terça-feira, 30 de setembro de 2014

FlaBasquete por Rafael Strauch

Passada a emoção vou colocar algumas coisas sobre o basquete do Flamengo que acompanhei nestes últimos 20 meses como membro da atual diretoria do Flamengo:
Desde meados de dezembro de 2012, quando se discutia como seria o Governo do Flamengo para o triênio de 2013-2015 uma das certezas é que com a GRAVISSÍMA situação financeira não seria possível manter todas as modalidades dos Esportes Olímpicos por ser, naquele momento, a Unidade de Operacional mais deficitária do Clube, avisamos na época “um passo atrás para darmos dois passos mais a frente”. O Basquete era a modalidade com maior peso neste Déficit (Despesas muito superiores a Receita), mas era também a que apresentava a maior exposição e potencial de crescimento, decidimos, portanto, por unanimidade manter a modalidade e correr atrás com prazo de um ano para resolver a questão.

A verdade é que não é fácil obter apoio para recursos para o Esporte Brasileiro. A saída seria, portanto buscar recursos incentivados, para tal teríamos que colocar todas as contas em dia do Clube para nos tornarmos elegíveis!

Em janeiro de 2013 a projeção financeira indicava que o Flamengo pararia de pagar todas as suas contas a partir de maio o buraco era de R$ 120 milhões. Os times de todas as modalidades parariam, todos os salários dos funcionários e demais atletas não seriam pagos. O que mais me impressionou é que no Conselho Diretor ninguém tremeu, ou correu, seguimos em frente com medidas duras, tivemos que reduzir a folha de pagamento, cortar custos e ampliar as Receitas (Sócio Torcedor, Novos Patrocínios, aumento do valor dos ingressos, etc).

Eram meses de salários atrasados no basquete! Você sabe o que é trabalhar com meses de atraso? Não a toa o time não havia ganhado nenhum título nos últimos 3 anos (o único e último título na NBB havia sido em 2009), não havia patrocínios. O Póvoa bem pontuou em maio de 2013, o acerto salarial foi um dos fatores a dar tranquilidade ao time num campeonato que fora muito equilibrado. A final contra o Uberlândia com mais de 16.000 pessoas no HSBC foi um show a parte.

A despeito do acerto o desafio continuava a modalidade não era auto-sustentável ainda. E graças a pessoas como o Sergio Bessa, do SóFLA conseguimos achar outras fontes de recursos incentivados como o do ICMS do RJ. Me lembro bem dessas discussões, pois foram na época do nascimento do meu filho. Em poucos meses o Flamengo montou o projeto, aprovou no Governo do Estado e consegui o apoio da TIM, 2013 estava resolvido. Para mantermos a modalidade em 2014 não bastaria o projeto do ICMS, precisaríamos de mais recursos e faltava apoio para a base.

O projeto Anjo da Guarda foi lançado e R$ 1.802.804 foram arrecadados via de isenção de IR de 822 doadores (eu e muitos amigos ajudamos a escrever este capítulo) Primeiro ano e recorde de captação. A mesma lei permitia obter recursos de IR de Empresas, foram contatadas sob a liderança do Povoa a ajuda de todos da Diretoria 154 empresas. 6 se dispuseram ajudar. No caso do basquete 4 se destacavam: a TIM; a Brasil Brokers; a Estacio e a SKY.

O título da NBB havia trazido o acesso a Liga das Américas, lembro do esforço do Povoa para trazer as finais para o Rio em março de 2014. Não tínhamos os recursos necessários, estimativa era de R$ 600 mil. Graças a Brasil Brokers este evento aconteceu no Rio, muito pelo esforço do Plínio Serpa Pinto a quem serei eternamente grato por isso. A Estácio e a SKY se tornaram patrocinadores exclusivos da modalidade. Sobre a SKY gostaria de fazer um aparte para contar uma história:

Em outubro de 2013, logo após assumir a VP do Fla-Gávea, eu estava em SP a trabalho pelo Banco e tinha uma manhã livre, liguei para o Bap e perguntei se ele conhecia alguém do Pinheiros, pois eu estava no Blue Tree da Faria Lima ao lado do Clube. Rapidamente ele me conseguiu um contato. Tive a oportunidade de visitar o Pinheiros (ECP) e conhecer o Diretor de Esportes Olímpicos que foi taxativo: vocês tem o Bap do lado de vocês! Vocês serão os maiores campeões do Brasil.
- Eu perguntei: ao que você se refere?
- Ele: disse campeão de tudo. Você não tem idéia do que o Bap fez pelos Esportes Olímpicos do Pinheiros, e ele é Flamengo e está com vocês na Diretoria.

E eu só imaginava a terrível situação financeira que enfrentávamos, de como nossas instalações estavam sucateadas (E o Pinheiros é um Benchmark como bem observou o Luis Felipe Teixeira quando postei uma foto no ECP) e como uma pessoa de fora tinha tanta certeza do sucesso do Flamengo? A SKY acabou por apoiar o basquete, apesar de TUDO o que a oposição fez para impedir (sim esses mesmos que agora se vangloriam do título Mundial). Nesses 20 meses o basquete do Flamengo simplesmente Ganhou TUDO, absolutamente TODOS os títulos que disputou. E hoje é superavitário.

É um puta orgulho de fazer parte de um Grupo que não se dobrou nas dificuldades, não ficou apenas se lamentando, nem apelou ao populismo irresponsável. Pelo contrário, correu atrás pra KCT! E enquanto éramos chamados de arrogantes, poucos conhecedores de Flamengo, dentre outras bobagens, estávamos correndo atrás de apoio financeiro para o Clube. A marca Flamengo é imensa, mas não se vende por si só, tem que correr atrás e ser perseverante exatamente igual aos atletas em campo. Fosse fácil não teríamos a dívida que temos, que já foi de R$ 750 milhões, mas que já está caindo.

Vamos Mengão, Avante Mengão, nosso time é forte!

*Rafael Strauch é Vice-Presidente do Fla-Gávea, um dos fundadores do SóFLA e foi coordenador de campanha da Chapa Azul.