O texto desta coluna foi
escrito, apagado e reescrito diversas vezes. Mais ou menos como a esperança da
torcida rubro-negra ao longo desta triste temporada que vai chegando ao seu
final. A sequência de atuações desinteressadas e covardes do time, indignas do
nome e da camisa do Flamengo não têm dado muito espaço para análises ponderadas
nem do elenco, nem do técnico, nem de nada. A verdade é que o Flamengo encheu a
paciência de seus torcedores neste 2014.
Acho natural deixar
abertas as discussões sobre a barca que sairá da gávea assim como quais as
opções disponíveis para reforçar, renovar ou reconstruir esse time.
Aparentemente, não vamos trocar de técnico. Ainda que tenha restrições à figura
de Luxemburgo, um novo treinador seria o sétimo em pouco mais de 2 anos, sinal
claro de que algo está errado pelos lados no Ninho do Urubu.
E o elenco, mandamos
embora todo mundo? Mas nem a seleção, após a maior vergonha de todos os tempos,
recomeçou do zero, mantendo até o jogadorzinho que deu faniquito e virou de
costas para uma disputa de pênaltis mesmo sendo o capitão. Às vezes fica a
impressão de que o futebol brasileiro perdeu a vergonha na cara. Aliás, isso
fica evidente vendo qualquer dos quatro times do Rio de Janeiro jogando. Por
outro lado, os times mineiros mostram que nem tudo está perdido em termos de
dedicação, postura e até uma certa organização administrativa. Taticamente
então nem se fala, nadam de braçada no meio da mediocridade do nosso futebol.
No caso do Flamengo
especificamente, o problema do elenco vai desde a qualidade das peças até a
capacidade de escolha e contratação dos administradores rubro-negros. Ao longo
de quase dois anos, foram dadas mostras inequívocas de pouco conhecimento do
mundo do futebol e de incerteza dos caminhos a serem percorridos. É natural,
quando não se conhece o caminho, não apenas ficar perdido, mas voltar atrás em
escolhas feitas sem grande convicção.
Um problema crônico me
parece ser de postura e comando, que se reflete visivelmente no desinteresse
dos jogadores dentro de campo. Posso estar enganado pelo desgosto de ver o
Flamengo jogando nos últimos tempos, mas tenho a impressão de que durante a
gestão do antigo diretor, o time ao menos entrava nos jogos ligado. Em alguns
jogos, especialmente nos primeiros dessa sua passagem atual, Luxemburgo pareceu
conseguiu incutir nos jogadores um alto nível de cobrança que, se não fez com
que jogassem bem, pelo menos demonstravam dedicação e empenho para alcançar as
vitórias de que o time precisava.
Mas afinal, o que fazer
para motivar durante toda a temporada cerca de 30 adultos, jovens, cheios de
dinheiro no bolso, famosos, e em muitos casos sem grande estrutura emocional
para lidar com a pressão a que são submetidos em se dia a dia? Essa é a
principal pergunta que ronda os pensamentos durante os jogos do Mais Querido.
Incentivos financeiros, broncas mil, ameaças de torcidas organizadas são alguns
dos recursos usados por diferentes clubes, nenhum deles condizente com o
profissionalismo que se espera nos dias de hoje. Me pergunto como fazem
Guardiola, Mourinho ou Ancelotti para manter seus super elencos motivados ou o
que fazia Sir Alex Fergusson que criou e recriou seguidas gerações vencedoras
no Manchester United.
Pensando em todos esses
exemplos, deixo para os amigos uma simples pergunta: Será que existe alguma
maneira de se recriar uma mentalidade vencedora no futebol do Flamengo?
abraços a todos e SRN!