quarta-feira, 29 de abril de 2015

Um dia e gol inesquecíveis


"Se Euclides da Cunha fosse vivo teria preferido o Flamengo a Canudos para contar a história do povo brasileiro" - Nelson Rodrigues.

No último fim de semana não houve jogo do Flamengo para ser comentado na segunda-feira, porém, nesta, tivemos o aniversário de 14 anos de um dos gols mais emocionantes da riquíssima história rubro-negra para comemorar;

Em minha eternidade, vou procurar o velho Nelson para "rodriguear" a respeito de suas reflexões extraterrenas sobre o cracaço do futebol, Petkovic, e como ele o conceituava. Acho que ouvirei do tricolor de coração flamengo que se tratava do "sérvio amante da bola", que a chamava por você, tu, minha nega, minha vadia, minha vida e meu amor;

Com o Zico já gozando do merecido descanso como atleta, muitas vezes o revi dentro de campo através da cérebro inteligente e dos pés habilidosos do Pet, no ajeitamento da bola com um toque para, no segundo seguinte, passá-la na vertical, com precisão milimétrica, a um companheiro. Na virada do jogo para os dois lados do campo, nos certeiros chutes a gol de média distância, nas cobranças de penalti e de falta;

E foi de falta, aos 43' segundo tempo, que veio o gol inesquecível para selar mais um Tricampeonato Estadual conquistado pelo Mais Querido. Encontrava-me atrás do gol do Hélton, goleiro do Vasco, ao lado um amigo, companheiro de jornadas no Maracanã, que frações de segundos após a magistral cobrança virou-se de lado, jogou o braço direito para o alto e soltou um breve palavrão ao ver a direção que a bola tomara ao sair dos pés do gringo: na geral, pensou ele, como me contou depois e não sabia porque todos pulavam e gritavam, alguns euforicamente o abraçavam, outros tropeçavam e caíam emocionados no chão da arquibancada do velho estádio;


E o amigo rubro-negro só foi ver como se dera o gol em casa, pela TV. Ao passar pela barreira do adversário, a redonda fez a curva desejada pelo craque e balançou definitivamente as redes vascaínas, entrando justamente pela única abertura por onde poderia passar, pois um pouquinho mais para fora se chocaria com a trave, um centímetro mais para dentro e o goleiro a espalmaria graças à sua grande envergadura;

Pet fez com o pé direito o que os geômetras apenas conseguem fazer com o recurso da mão e de um bom compasso e, não satisfeito com o próprio sucesso, ainda voltaria oito anos depois para oferecer, novamente com precisão, ao Ronaldo Original Angelim a bola da cabeçada e do gol do Hexacampeonato, no dia do meu aniversário, em 06 de dezembro de 2009;

Gostaria de dizer um obrigado por tantas alegrias, ao meu caro Pet, e por me lembrar tantas vezes do Zico. Saudade da tua maestria e genialidade com a camisa 10 do Mengão!

SRN!