quinta-feira, 14 de maio de 2015

Uma boa padaria produz bons pães

Esta gestão do Flamengo me faz usar, de forma recorrente em intervenções nas redes sociais, uma mesma frase: Não adianta uma padaria ter as melhores instalações, os melhores métodos administrativos e processos operacionais, porque, se o pãozinho não sair gostoso, não vai ser considerada boa padaria.

Preparando a massa. Sairá um bom pão desta vez?
E o Flamengo podemos dizer que hoje seja uma "boa padaria"? Não. Apesar do reconhecimento da imprensa especializada dos formidáveis esforços administrativos visando a recuperação econômica de um clube insolvente, depois de várias gestões temerárias em diferentes anos, o Flamengo não produz um produto de qualidade. O futebol praticado é aquém, muito aquém, da qualidade esperada por seus torcedores. 

Mesmo que felizes e orgulhosos pelos resultados administrativos alcançados, embora ainda haja muito o que melhorar, os torcedores esperam mais. Ainda que os balanços financeiros mostrem lucro e dirigentes dizendo que há orçamento para contratações, com empréstimo sendo aprovado pelo Conselho Fiscal. Estas contratações podem não chegar a ponto de reforçar dignamente um time mal-treinado pelo Luxemburgo. Um time travado, sem movimentação, posicionamento defensivo de quinta-categoria, com atacantes sem qualquer noção ou treinamento mínimo em finalização. O time do Flamengo se mostra  um mero coadjuvante no campeonato. E a torcida se ressente disso. Quer disputar, quer se motivar a ir pro estádio e puxar o time para frente para ser campeão. Mas sabe que deste bando só se espera a luta para não ser arrastado a zona maldita do rebaixamento.

E isto é muito pouco. Claro que amanhã pode chegar uma dupla dinâmica, sensacional, impensada, numa contratação completamente fora do perfil de uma gestão bem cuidadosa no orçamento. Mas como esta dupla, por hora imaginária, se encaixaria neste, vamos dizer, "time" ? E se aparecerem tal como um Armero, avalizado pelo Departamento Médico na contratação, com dor séria no púbis e nem jogarem? Sim, se este Departamento Médico fosse uma padaria, hoje eu não compraria sequer um pacote de farinha de rosca.

Enfim, temos ainda os jogadores que não saem do Departamento Médico, ou voltam, depois de darem o primeiro chute no treinamento após serem liberados. O Flamengo constantemente está com seu elenco (bem) incompleto. E isto, claro, faz parte do processo de produzir este pão intragável. 

É preciso respeitar o torcedor, "o cliente da padaria". Fornecer o melhor produto possível. E isto não está acontecendo. Já são dois anos e meio de gestão que não cuida do seu principal produto com a eficácia que faz em outras áreas do clube. Processos de compra de jogadores que admitem aquisição de Thalyssons, Arthur Maias e Almires...Processo de venda que repassa Hernane ao mercado sem ganhar,até o momento, um centavo...Isto sem falar na falta de supervisão técnica ao treinador que permite que ele entregue um produto final sem a mínima qualidade desejada para um time do Flamengo. É falta de treinamento? Jogadores não obedecem? Como o clube, não o técnico, o CLUBE, analisa isto?

O "dono da padaria" vai ser cobrado por este pão. Os clientes esperaram 2 anos pela reforma da padaria. "Outra Direção", dizia a placa. Agora quer ver esta Direção fazer um pão decente e comestível.  

Por Flavio H Souza
twitter: @PedradaRN