quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Uma vitória ainda que preocupante.

Sheik, o "MVP" do jogo

O Flamengo venceu no Maracanã fazendo 3 gols. Ufa. Dois mitos vencidos de uma só vez. Vencer na casa do Consórcio da Odebrecht, o que se tornou estranhamente muito raro e ainda fazer 3 gols. Nem me lembrava mais a última vez. Cheguei a crer que não era sequer permitido mais o Flamengo ter a "audácia" de marcar mais de 2 gols em um adversário. 1 gol já é complicado, 2 são motivos de fogos e mesmo assim. lembrando, não resolveram contra o Santos.

E como foi a partida, turbinada pelo "fator Cristóvão" depois de dias de lamentações públicas pelas críticas que dizia serem ofensivas e racistas, embora tenha sido capaz de citar apenas um único exemplo de quase 1 mês atrás de um jornalista identificado, o qual não quis nomear, na confortável saída da generalização. A emissora ESPN fez um show a parte, e, como é de praxe, preferiu condenar a torcida pelo "crime" que ela não cometeu com uma série de discursos acusatórios em que vitimizavam Cristóvão. Ora, quem não dá resultado é criticado. Simples assim. Se comete erros em série as críticas sobem proporcionalmente e com o tempo, exponencialmente. Até a direção tomar tenência e demitir o profissional.  É uma forma de proteção do "sistema". 

E neste jogo contra o AtléticoPR o Cristóvão começou armando o time bem. Como, tenho que reconhecer, vem fazendo nos últimos jogos. Confesso que quando olhei a escalação gelei. Mas recuar o Alan Patrick como um terceiro volante e deixar o Marcio Araujo mais à direita como "linha auxiliar" do Pará foi uma bela armação tática do Cristóvão. Ederson, o estreante, embora um tanto sumido no primeiro tempo, no segundo tempo se soltou mais e participou mais do jogo, buscando sempre a objetividade. Sheik, em uma noite inspirada, fez a sua, acho eu, melhor partida pelo Flamengo. Sendo o dono do time, o craque da bola. O Flamengo o procurava em campo, como um magneto. Fazia a bola girar e se deslocava facilmente. Parado com faltas, sua atuação acabou amarelando vários jogadores adversários. O Pará também jogou muito bem. Também acho que foi sua melhor atuação pelo Flamengo. Não tendo medo de ir a linha de fundo, talvez pelo deslocamento do Marcio Araújo em seu setor, lembrando os tempos em que fazia isto pelo Leo Moura com Luxemburgo.

Everton e Jorge com atuações seguras, Alan Patrick com belo gol de falta e ótimos lances de bola parada. Enfim, um time bom de se ver.

Mas...

Temos o elo fraco. Um time tem que se preocupar com seu elo fraco. Não adianta ter craques, jogadores ótimos, os elos fracos é que dão a medida de sucesso de uma equipe ao longo do campeonato. Um setor fraco é explorado pelo adversário e quebra uma atuação boa do time. Vimos isto contra o Santos. Flamengo em boa atuação com Guerrero, Sheik, jogando bem, alegrando a torcida, mas tinha o goleiro Paulo Vitor fora de ritmo, e, como visto depois, ainda com edema na perna fraturada, sofrendo dois frangaços e afundando o time. Elo fraco.  

E neste jogo o elo mais fraco, nossa zaga, ficou cristalina. Temos dois zagueiros com as chuteiras coladas no chão. Péssimos em bolas aéreas. O zagueiro recém-contratado, César Martins, que, ao chegar, saiu do táxi do aeroporto e já foi direto pro campo jogar, está muito mal. Não é a toa que o Benfica o dispensou rapidamente. Sem tempo de bola algum pelo alto e sem impulsão. É um completo inútil em bolas levantadas na área. E Wallace? Há tempos não jogando bem, é outro que está em má fase, enervando toda torcida. Embora tenha marcado o primeiro gol. É uma dupla limitada. Ainda não entendo a perda da titularidade do Marcelo, embora reconheça que há uma grande e injustificada perseguição da torcida com ele. Marcelo é nosso melhor zagueiro em bolas altas. E taticamente bastante eficiente. Samir, enquanto não está no Departamento Médico, não pode ser reserva neste time,  embora ainda seja taticamente tão indisciplinado quanto Wallace, saindo da linha a todo momento deixando de guardar a posição defensiva, além de se aventurar na frente com o time precisando manter resultado.

Isto me preocupa. Como o treinador ainda não percebe esta falha crônica? São 4 gols de bolas cruzadas em 3 jogos. É muito. Tem que treinar mais. E não é só zagueiros, os goleiros não tiram os pés da linha de gol. Técnico e preparador de goleiros bastante deficientes neste fundamento. Atacantes sobem para cabecear no meio da área sozinhos, sem combate. Como termos isto no Flamengo? É inconcebível. Se os jogadores não melhoram com o treinamento, troque os titulares. Do jeito que está não dá. Este "elo fraco" será explorado mais a fundo pelos adversários. Hoje escanteio contra o Flamengo já pode ser considerado um pênalti.  E não adianta o técnico vir com boas soluções do meio para a frente com a zaga nesta draga que está nas bolas aéreas. O adversário sabe. Ele estuda. Então explora. E um jogo que poderia se tornar positivo para o Flamengo vira empate. Ou derrota. E então vem as críticas contundentes. Sacou Cristóvão?

Por Flavio H Souza
twitter:@PedradaRN