quarta-feira, 15 de julho de 2015

Apertem os cintos para os próximos vexames do futebol brasileiro


A arrogância de muitos jornalistas esportivos e a maioria dos dirigentes, treinadores e ex-jogadores brasileiros predomina, apesar de todas as evidências em contrário às suas teses, nos debates esportivos quando o assunto é a contratação de profissionais estrangeiros para comandar times nacionais e, principalmente, a seleção da CBF;

Para todos Felipão tem condições de dirigir a seleção portuguesa e um dos clubes mais estruturados do mundo, o inglês Chelsea. A África do Sul pode ser treinada por Joel Santana e Carlos Alberto Parreira antes e durante um Mundial de seleções, e sobra conhecimentos sobre futebol a Vanderlei Luxemburgo para ser o técnico do Real Madrid, porém, para eles um estrangeiro não será capaz de ser bem-sucedido à frente da seleção canarinho, mesmo depois de levarem na cara uma semifinal de Copa América na qual os quatro times eram comandados por argentinos;

Futebol é arte e arte não tem nacionalidade. A mesma que os gringos importaram dos brasileiros em troca dos chutões para a frente e para o alto, e dos chuveirinhos que os caracterizavam até os anos 80. O resto é baboseira recheada de arrogância tendo como base as cinco medalhas de ouro conquistadas nos últimos 50 anos, garantindo um passado glorioso que assombra um presente da mais absoluta mediocridade que domina as mentes e os pés dos que lançam à escuridão os nossos clubes, federações e campos de futebol;

Por falar em escuridão mental, é sabido que diagnósticos equivocados possuem o dom de piorar as condições do cliente ou do paciente. No futebol de resultados imediatos costumam afundar o clube em crises profundas, já que premissas falsas dificilmente conduzem à conclusões verdadeiras. Infelizmente, o Flamengo seguiu por esse caminho e a consequência foi encostar na contratação de vinte treinadores apenas neste século, por sempre debitar os fracassos dentro de campo exclusivamente  na conta dos treinadores, sem olhar o seu próprio umbigo para encontrar os reais motivos dos sucessivos insucessos do time nas diversas competições das quais participa e participou;

E assim, não atinge o âmago da questão ao não perceber (ou fingir não perceber) a falta de comprometimento de alguns dos atletas em campo, a má condição física do elenco, as péssimas contratações efetuadas, a falta de planejamento na transição dos meninos da base para os profissionais e a desnecessária fixação em ganhar títulos naquelas categorias sem a preocupação de lapidar talentos para o time principal. Mais uma vez repito: Zico atualmente seria dispensado ao chegar na portaria da Gávea graças ao seu físico franzino;

Passando para a encrenca do dia, a partida de ida da Copa do Brasil contra o Náutico em Recife, a volta de Paolo Guerrero e Emerson reacendem as esperanças na subida de produção do time como um todo para obtermos a classificação para a próxima fase desse ótimo atalho para a Libertadores de 2016. Apesar de um jogo difícil, acredito numa boa vitória, levando em consideração a atípica vocação do atual elenco em suportar melhor as pressões em domínios adversários do que as advindas do apoio doméstico quando atua no Maracanã;

Se para vencer, o Flamengo precisa ser bipolar, que o seja e volte a nos brindar com uma atuação do nível da que teve contra o Internacional, em Porto Alegre, na semana passada.

SRN!