segunda-feira, 25 de maio de 2015

Para Reflexão

Salve, Buteco! Bom, ninguém disse que seria fácil. Quando essa Diretoria assumiu o Flamengo acabando de escapar do rebaixamento em 2012, no final do cataclísmico triênio de Patrícia Amorim, apesar da empolgação de uma nova corrente política tomar o poder no clube, oriunda de segmentos insatisfeitos da torcida, acredito que ninguém em sã consciência acreditava que seria fácil. Em minhas colunas e comentários no Buteco, sempre ressaltei que qualquer um de nós que estivesse envolvido nessa ingrata missão cometeria os mesmos ou semelhantes erros. Alguém por acaso aprende a dirigir em uma Ferrari ou em um Bugatti Veyron, ou a pilotar com a mais sofisticada aeronave? Então, eu esperava que esses torcedores, como aconteceria se cada um de nós estivéssemos em seus lugares, cometessem uma pilha de erros e por isso jamais tive a expectativa de vivenciar o mar de rosas que muitos descreviam.

Por isso mesmo, não acho justo e nem é meu objetivo esculhambar essas pessoas que assumiram a ingrata missão de erguer e sanear o achincalhado gigante rubro-negro. A alternativa seria aquela que conhecemos e isso, ao lado do excelente trabalho administrativo que foi desenvolvido até o momento, basta para não misturá-los a qualquer outra corrente no balaio de gatos que é a política interna do Flamengo. Ao mesmo tempo, não me parece minimamente razoável suspender todo o juízo crítico enquanto o cenário ideal planejado não se concretiza e a atividade-fim do clube vai por água abaixo, e quando digo água abaixo não me refiro ao tedioso e sonolento planejamento de meio de tabela no campeonato brasileiro até que a situação financeira não seja completamente revertida, mas em ano após ano lutar desenfreadamente contra o rebaixamento para a Série B, como se fosse meta estatutária do clube e uma característica própria que o diferencia dos demais.

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Dois anos e meio de gestão, SEIS treinadores (chegaremos a quantos em três anos?), duas fugas contra o rebaixamento e tudo indica que viveremos a terceira em 2015. Folha salarial entre as dez mais caras da Série A, salários e premiações em dia, organização administrativa no Departamento de Futebol como jamais se viu na história do clube, mas futebol cada vez pior, e reparem que não se trata de exagero algum, pois o time efetivamente piorou a qualidade do futebol e o seu rendimento dentro de campo desde 2013 até agora, meados de 2015.

Pode-se dizer que a gestão dos Blues é um fracasso no futebol ou isso seria um exagero?

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A última atuação minimamente convincente do Flamengo remonta a 5 de abril de 2015, no Fla-Flu vencido por 3x0, no qual, contudo, o Flamengo levou vantagem por ter um jogador a mais a maior parte dos noventa minutos, eis que a arbitragem foi propositalmente rigorosa com o falastrão centroavante tricolor que se danou a criticar a FERJ em entrevistas. Antes, uma vitória contra o Vasco da Gama em uma partida absolutamente atípica por conta da tempestade que caiu sobre o Maracanã, das interrupções e das expulsões, e, ainda antes disso, vitórias sobre o São Paulo e o próprio Vasco da Gama em amistosos antes da temporada oficial começar, em Manaus. O quadro é bastante claro: o Flamengo ainda não convenceu contra times grandes em 2015. A Zona do Rebaixamento não pode surpreender a ninguém, dados o histórico e a qualidade do futebol apresentado pelo time dentro de campo até aqui.

A questão é: o que fazer agora?

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Demitir o treinador adianta? Peço @os amig@s que reflitam a respeito das contratações de Silas, Jorginho e Ney Franco antes  de responder, pois o que está ruim sempre pode piorar. Um treinador sem autoridade e não respeitado pelo elenco pode produzir resultados ainda piores do que os atualmente apresentados. Estou errado?

É claro que esse dilema não resolve o problema imediato: afinal de contas, além do trabalho do treinador ser incrivelmente ruim e inefetivo, ele realmente perdeu o comando do grupo, o grupo está rachado ou todos esses motivos coexistem e não se excluem? Em caso positivo, por quê? Por que o treinador perdeu o comando do grupo? Qual é o motivo da desunião, acaso realmente exista? Quem pode resolver e de que maneira? Como evitar que a situação se repita com o próximo treinador?

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Acredito que hoje nem os mais ácidos críticos ao trabalho do Departamento de Futebol negam que o elenco, apesar das notórias e inegáveis deficiências, não é tão fraco a ponto de frequentar a zona do rebaixamento, mas vamos lá, por amor ao debate e também porque ninguém nega que o time precisa de reforços, especialmente no meio do campo e no ataque. Pergunto então: se há mesmo alguma comoção intestina, como evitar que o rendimento continue abaixo do planejado ou da capacidade do elenco após a chegada dos reforços, por melhores que sejam? Esses reforços racharão mais ainda um grupo já rachado? E como evitar que o problema não se repita futuramente?

Outro ponto que para mim é muito importante dentro desse tema: os reforços serão contratados a esmo ou será levado em conta como serão dispostos taticamente no time titular? Sei que é época de especulações, mas, a título de exemplo e apenas para argumentar, pergunto se alguém conseguiria escalar um time equilibrado e competitivo com Robinho, Guerrero e Marcelo Cirino como titulares. É preciso repetir o episódio Sávio, Romário e Edmundo? O Flamengo contratará os primeiros que disserem sim? Quem está no comando dessas contratações? O treinador que não tem comando sobre o grupo e não consegue fazer o time jogar minimamente organizado dentro de campo, o diretor de futebol que se alinha com suas ideias ou o vice-presidente de futebol que parece não ter autoridade sobre ambos? É a mesma pessoa que autorizou ou não vetou a contratação do Almir?

Espera-se o que exatamente com essas contratações? Subir na tabela e disputar as primeiras posições ou apenas jogar o mínimo para não ser rebaixado?

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Tenho plena consciência de que o quadro atual exige soluções imediatas, mas não posso deixar de fazer as seguintes perguntas: é possível conquistar títulos e disputar as primeiras posições sem ter ao menos um centro de treinamentos para os atletas profissionais? Quando isso se tornará prioridade dentro do clube?

O clube, hoje, dispõe de profissionais com gabarito e experiência suficientes para diagnosticar e encontrar respostas adequadas para todas essas indagações? O Departamento de Futebol do Flamengo trabalha com base em quais critérios para avaliar o desempenho da Comissão Técnica e dos atletas?

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A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.