domingo, 15 de fevereiro de 2015

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

Eu gostava de assistir ao Carnaval do Rio quando garoto. Uma escola que eu simpatizava era a despretensiosa Unidos de São Carlos, e se minha memória não me trai (isso data do comecinho dos anos 80, tem tempo já) eu tenho a impressão de que a agremiação era um ponto de encontro de jogadores de futebol, e meio time do Flamengo saía lá.

De qualquer forma, posso não ter certeza se Zico, Júnior & Cia eram foliões da Unidos de São Carlos, mas uma coisa de que não me esqueço e ainda está presente de forma cristalina na minha retina é uma imagem mais, digamos, calipígia. Adele Fátima era o nome da moça, uma das mulatas do Oswaldo Sargentelli. A imagem daquela morena em trajes sumários, oferecendo a imagem do seu derrière às gulosas lentes das câmeras de tevê é algo que marca a infância de um garoto de seus sete, oito anos, até porque na época os trajes de banho ainda eram relativamente comportados. Ou seja, o máximo de ousadia na exposição do corpo feminino era proporcionado pelas passistas na Sapucaí. Donde Adele terá sido minha primeira musa.

Mas toda essa arenga está aqui à guisa de um breve introito ao ponto em que quero atingir, uma inevitável reminiscência. É que a Unidos de São Carlos caiu, levantou, mudou de nome e virou Estácio de Sá. E, há 20 anos, proporcionou o mais emocionante espetáculo da história do Carnaval do Rio de Janeiro (dentro de uma perspectiva pessoal). O desfile que homenageou o centenário do Flamengo.

Não importa que a escola tenha chegado em sétimo entre 18 (embora os entendidos digam que cabia um terceiro ou quarto, algo impensável para jurados arco-íris digerirem). Pouco interessa o resultado final. Nada, absolutamente nada, supera a sensação de ouvir pela tevê o ensurdecedor grito de “Mengôôôô” das pulsantes arquibancadas do Sambódromo, tomado por lenços, camisas e bandeiras que o tingiram de negro e vermelho.

Assim, deixo aqui um link para recordar esse momento mágico. O ano em que o Flamengo se transfundiu em um sonho de Carnaval.

“Cobra-coral, papagaio vintém, vestiu rubro-negro não tem pra ninguém”

“Ê Mengo tengo, no meu quengo é só Flamengo, uh tererê sou Flamengo até morrer!”


Bom Carnaval a todos.