segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sobre o Elenco para 2016

Salve, Buteco! Com o fim das chances de G4 e Libertadores, surge a oportunidade para discutir o elenco do Flamengo para 2016. Parto do pressuposto que a chapa vencedora nas eleições tratará o futebol com prioridade e sobretudo lhe dará mais atenção, seja em tempo de dedicação, seja em nível de investimento (valores absolutos e qualidade de profissionais dentro e fora de campo). Para o debate se iniciar com um mínimo de qualidade e ser propositivo, eu tentei ser o mais racional possível, por entender que dirigente não pode tomar decisões pautado pelo calor das emoções, próprias ou alheias, muito embora não deva ser insensível à paixão do torcedor.

Um importante critério para a reformulação do elenco, que desenvolverei mais adiante no texto, é o treinador. Parto do pressuposto que será um treinador de primeira linha. Não vejo outra forma de "desvirar o fio" e o futebol do Flamengo finalmente decolar. O treinador sempre tem um peso significativo em importantes decisões a serem tomadas quanto ao aproveitamento alguns atletas, o que é natural. Por isso mesmo, se não for uma excelência em seu meio, o trabalho já nasce torto desde a concepção.

Fixadas essas premissas, passo às sugestões.

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Goleiros - posição muito carente. Paulo Victor, o titular, não pode ser classificado como ruim, mas tampouco é um goleiro de primeira linha no futebol brasileiro. Os reservas são tão despreparados que tenho fundadas dúvidas se terão condições de se firmar até mesmo em um clube de pequeno porte da Série A do futebol brasileiro. A carência na posição foi um dos principais fatores para o Flamengo perder tantas partidas no Campeonato Brasileiro/2015 e mesmo não ganhar ou não conseguir segurar resultados e nem reagir em muitas outras. Posição para investir forte e pesado. Minha tendência seria até mesmo de negociar Paulo Victor. Em tempo: Alex Muralha e Aranha, por exemplo, são nomes para reserva, mas na minha opinião não para chegar e vestir de pronto a número 1 rubro-negra.

Lateral direita - o noticiário dá conta da iminente renovação com Pará. Para mim, a vaga na Libertadores era um divisor de águas nesse assunto. Pará, embora não possa ser classificado como um jogador ruim tecnicamente, tampouco é acima da média no quesito, sendo apenas mediano. Contudo, é muito experiente e compôs linhas defensivas de equipes muito fortes em clubes grandes do futebol brasileiro, tendo sido inclusive campeão da Libertadores da América pelo Santos. Sua experiência teria alguma importância no elenco para uma Libertadores, embora também não deixasse de ser importante na montagem de um time mais "cascudo" para ganhar o Brasileiro. O problema está no valor dos salários e na relação custo x benefício. Para mim esse é o fator decisivo e por isso não o manteria. Prefiro investir mais forte em outras posições mais decisivas, deixando bem claro que estou longe de integrar a parcela da torcida que rejeita o jogador. Saindo ou não, é inegável que precisamos de outro lateral direito que não seja o Ayrton, não importando quem vier a ser o titular da posição.

Zaga central e quarta-zaga - César Martins alterna atuações razoáveis com momentos de zagueiro-de-roça. Wallace é um jogador de brios, porém muito limitado tecnicamente. Marcelo é outro limitadíssimo tecnicamente. Samir é o melhor no aspecto técnico, mas péssimo no jogo aéreo. Temos um problema sério na zaga. Deixaria para o treinador decidir quem ficaria e quem seria negociado entre os quatro, mas certamente reforçaria o setor com pelo menos dois nomes.

Lateral esquerda - Imagino que não exista maiores controvérsias nessa posição. Jorge, com grande potencial para ser ídolo da torcida, evidentemente seria mantido. Falta um bom reserva porque nosso jovem titular tende a ser convocado por diversas vezes para a seleção sub-20. Armero não pode ser esse reserva pelo alto custo que representa.

1º Volante - Quero aqui registrar o meu respeito e reconhecimento pelas dedicação, seriedade e raça do Márcio Araújo, mas considero muito importante qualificar de fato o elenco. Contrataria outro para o lugar e não renovaria, mas se isso ocorrer, por decisão da Diretoria, o elenco deveria ser montado de tal forma que em hipótese alguma ele precisasse ser utilizado em posição mais adiantada que primeiro volante, à frente da zaga ou atrás da segunda linha de quatro. Manteria e investiria em Jonas, trabalhando seu lado psicológico, e daria oportunidade para jogadores da base.

