segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Vitória Morna

Salve, Buteco! Vitória morna, burocrática, no bizarro horário do almoço, contra a equipe que talvez seja a mais fraca do campeonato. O Flamengo foi soberano durante os noventa minutos e, à exceção de um ou dois lances, não foi ameaçado pelo Joinville, tendo criado outras chances de gol além das convertidas. Nem por isso jogou bem, nem por isso convenceu. Quem está de parabéns é a torcida, que compareceu em massa ao Maracanã, mesmo após três derrotas consecutivas, acolhendo a equipe e lhe dando suporte para retomar o caminho das vitórias. Mas qual seria o motivo da queda de rendimento, se é que podemos mesmo dizer que foi um só? É comum as pessoas buscarem uma causa ou um culpado para um problema, quando a realidade pode ser bem mais complexa e não se mostrar passível de explicação por apenas um ângulo. 

Neste passo, costumo sempre dizer nos bate-papos com amig@s no Buteco que a diferença entre o gênio, o craque, o jogador acima da média e o comum está, basicamente, na regularidade em que cada um produz os lances geniais, mais decisivos ou de maior importância ou qualidade. Tenho para mim, então, que um dos motivos para a queda de rendimento da equipe pode ser a simples incapacidade de boa parte do elenco de jogar em alto nível por longo período de tempo, eis que, afinal de contas, não estamos falando das atuais equipes do Barcelona, do Real Madrid ou do Bayern de Munique, por exemplo. Outro fator que pode perfeitamente a ele se somar, por não ser excludente, é o fato dos adversários, após seis partidas, não mais se surpreenderem por esse time do Flamengo, ainda mais se levarmos em conta os diversos recursos tecnológicos atualmente disponíveis para estudar as equipes. É até desnecessário ressaltar que nesse ponto o trabalho do treinador ganha muita relevância, não só viabilizando novas opções ofensivas para a equipe, além de corrigir os erros defensivos, como também estudando os adversários.

Resta ainda a questão da motivação e do comprometimento dos atletas. Não se pode dizer que esse elenco jogue de má-vontade ou não se empenhe dentro de campo. Ao mesmo tempo, não é de hoje que a torcida sente que falta alma rubro-negra a esse time, que não por acaso vem falhando em momentos decisivos. Por mais que se possa dizer que o problema já é antigo na Gávea, foi presente nesse triênio da administração "Blues", podendo-se dizer que a Copa do Brasil 2013 foi um ponto positivo fora da curva negativa, causado por circunstâncias muito especiais que acenderam naquele elenco a vontade de conquistar o título. Não se vê nada remotamente parecido no elenco atual, que chega ao ponto de, dentro de campo, permanecer impávido e indiferente a agressões físicas explícitas e flagrantes feitas por adversários. O time corre e se empenha dentro de campo, mas passa a impressão de o fazer apenas por pura obrigação profissional, portando-se de forma indiferente à paixão do torcedor.

O que fazer para a relação torcida x time voltar a dar liga?

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O jogo tinha tudo para ser mais desgastante do que foi. A amenização do clima no Rio de Janeiro sem dúvida afastou mais um difícil adversário para quem precisa tomar a iniciativa do jogo, que seria o calor escaldante do meio dia na cidade. Além disso, nunca é fácil jogar contra um adversário retrancado. Se o Brasil de Nilton Santos, Pelé e Garrincha teve contra uma obscura equipe de País de Gales em plena Copa do Mundo, por que o Flamengo não teria contra o Joinville? Temos aqui outro possível fator que contribuiu para o time não jogar bem ontem. Apesar disso, pôde-se notar claramente que Alan Patrick não estava tecnicamente em um bom dia, que Everton não apareceu tanto quanto em outras partidas, ao contrário de Paulinho, que foi mais presente, embora longe de ser brilhante. César Martins foi o melhor da defesa. Alan Patrick, por sinal, como mostram os números, é o principal jogador do time e é em torno dele que tudo acontece.

De positivo, achei que o time não fugiu do padrão tático, ainda que até certo ponto previsível, porém sem se afobar em momento algum. De negativo, a baixa qualidade técnica da atuação de todos em geral e aquela já comentada falta de vibração na partida. Foi interessante observar que, após o segundo gol, o time parece ter tirado um peso de cima das costas, jogando de forma mais alegre, até displicente. Talvez seja um importante ponto a ser trabalhado no aspecto psicológico.

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O Mais Querido só voltará a campo pelo Brasileiro dia 14. Até lá, um longo tempo para Oswaldo preparar a equipe e buscar novas alternativas ofensivas e corrigir os erros da defesa. A luta pela vaga na Libertadores continua. O campeonato parece ter em Corinthians, Atlético/MG e Grêmio os prováveis donos cativos das três primeiras colocações. A quarta posição está em aberto e os aspirantes Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Santos e Internacional apresentam performances instáveis e bastante oscilantes ao longo do campeonato. E dentre eles, o trio paulista terá pela frente dois desgastantes duelos pelas semifinais da Copa do Brasil, período durante o qual provavelmente serão forçados a poupar atletas titulares. 

Chance de ouro para o Flamengo de Oswaldo abrir vantagem e assegurar de vez a vaga na Libertadores. E para tanto, o ideal é chegar às datas da Copa do Brasil com a quarta colocação já reconquistada.

Como de praxe, a palavra está com vocês para falar do jogo de ontem e das perspectivas do Mais Querido no campeonato.

Bom dia e SRN a tod@s.