quinta-feira, 31 de março de 2016

Flamengo 1 x 1 Vasco. O Flamengo voltou.

O Flamengo voltou a jogar como Flamengo. Pelo menos este jogo contra o Vasco. Um clássico, no exato sentido da palavra, e como tal, morria de saudades de ver o Flamengo disputando novamente à altura. Com gana, determinação, e vontade de ganhar as divididas. O jogo foi assim, alternando domínios, chances sendo criadas de lado a lado. Um gol em falha na defesa de um lado. Comemoração. Um gol em falha de defesa do outro (Ah Flamengo com seu Wallace e PV!) e empate. Comemoração. Jogo acalorado, A hora passava rápido. Não se sentia aquela raiva e frustração que vem desde 2015 do Flamengo aquém. Dando menos. Blasé. Desta vez foi um TIME disputando um CLÁSSÌCO. E como tal o jogo fica GRANDE por mais limitações técnicas e táticas que possam ser percebidas, estas são apenas detalhes em meio a tudo que acontece. Parece simples falar isto. Trivial. Mas, me permitam reviver a sensação de vários clássicos que presenciei no passado com este clima e emoção. Do Flamengo entrar em campo com alma. Precisava disso de novo. O clube, o time, a torcida. Que esta chama que acendeu hoje seja levada aos jogos que virão.

O primeiro tempo viu-se um Flamengo entrando em campo disposto a ganhar de qualquer jeito. Desta vez foi a guerra. Jogadores pressionados por torcida, sendo achincalhados nas redes sociais, nos bate-papos, diretoria pressionada, técnico criticado, o time entrou na ponta dos cascos, com Guerrero fazendo questão de entrar em campo mesmo tendo jogado há 24 horas atrás pela Seleção do Peru. Ederson desta vez mais atrás conseguiu equilibrar o meio de campo. Sheik, mais uma vez em uma partida medíocre, transitava com a bola com Gabriel dando várias opções. Marcio Araujo e Arão faziam boa transição defesa e ataque. Vasco se trancava atrás em seu jogo chave de cavar faltas a todo momento para as bolas serem lançadas na área, o que até chega a surpreender visto que tem bons jogadores de condução de bola, velozes, o que faz esta tática parecer até prejudicar o time certas vezes. Guerrero perdeu uma chance incrível, com o gol aberto e o goleiro Martin Silva fez outras boas defesas. Um primeiro tempo 0 x 0, mas bom de se ver. O tão criticado Marcio Araujo jogava muito bem, e, diga-se, o fez até o final do jogo. Jorge e Rodinei faziam boas jogadas pelas laterais. Ederson tinha liberdade de criação o que fez o predomínio do Flamengo ser maior.

No segundo tempo, Jorginho colou Diguinho no Ederson e isto matou a armação das jogadas do Flamengo. Sheik continuava produzindo mal e sempre entrando na diagonal dificultado as entradas de Jorge pela esquerda, que, mesmo assim, fez boas jogadas. Vasco avançou, fez boas jogadas de velocidade (sem precisar cavar faltas) o que exigiu boas defesas do Paulo Vitor. Muricy percebeu o problema, e colocou Alan Patrick no lugar do Ederson. Flamengo voltou a reconquistar o meio. E numa substituição há muito esperada, e a qual comemorei com fogos mentais, tirou Sheik e pôs Cirino. Encostando Gabriel na esquerda e fazendo Cirino atuar pela direita. Flamengo então ganhou volume, consistência. Virou opressor, dominador, sufocou o Vasco e, enfim, numa boa jogada pela esquerda, centraram na cabeça do Cirino, que, desmarcado, cabeceou para inaugurar o placar e marcar seu primeiro gol em clássico. Flamengo 1 x 0 Vasco. Muito merecido pelo que os dois times apresentaram até ali.

Mas o que se estava presenciando era um clássico. E um clássico não é um jogo comum. Ele pulsa diferente. E então, logo depois do gol do Flamengo,em uma jogada de escanteio PV sai em falso (para variar...), Jorge não sobe, Arão não acompanha atacante, e gol do Vasco. No famoso gol de escanteio que o Flamengo parece que tem obrigação de tomar jogo a jogo. O ânimo abaixa. Ninguém gosta de injustiça. Mas no finzinho do jogo, os deuses mostraram que não, neste jogo não haveria vencedor a não ser o expectador, e em um lance bizarro em que Arão (que, aliás, fez muito boa partida) chuta a bola, bate na trave, fica rodopiando pela pequena área, tudo mundo se embaraça e...nada. Não era para acontecer. 

Evidente que o empate é água no chope se tem a expectativa de vitória. Mas, para mim, a percepção que este time é capaz sim de LUTAR, que este time tem alma, mesmo que tenha estado escondida, e que peças que julgava inoperantes como Marcio Araujo, Cirino e Alan Patrick, mostraram que se tiverem vontade e fome, podem sim jogar bem como fizeram hoje. O Flamengo renascido valeu meu dia.