2º Volante - Posição decisiva para a cadência do time dentro de campo. Renovaria com Canteros, com contrato até julho/2016, primordialmente para não perder o  nada desprezível investimento feito para trazê-lo, ainda que para posteriormente negociá-lo, pois o atleta com certeza tem mercado no exterior em praças como o México, China ou Oriente Médio. Ressalto, nesse ponto, que foi um dos alicerces para a subida de produção do time (seis vitórias seguidas) quando jogou como segundo volante, embora me recorde que, antes da contratação, jornalistas argentinos tenham frisado que em seu próprio país de origem já sofria a crítica de não ser forte na marcação. Deixaria a decisão de aproveitá-lo para o novo treinador. Porém, tomaria dois rumos alternativos a partir da decisão de ficar ou não com Canteros, tamanha a importância que dou para essa posição: a) ficando, contrataria outro segundo volante, de alto nível, para ser titular ou disputar a titularidade com o próprio Canteros, conforme o caso; b) se Canteros for negociado, contrataria dois segundos volantes, sob pena de assistirmos novamente a Márcio Araújo e Jonas, ou eventuais sucessores, exercerem a função, o que comprometeria a almejada elevação da qualidade do elenco e própria montagem do esquema tático do time titular, ao menos no nível que se deseja.

Sem prejuízo da opção por ter dois segundos volantes mais tarimbados no elenco, daria chances ao Jajá para amadurecer profissionalmente e em princípio tentaria negociar Luiz Antonio, nem que por empréstimo, embora ache que seja um jogador com bons recursos técnicos e poderia render sob a orientação de um treinador de ponta. Logo, também não faria da negociação dele um "cavalo-de-batalha", aceitando eventual pedido do treinador de aproveitá-lo.

Meia Central - Posição dificílima, pela escassez absoluta de opções no mercado e por ser muito claro que o time é um com Alan Patrick e outro sem ele, bem mais frágil e pobre tecnicamente. Por isso, não só manteria o Alan Patrick, a despeito da oscilação em algumas partidas e desconfianças quanto ao comportamento extracampo, como ainda buscaria outro nome para disputar a titularidade. Trata-se de posição e função chave na montagem de qualquer esquema tático. Não é posição para economizar, assim como a de goleiro. Só para não passar batido, é claro que não manteria o Almir. 

Meias Atacantes - Manteria e daria muita atenção à condição física, fisiológica e muscular do Éderson, jogador muito técnico e goleador, e que, por possuir essas características, pode vir a ser decisivo. Tentaria negociar o Gabriel, mas se não encontrasse um bom negócio a ponto de recuperar o investimento, daria prioridade para um trabalho de reforço muscular e de finalizações para tentar retomar a boa fase do segundo semestre de 2014 e em seguida, negociá-lo. Quanto a Everton, que acredito ter mercado, tentaria negociar por achar que, embora seja um jogador de grande utilidade tática, por jogar em várias posições, é primordialmente um meia-atacante e, nessa posição, possui limitações técnicas severas como, por exemplo, nas finalizações, e nesse ponto é possível aumentar a qualidade do elenco com as negociações tanto dele, como do Gabriel. A título de exemplo, não é melhor ter um bom reserva para a lateral esquerda e um meia-atacante com a eficiência de um Luan (Atlético/MG), que não joga na lateral esquerda? Por isso eu me desapegaria de ambos (Everton e Gabriel) e partiria para a renovação, com o cuidado de recuperar o investimento, como explicado.

Ataque - Pela qualidade técnica acima da média, manteria Emerson Sheik, Marcelo Cirino e Paolo Guerrero. Poucas equipes têm em seus elencos atacantes desse nível. A questão é ter um treinador de ponta que possa desenvolver um trabalho de longo prazo e extrair o melhor de cada um deles. Emerson não pode ser titular absoluto e jogar todas as partidas por conta da idade, mas não tenho dúvidas de que é o jogador que hoje, dentro do elenco, melhor entende o que é jogar em um time grande e suportar pressão. Além disso, é raçudo e comprometido. Marcelo Cirino, em seus bons momentos esse ano, mostrou, para a minha surpresa, mais visão de jogo e categoria do que velocidade, força física e pulmões. Representa um investimento muito alto e o clube não pode simplesmente desistir e reconhecer publicamente sua incapacidade de lidar com o atleta, como que assinando um atestado de incompetência para o mercado. Penso parecido em relação a Paolo Guerrero, que me parece não ser um jogador de marcar gols em profusão, sendo um centroavante mais no estilo tático e muito bom dentro dessa função.

