sábado, 21 de junho de 2014

Alteração de Paradigma




Irmãos flamengos,

vivemos momentos de dúvidas e de alteração de paradigma na forma de gestão do Flamengo.

Tradicionalmente, em épocas de crise aguda, o Flamengo invariavelmente respondia com contratações bombásticas e mudanças significativas no elenco.

E isso não se limitava a administrações recentes, podendo mesmo ser considerado um padrão tipicamente flamengo, decorrente da enorme pressão que contagia a vida do clube, onde a influência da torcida sempre foi muito sentida.

Na atual crise, vemos situação bastante diversa.

Diante das atuações e resultados pífios apresentados pelo time antes da pausa para a Copa do Mundo, praticamente toda a torcida do Flamengo clamava, e ainda clama, por mudanças no elenco, com a dispensa de certos atletas descompromissados e a contratação de substitutos qualificados.

A diretoria, porém, entendeu por bem não mexer em nada, mantendo no elenco os nomes sugeridos pela Magnética para a barca de saída e optando por não contratar ninguém, ao menos até o momento da publicação desta coluna.

Pode-se objetar, por outro lado, que a mudança existe, mas tem sido direcionada para uma nova mentalidade de trabalho do departamento de futebol do clube.

É pouco.

E tudo isso tem exigido da torcida do Flamengo uma paciência angustiante. Todos os dias procuram-se notícias e novidades, mas a busca é inútil. O que viceja, e muito, são as especulações e barrigadas de todos os lados.

Mesmo que algum jogador seja contratado, ficará uma impressão ruim de lentidão, pois, no mínimo, terá sido perdida esta primeira semana de trabalho, que poderia servir de adaptação.

De todo modo, o quadro é crítico e tenho sincera ressalva quanto à possibilidade de determinados jogadores conduzirem o Flamengo a um novo patamar, tanto em termos de qualidade do futebol a ser apresentado quanto aos resultados de que necessitamos.


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Se a situação já está muito ruim, sem a torcida ficará ainda pior. Muito pior.

Por isso, acho importante a diretoria trazer o torcedor rubro-negro para junto do time, o que só será alcançado se forem revistos os preços absurdos dos ingressos e for promovida uma nova fase de relações com o torcedor.

Compreendo a necessidade do clube incrementar suas receitas, e estou, aliás, todos nós estamos, cientes dos obstáculos impostos pelas medidas populistas adotadas por vagabundos travestidos de políticos e afeitos à nefasta atividade de fazer caridade com o bolso alheio.

Tem-se meia-entrada destinada a eventos “culturais”, gratuidade, descontos por associações que nada contribuem para o futebol, taxas destinadas e retidas na fonte por Ferj e afins, enfim, um sangramento constante de tudo que a Nação Rubro-Negra proporciona através do pagamento, proveniente do seu exclusivo bolso, de ingressos para acompanhar o seu tão amado Flamengo de pertinho.

Sabemos, também, que atravessaram, de modo totalmente arbitrário e antidemocrático, um intermediário, na pessoa de um Consórcio para administrar o maior e mais caro estádio da cidade.

Uma entidade que não tem torcida, não tem jogadores, não tem história, não tem camisa, não tem tradição. Mas tem fome. E muita. Uma fome voraz para abocanhar covardemente grande parte da receita que apenas um clube de futebol pode gerar.

Sem embargo de tudo isso, acho deveras injusto transferir para a torcida do Flamengo, uma torcida popular na acepção mais ampla que o termo abarca, o ônus por toda a safadeza de que o clube é vítima.

Além disso, estádio lotado e cheio, afora servir de estímulo extra ao time e fazer prevalecer o fator campo, sempre gera um impacto muito forte em todos, contribuindo para trazer uma imagem positiva ao Flamengo.

O futebol culturalmente é um esporte de acesso relativamente barato. E tem de ser assim, pois são quatro a oito jogos por mês, exigindo certo “fluxo de caixa”, que, se for alto, torna-se inviável para grande parte da torcida.

Acrescente-se a isso o fato de que o Campeonato Brasileiro por pontos corridos, longo e modorrento, ainda não caiu no gosto da torcida brasileira. E nem creio que cairá.

Logo, se é impossível jogar a preços mais adequados no Maracanã, caberia à diretoria procurar alternativas, como Édson Passos, estádio da Portuguesa ou mesmo a Gávea.

Mas quando o clube passa a captar sucessivos empréstimos com o Consórcio, fica claro que dificilmente a situação mudará.

E ficaremos reféns desse ciclo vicioso, que onera injustamente clube e torcida.

O projeto Embaixadas da Nação também merece mais carinho por parte da direção do clube. Bem trabalhado, e desenvolvido em conjunto com o programa de Sócio Torcedor do Flamengo, o projeto tem tudo para frutificar e ampliar bastante o rol de associados do ST.

Trata-se de projeto com potencial imenso para estreitar os laços que unem clube e torcida, notadamente  diante do fato de que a torcida do Flamengo é espalhada por todo o território nacional.


Verifica-se, todavia, que o projeto Embaixadas da Nação encontra-se abandonado, sem qualquer atenção, o que é de se lamentar profundamente. 

O Roberto Gomes, nosso amigo aqui do Buteco e grande rubro-negro, tem alertado sobre isso diariamente.

A diretoria precisa compreender quão importante é a relação com o torcedor flamengo, mais apaixonado que qualquer outro. Flamengo e torcida são um só. Investir nisso é o primeiro passo para aumentar as receitas do clube e, mais que isso, fazer com que o torcedor rubro-negro se sinta realmente integrado ao clube que ama.

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Sou sócio torcedor e assim permanecerei, independentemente dos resultados em campo. Acho mesmo que o torcedor tem de se associar em massa nos momentos de dificuldade, pois é na adversidade que o clube  mais precisa de apoio.

Nesse sentido, aproveito a oportunidade para parabenizar mais uma vez nosso amigo Luiz Filho, que se tornou sócio do Clube de Regatas do Flamengo a despeito da grave crise vivenciada atualmente. Estupenda demonstração de amor ao clube, essa do meu xará.

Para finalizar, ante as expectativas da torcida rubro-negra, é inegável o sentimento de frustração com a ausência de dispensas, contratações e com a provável continuidade dessa política de ingressos a preços caros.

Continuo fã fervoroso da atual administração, capitaneada por Eduardo Bandeira de Mello. Acho que eles representam um marco formidável para o Flamengo.

Mas é preciso ter humildade e vontade para reconhecer equívocos e corrigi-los.

Meu apoio eles terão.

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P.S.: Sabendo agora, pelas mãos da nossa blogueira rubro-negra, Lu Mattos, manifesto meus sinceros parabéns ao Ronel pelo nascimento de sua filha. Mais uma flamenga a engrandecer a Nação Rubro-Negra. Muita saúde, paz e amor à pequena e à toda família. Abração, Ronel!

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Abraços, Saudações Rubro-Negras e bom fim de semana a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.