quarta-feira, 22 de abril de 2015

Segue o jogo


A torcida do clube egresso do sistema penal da Segunda Divisão do futebol brasileiro comemorou com euforia proporcional ao feito realizado no jogo valendo pelas semifinais do Estadual, traduzido pela magra vitória sobre o Flamengo através de um penalti "arranjado", depois de três anos e onze partidas realizadas;

Um turista que por aqui estivesse passeando (ave, Nelson!) deduziria que o Lixão da colina fora campeão do mundo naquele domingo tal a exacerbação dos sentimentos eternamente recalcados, com cambalhotas em locais públicos, palavrões em alto tom nas ruas e botecos, mergulhos em piscinas geladas e palavras de ordem como "o respeito voltou!";

Criaram em minha cabeça uma dúvida: o respeito voltou na Elite ou no inferno que costumam frequentar, tendo ido parar nele duas vezes em apenas cinco anos?

Melhor pensar em um clube que costuma orgulhar seus torcedores, Campeão de TUDO, e lembrar de uma vida nos estádios para ver e torcer pelo Flamengo em todos os tipos de competições. A mesma vida assistindo equipes do mundo inteiro nos mais diversos torneios e campeonatos, inclusive os de seleções como a Copa do Mundo e durante esse viver jamais passou pelos meus olhos um, somente um para contar a história, grande time de futebol sem bons jogadores no meio de campo, a zona de pensamento do jogo, onde nascem ou por onde transitam mais de 90% dos gols marcados nos embates do futebol;

Se o Flamengo pensa em reinventar a roda do velho esporte, jogar bem sem meias armadores dotados de alguma categoria, pode tirar o seu cavalinho rubro-negro da chuva, pois isso não existe, nem na várzea, numa sorte de todos nós, amantes desse jogo de bola;

A consequência é o toque improdutivo para os lados ou para trás, numa inútil predominância nos percentuais de posse de bola formulados pelos estatísticos de plantão, até que os seus zaqueiros e volantes sejam pressionados e obrigados a "rifar a redonda", que ganhou o apelido de bola vadia, numa tentativa aleatória de achar uma falha da defesa adversária e um atacante aliado para o gol;

Com razão, a galera reclama que não há uma rotina de lançamentos, triangulações ou a velha tabelinha para se chegar na cara do gol. Pode ser covarde pedir isso de quem não sabe dar um passe com precisão de alguns poucos metros. Marcio Araújo que o diga ao armar o contra-ataque que resultou no gol da vitória do adversário, no jogo que nos tirou da final do Estadual;

Por sua vez, a diretoria promete que se o ST chegar aos 80 mil adeptos um "reforço de peso" (dá-lhe Wallin!) será contratado. Uma promessa equivocada, pois a relação é oposta, já que as vitórias produzidas pelos craques é que geram adesões ao Programa. Está difícil enxergar essa simples premissa;

Bem, hoje tem jogo por uma competição que, realmente, leva a algum lugar, sendo a Copa do Brasil o melhor atalho para a Libertadores de 2016, contra um clube pequeno que também tem recebido elogios da crítica esportiva, a exemplo do primeiro adversário, o Brasil de Pelotas. Acho bom o Flamengo pular de uma vez só essa fase e proporcionar ao Luxemburgo mais uma pré-temporada para treinar e treinar, típica atividade que não oferece talento a quem não o tem, mas proporciona conjunto e harmonia ao time a fim de compensar as deficiências técnicas que sobressaíram no Campeonato que ficou para trás;

Gol neles, Mengão!

SRN!