Quanto a Paulinho, pode ser que esteja me precipitando, mas vejo nele traços de comportamento extracampo muito semelhantes ao do Adriano Imperador. Poderia ser um bom atacante para integrar um elenco fortíssimo no ataque, mas a impressão que esse atleta passa é que perdeu o controle de seus atos, com nítidos reflexos em seu desempenho dentro de campo, o que já podia ser notado bem antes dos episódios conhecidos do "Bonde da Stella". Seria minha prioridade absoluta para negociação e, por isso, tentaria contratar outro atacante para o seu lugar. Manteria Kayke, insuficiente para ser titular, porém muito bom reserva para Guerrero, e, evidentemente, daria muitas oportunidades a Matheus Sávio e Thiago Santos. Emprestaria Douglas Baggio para ter sequência e efetivamente jogar em outro clube, de modo a que se possa ter noção mais precisa de como se sairá no futebol profissional brasileiro, e Nixon para ter sequência na carreira e viabilizar eventual negociação no futuro.

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Finalizo falando mais uma vez a respeito do treinador, complementando o texto da semana passada. Tenho insistido muito no ponto da estrutura e da coordenação entre os profissionais e setores do Departamento de Futebol. Porém, quero deixar muito claro, mais uma vez, que não acho que todo o histórico de más campanhas (em geral) do Flamengo nos campeonatos brasileiros das últimas duas décadas e meia possam ser explicadas por uma só causa e sim por uma miríade de fatores. Não tenho dúvida que um dos mais importantes e preponderantes é a troca constante de treinadores e também não ter um treinador de ponta à frente do elenco.

Não acho que Oswaldo de Oliveira seja um treinador ruim ou mesmo um incapaz na profissão. Seria um enorme exagero e um grande desrespeito desqualificá-lo dessa forma. Todavia, tampouco acho que pode ser qualificado como um dos melhores treinadores, mesmo no Brasil. Considero-o, enfim, apenas mediano. Eis o motivo pelo qual entendo que não deva permanecer. O Flamengo deve buscar o melhor possível para implementar a nova filosofia de trabalho, recomeçando do zero no novo triênio. E o melhor possível não passa pela manutenção de Oswaldo de Oliveira. Muito longe disso. Seu currículo fala por si.

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Concordam, discordam? Mandem brasa nas opiniões!

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O texto até aqui foi escrito na sexta-feira, antes do jogo contra a Ponte Preta. Foi bacana comparecer ao Mané Garrincha e voltar sem precisar alterar uma linha sequer de seu conteúdo. Sei que foi apenas uma partida, noventa minutos, mas minhas convicções a respeito de Oswaldo de Oliveira apenas se reforçaram. Sua escalação no primeiro tempo não deu certo. Numa confusão entre o 4-3-2-1 e as 4-1-4-1 às vezes com Márcio Araújo jogando centralizado na segunda linha de quatro na função de meia armador, o Flamengo não conseguiu preponderar no meio campo por vários períodos na primeira etapa. Porém, bastou Oswaldo recuar Márcio Araújo para a frente da zaga e lançar Canteros no lugar de Jonas para o time se transformar. Foi o melhor momento da equipe na partida e não por acaso quando Gabriel marcou seu belíssimo gol.

Contudo, eu, como muitos torcedores a minha volta não entenderam a substituição  no intervalo de Everton, que vinha fazendo uma partida bastante correta na lateral esquerda, muito menos o deslocamento de Pará, que fez uma partida medíocre no primeiro tempo, para o setor esquerdo. Ayrton realmente entrou melhor do que Pará e se entendeu bem com Gabriel pela direita, mas isso não explica a saída de Everton.

Outras duas opções infelizes foram a manutenção de Alan Patrick na segunda etapa e a entrada de Ederson no lugar de Emerson Sheik. No caso de Alan Patrick, temo que tenha sido sua pior atuação com a camisa rubro-negra. Errou tudo, inclusive uma oportunidade clara de gol, com goleiro batido. Sua atuação desastrosa já havia sido notada no primeiro tempo. Com a entrada de um Ederson completamente fora de ritmo de jogo, somado a um Alan Patrick que não passou de mero expectador dentro de campo, Oswaldo quase fez seu time levar uma virada para uma Ponte Preta com goleiro improvisado e um jogador a menos em campo.

Percebam: com Everton tinindo fisicamente (como pude constatar in loco) na lateral esquerda e um atacante veloz (Thiago Santos, Matheus Sávio) pela esquerda, incomodando como Gabriel (boa partida) pela direita, arrisco dizer que o Flamengo teria vencido a partida de ontem. Oswaldo, contudo, optou por deixar o time se arrastando dentro de campo.

Acaba logo, 2015...

Bom dia e SRN a tod@s.