelo Muricy, o 4-3-3, que para ele se assemelha ao Barcelona, o Flamengo se perdeu em campo. Desarticulado, espaçado, sem movimentação inteligente foi presa fácil de um time medíocre que jogava nos contra-ataques e nos inúmeros espaços que a execução deste esquema tático pelo Flamengo deixa no campo.

Muito tempo de treinamento não resolveram os problemas já notados por todos na execução deste esquema. Precisa de jogadores que saibam jogar como sanfonas. Recuando e expandindo em sintonia. Abrindo e recuando com a necessidade. Se aproximando e dando opções. Não sei como são os treinamentos feitos pelo Muricy Ramalho, mas em campo as execuções são pífias. Mancuello, que deveria, supostamente, organizar mais o jogo fica meio perdido em campo. Arão se manda pela direita para perto da linha de ataque ocupando espaços que poderiam ser de quem atua pela direita, como o Cirino, que se limita a ficar mais aberto e muitas vezes, recuado. O que atrapalha a movimentação do Rodinei pela lateral direita. Pela esquerda, Fernandinho, o recém-contratado a pedido pelo Muricy e alegremente negociado pelo Rodrigo Caetano, livrando o Grêmio, time onde atuou, de carregar mais este fardo. Como previsto por qualquer um com o mínimo conhecimento de futebol, Fernandinho não jogou nada. Afoito, não passa para ninguém, conduz a bola de cabeça baixa e chuta muito mal. Resultado? Ninguém mais passava a bola para ele, claro. Isolado na ponta esquerda poderia mandar stickers pelo Telegram que ninguém daria a mínima.  Jorge avançou pouco também, ocupado que estava em cobrir a defesa, Quanto ao Cuellar, nosso cavaleiro solitário, teve que aguentar praticamente sozinho a carga na entrada da área. Arão se mandava. Wallace e Juan recuavam mais. 

Enfim, o Flamengo, neste esquema, são como duas unidades independentes. Defesa e ataque. Distantes entre si com baixo acoplamento. Não há o dinamismo no deslocamento que é observado nos times europeus que seguem o esquema. O Flamengo joga congelado nas posições. Evidente que não dá certo. Mas Muricy insiste. E fico pensando, cá comigo, até onde vai a culpa, neste sentido do Departamento de Futebol, que obviamente deve demais a tudo e todos, se este, ao menos hipoteticamente, dá todas as condições para o técnico desenvolver seu trabalho, um técnico conceituado, e ele simplesmente entrega um trabalho abaixo de qualquer crítica? Precisa esperar para ver o andamento do trabalho? Ou ainda dá tempo de demiti-lo e contratar outro para "salvar" o Brasileiro com o time adotando um esquema que simplesmente dê para jogar organizado e eficiente?

Vejamos o sucesso dos times brasileiros que passaram de fase nas Libertadores. Ambos de técnicos estrangeiros e sabemos todos que o nível técnico de nossos treinadores  brasileiros, fazendo uma analogia, são do padrão PV-Wallace para baixo. Muricy, pode ser, que já seja passado. Seu tempo acabou. Vale insistir? Realmente é uma decisão muito difícil. Eu demitiria, para deixar registrado.

Mas no jogo, continuando, vimos problemas de sempre. No primeiro gol do Fortaleza, Wallace vai com a "perna mole" na bola, jogador passa facilmente, vai na direção do gol e PV sai mal. Ele só deu um toquinho para desviar com Juan correndo tentando evitar. Flamengo perde uns gols, Fortaleza outro, e no segundo tempo, Guerrero deixa o seu. Flamengo passa a jogar melhor, aparentemente Fortaleza cansou da correria de contra-ataques. Mas em um lance em que o jogador do Fortaleza recebe a bola no canto da grande área, dribla 1,2,3 vê o gol escancarado e chuta forte no centro do gol que nosso goleiro de braço curto não alcançou. Gol de comercial. Parecia até ensaiado de tanta facilidade em fazer dribles simples e se colocar em posição de chute. Fortaleza 2 x 1. 

Por outro lado, neste jogo, diferente do anterior contra o Vasco, em que tomou o segundo gol e desabou em campo, ao menos neste o time reagiu. Criou boas oportunidades que proporcionou duas boas defesas do goleiro Ricardo Berna, ex-Fluminense. Todo goleiro é melhor que PV em qualquer partida que o Flamengo jogue. É impressionante o quanto nosso goleiro é sempre pior em comparação com qualquer outro. E na última oportunidade, cruzamento para pequena área, e o Flamengo perde um gol a lá Deivid. Jogadores se enroscaram e ninguém esticou a perna para meter a bola para dentro. Enfim, seria um empate quase que imerecido. Fortaleza, um time bem fraquinho, sem nada demais, ao menos era organizado dentro de suas limitações e o Flamengo, de nítida qualidade técnica superior, estava muito, mas muito desorganizado. Muito aquém do tanto trabalho e investimento que é colocado para melhor performance.

Recomendaria demais ao Muricy voltar ao esquema que proporcionou ao Flamengo as melhores partidas deste ano, o 4 4 2. Equilibrado, simples, jogadores entendem e compõe e recompõe com facilidade. Mas Muricy não quer. Desde a surra que tomou do Barcelona pela Santos nunca esqueceu. E este trauma do Muricy está sendo nossa desgraça.