É, Cristóvão. Tenho que reconhecer que o time jogou melhor do que o adversário e dominou a partida toda. Aliás, o adversário praticamente não pressionou, embora jogasse em seus domínios. Limitou-se a marcar o Flamengo em seu campo. De nossa parte, em alguns momentos, especialmente no primeiro tempo, o time até tocou bem a bola. Analisando o jogo todo, podemos afirmar, sem exagero, que teve bola na trave, teve chance perdida, teve aquela opção infeliz de passe que poderia resultar na bola do jogo, enfim, ampla superioridade, porém o Flamengo não saiu do zero no placar e o adversário marcou seu gol em uma jogada isolada, numa bola rebatida que bateu no rosto do Márcio Araújo, em um lance de pura falta de sorte e infelicidade. Então não vou te crucificar, Cristóvão, de forma alguma, porém permita-me, com toda a sinceridade, dizer-lhe que está faltando algo e não me refiro a qualidade técnica ou postura tática.
O Flamengo tratou a vitória com desinteresse. Cadê a vontade de vencer desse time? Agiu como aquele rapaz que despreza a moça até vê-la nos braços de outro, mas quando corre atrás, já é tarde. Não vi corpo mole, não vi vontade de te derrubar, Cristóvão, mas tampouco consegui enxergar o ímpeto, a gana, aquela vontade de ganhar posições e buscar algo mais nesse campeonato que caracteriza os vencedores. Sejamos sinceros, que time conquista algo tão difícil como um título brasileiro sem esse ímpeto? No Flamengo, ao menos, eu posso te garantir, jamais aconteceu em toda a história centenária do clube. Novamente aqui não direi que é culpa sua, ou ao menos que seja exclusivamente sua. É claro que você tem sua responsabilidade na parte motivacional, mas vejo-me forçado a reconhecer que já passou da hora desse grupo de atletas também fazer a sua parte e dar algo mais de si dentro das quatro linhas.
Mas Cristóvão, continuando a ser muito franco, você precisa se ajudar. Muitos amigos aqui no Blog até pedem o Luiz Antonio entre os titulares, mas por favor me explique como o time, que foi para o vestiário com zero no placar, contudo jogando mais do que o adversário que, acuado, não pressionava, passaria a criar mais com a saída de um meia que jogava razoavelmente para a entrada de um terceiro volante? O time não ficou menos ofensivo? Não passaria, como de fato passou, a criar menos? E por que a substituição tinha que ocorrer no intervalo? Não é jogando junta por mais tempo que a formação com a qual você tem iniciado os jogos ganhará mais entrosamento e ritmo de jogo? Ajude-me a te entender, Cristóvão, por favor. Esse elenco pode não ser o ideal e nem o melhor possível, mas é superior à posição na qual se encontra na tabela de classificação. Eu sei, eu sei, você não tem tanto tempo assim no cargo, mas veja, o Doriva, que estreava pelo adversário ontem, conseguiu fazer o time dele ao menos jogar em velocidade. Será que dava pra tentar fazer do Flamengo um time mais objetivo, hein, Cristóvão?
E ainda tem essa incrível falta de resistência à menor pressão dos adversários. Cristóvão, o Flamengo é mais do que o purgatório, local em que se encontra atualmente. Convença esse elenco disso e talvez você tenha longevidade no cargo. Certo ou errado, é como as coisas funcionam no clube. E você sabe que é sempre mais simples e operacional trocar mais uma vez o treinador do que o elenco inteiro, né?
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Guerrero não jogou bem e perdeu a bola do jogo. O árbitro, por sua vez, apenas aplicou a orientação da FIFA a respeito de reclamações ostensivas ao lhe mostrar o cartão amarelo. O tratamento dado ao Flamengo, contudo, foi injusto e desproporcional, pois Guerrero foi agredido e o agressor saiu impune. É aceitável exigir de Guerrero mais prudência nas reclamações, mas é preciso reconhecer que não há jogador do mundo que não reclamaria da arbitragem e do adversário após tomar uma entrada como aquela.
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As arbitragens continuam a ser um problema. Como estabelecer prioridades, como por exemplo a Copa do Brasil, se o time tem esse "queixo-de-vidro" (By BCB)? Uma atuação como a de ontem ou uma "arbitragem cirúrgica" e a eliminação na Copa do Brasil será uma realidade, na próxima fase ou na seguinte, no máximo. Para enfrentar o desafio das arbitragens de má-vontade ou mesmo o pior dos adversários determinado é preciso ter muito mais força mental do que esse time vem apresentando.
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A palavra, como sempre, está com vocês. Soltem o verbo e mandem a escalação para quarta-feira, contra o Atlético/PR, no Maracanã.
Bom dia e SRN a tod@s.