O centro-avante titular
joga no domingo e marca quatro gols, no jogo seguinte entra o reserva e guarda
três. Realmente, tenho achado bastante interessante assistir os jogos das
equipes B e C do Flamengo neste início de temporada. Ainda que a lentidão da
dupla Gonzalez e Chicão tenha causado alguns calafrios no confronto com veloz
time do Boavista, no geral o time se saiu bastante bem na minha opinião. Mais
do que isso, mostrou um sistema de jogo e uma consistência tática bem próximos
ao do time titular.
Após um ano em que fomos
bem erráticos e muito pouco consistentes na montagem do elenco, para a
temporada atual não consigo apontar grandes falhas no trabalho do departamento
de futebol rubro-negro. Claro, há o Carlos Eduardo e ainda não perdemos todas
as esperanças de continuar com o Elias, mas se colocarmos na balança a comparação
com 2013 e a inevitável questão financeira, a evolução é gritante.
O time que enfrentou o Boa
Vista na última quarta formava com o 4 jogadores que já foram titulares em
algum momento da temporada anterior. A eles somou-se um bom lateral direito que
mostrou ano passado que pode substituir Léo Moura atenuando seu desgaste. No
meio, Feijão que se destacou no Bahia não conseguiu ainda acertar seu
posicionamento ao lado do Cáceres, titular absoluto na época do fujão. Gabriel,
foi destaque no campeonato estadual ano passado, chegando a ganhar um carro do
patrocinador. Encontramos até um possível meia reserva que pode (torço para que
rápido) barrar o sonolento titular. E no ataque, o Jayme escalou uma dupla que
tem características semelhantes às do time principal com um jogador rápido e
driblador e um homem de área eficiente nas finalizações.
É interessante notar
alguns pontos nas escalações como o fato de que a zaga Chicão-Gonzalez não
teria jogado se o Erazo não tivesse sido expulso na partida anterior. Acredito
que El Elegante substituiria o chileno, jogando pela esquerda na posição do
Samir, justamente por ser mais rápido compensando a lentidão do João Paulo –
que me parece estar de má vontade, talvez por causa da reserva – da mesma forma
que acontece no time titular.
De qualquer forma, acho
fantástico que o time reserva seja escalado exatamente da mesma maneira que o
titular, o que facilitará bastante a adaptação de qualquer jogador que venha a
entrar no time. Com um time armado de maneira consistente, mesmo a perda de
qualidade técnica pode ser compensada, o que é, a meu ver, um golaço marcado
pela turma que administra o futebol do Flamengo. Há ainda a questão de evitar a
acomodação dos jogadores do elenco. No time de hoje, sem o Elias, qualquer
jogador tem uma sombra, um substituto à altura capaz de manter a estrutura e
força do time tanto ofensiva quanto defensiva.
Não é um timaço, nem um
super elenco é claro. Mas é gratificante olhar para esse time e para sua
evolução. Talvez pela primeira vez em muitos anos, o Flamengo tenha se
reforçado de maneira consciente, buscando jogadores para compor seu elenco de
forma homogênea. Não foi apenas o caso de manter a base e reforçar, mas
realmente de buscar peças que funcionem dentro da forma do time jogar. Me passa
realmente a impressão de uma mudança de mentalidade na qual o time deixa de ser
armado em função das peças que consegue, não ficando mais a mercê da busca
desenfreada por pseudo-craques como Diego, Robinho e que tais. Da forma como
vem sendo feito, os jogadores, ao que parece, são procurados pelas
características que têm e pelo que podem acrescentar ao time, se encaixando na
formação escolhida pelo Jayme.
Fica a expectativa de que
essa impressão se confirme na manutenção do elenco e nas contratações das
próximas janelas. Em um segundo momento, muito mais adiante, quem sabe
poderemos ver uma integração das equipes de base nesse processo, permitindo que
os garotos já subam sabendo a maneira do time jogar. Provavelmente isso tornaria
sua adaptação mais fácil ao time de cima, diminuindo a necessidade de o clube
ir ao mercado para contratar e aumentando sobremaneira as chances de
concretizar boas vendas.
abraços a todos e SRN!