sábado, 21 de março de 2015

Preguiça

Vaidade, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça.



São esses os sete pecados capitais e, em se tratando de futebol, poderia tratar de alguns. Os cortes de cabelo, as barbas desenhadas, traços claros da vaidade. A gula de um certo lateral esquerdo ou de um gordinho das Laranjeiras. A luxúria daqueles que gastam seus salários astronômicos nas noites. Sobre a soberba eu nem preciso falar nada. Mas esse time do Flamengo desse ano tem sofrido enormemente com a preguiça.

Assistir aos jogos do rubro-negro nessa temporada tem sido um exercício de resistência ao sono. Principalmente no horário das 22h de quarta ou naqueles após o almoço de domingo. Não sei até que ponto a falta de competitividade dos adversários até agora é responsável por essa preguiça do time. Já o sistema de jogo e a escalações montadas desde o confronto contra o Madureira, com três volantes e três atacantes, talvez seja. Ainda mais quando um dos atacantes é o lento e imóvel Alecsandro. Sendo Pará e Pico laterais que pouco apoiam, Canteros, o único dos três volantes que tem o passe diferente, acaba ficando com poucas opções para armar os ataques. Por isso, zagueiros, laterais e volantes ficam trocando passes no campo defensivo até encontrar algum atacante. E isso pode durar eternamente.

Contra o Brasil de Pelotas, na última quarta, tivemos 70% de posse de bola no primeiro tempo (esse número caiu para algo em torno de 65% nos 45 minutos finais). No entanto, foram apenas cinco finalizações em cada etapa. No Campeonato Carioca, temos uma média de 412,8 passes por partida. Fazendo uma continha simples, levando em consideração que a FIFA considera que a bola deve rolar, no mínimo, por 60 minutos e que nós temos algo como 65% de posse de bola, podemos chegar ao fato de que a equipe troca um passe a cada seis segundos. A grande maioria deles para os lados ou para trás.



Outra estatística que deixa ainda mais clara a preguiça rubro-negra, é a distribuição de gols por tempo de partida. Dos 22 tentos marcados no Carioca, apenas seis foram nos primeiros quarenta e cinco minutos de jogo. Curioso é que sete foram marcados logo na volta do intervalo. Temos visto muito o "pofexô" mexer no time no vestiário e na segunta parte dos jogos, o que pode corroborar minha tese de que, além de muita preguiça, a formação da equipe pode estar equivocada.

O companheiro de Buteco Guilherme de Baere, numa ótima resenha na terça-feira, enquanto esperávamos para começar a expurgar o Capitão Leo do clube, citou o exemplo do Bayern de Munique. Hoje, os bávaros tem onze pontos de vantagem sobre o Wolfsburg, segundo colocado na Bundesliga, o campeonato alemão, e mesmo assim, eles não descansam. Goleadas por quatro gols são normais. Uma explicação plausível, é que Guardiola roda bastante o seu elenco e quem entra sempre quer provar que pode ser titular.

Não sei, acho que falta mesmo essa vontade ao nosso elenco que é, notadamente, mais qualificado que o do ano passado. Amanhã poderemos ver se, contra um time melhorzinho, num grande clássico, essa preguiça fique de lado. Lembrando que a melhor atuação desse ano foi na primeira metade da partida contra o Botafogo. O time será o mesmo de quarta, será que a vontade aparecerá?