segunda-feira, 16 de junho de 2014

Por um Choque Cultural: O Que a Copa Já Ensina

Buongiorno, Buteco! Antes de encerrada a primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo/2014, já é possível constatar que os Deuses do Futebol resolveram dar uma lição ao futebol brasileiro; não com uma derrota, mas de uma forma bem mais efetiva e inteligente: no país do futebol, a Copa do Mundo está sendo jogada, por estrangeiros das mais diversas nacionalidades, da forma que o futebol brasileiro supostamente deveria jogar, ou no nível para o qual deveria ter evoluído. As seleções europeias em geral, até aqui, praticaram um futebol ofensivo, dinâmico, vertical e de bom nível técnico, com pouquíssimos passes errados, algo que hoje, no futebol brasileiro, é cada vez mais raro e impraticável. Não sei qual será o destino de cada uma nessa Copa e os resultados são relativos para o ponto que desejo destacar, mas é curioso constatar que as seleções europeias vieram ao Brasil para atacar e não para se defender, como tradicionalmente a maioria sempre fez nas diversas competições que disputou, inclusive a Copa do Mundo.

Nesse futebol moderno e ofensivo, parece cada vez mais evidente que o primeiro passo é nivelar-se com os adversários no mais alto nível de preparação física; destacam-se, a partir daí, os que têm cultura tática mais desenvolvida e talentos individuais decisivos. O futebol brasileiro hoje até tem equipes muito bem preparadas no aspecto físico; já nos âmbitos tático e técnico, infelizmente parou no tempo. Os treinadores brasileiros são os mestres da empáfia e da arrogância, porém na prática são completamente ultrapassados e os times por eles treinados são, em sua esmagadora maioria, obsoletos taticamente e deficientes no aspecto técnico. É claro que devemos levar em conta que a Copa do Mundo é disputada pelo que cada país tem de melhor e, em tese, deve ser disputada pela nata do futebol mundial, ressalvada a politicagem da FIFA e seus obscuros critérios geopolíticos de classificação. Contudo, o futebol brasileiro já viveu tempos bem melhores em nível técnico, especialmente, já que o Brasil jamais foi uma referência em nível tático, mas sim em improviso. Ao meu ver, uma questão cultural.

O problema é que já há tempos os clubes brasileiros buscam alternativas fora do país, pois suas divisões de base não mais produzem talentos com a frequência de outrora. A incessante busca por meias armadores argentinos, por exemplo, é um ótimo exemplo. Se o futebol brasileiro culturalmente não é voltado para a tática, tal como, a título de exemplo, é o argentino, e continua não sendo, e com o nivelamento técnico em nível mundial (seria um efeito da globalização?), quero crer que é chegado o momento de um choque cultural no futebol brasileiro. Se nossos treinadores, durante décadas, importaram e imitaram o lixo, o substrato do futebol europeu, agora devem mirar no que eles estão produzindo de melhor, sob pena do futebol brasileiro virar história, ainda que bela, mas só história para contarmos aos nossos descendentes.

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O Flamengo não foge à regra, mas parece que, nele, o choque cultural precisa ser ainda mais forte. Pouquíssimos clubes em nível mundial têm uma atenção tão grande da mídia, decorrente de sua imensa torcida, e no caso do Mais Querido há ainda a soma de fatores como as belezas naturais do Rio de Janeiro e seus convidativos prazeres noturnos, além de, internamente, a cultura da idolatria fácil a qualquer jogador, que passa a ser naturalmente mais importante do que o próprio clube, não sendo raro grupos de jogadores dividirem o elenco e derrubarem treinadores e desafiarem diretores.

A atual Diretoria tem a ambiciosa meta de mudar o clube. A primeira pergunta que faço @os amig@s é se, com treinadores, comissão técnica e supervisores brasileiros conseguirá atingir tal intento.

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Ou minhas contas estão erradas ou terminam hoje as férias do elenco do Flamengo. Saberemos se a ausência de dispensas até agora foi mera estratégia para não demitir ninguém em gozo de férias, se estão aguardando oportunidades no mercado aquecido pela Copa do Mundo ou se simplesmente tudo continuará como antes, como sempre foi. O certo, ao menos para mim, é que, se o grupo tem graves problemas internos de relacionamento entre os jogadores, não faz sentido voltar a trabalhar com as fontes desses problemas dentro do elenco, ou será que estou sendo excessivamente rigoroso?

Continuo achando que é o momento do "tudo ou nada" e que, se essa Diretoria não arrefeceu em seu intento de atingir metas tão ambiciosas, não pode fraquejar para os boleiros que deixaram o clube na posição que se encontra no Campeonato Brasileiro.

Como de costume, gostaria de ler as opiniões d@s amig@s do Buteco a respeito.

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Lembrando que, durante a Copa, alguns dos colunistas estarão de férias, promovemos novamente a campanha "Você é o Colunista", convidando @s amig@s frequentadores que se interessarem a mandarem seus textos para a Administração.

Colunista o Buteco faz em casa!

SRN a tod@s!