sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Mais um estadual


Amigos do Buteco, é forçoso admitir que o campeonato estadual do rio de janeiro chegou neste ano ao fundo do poço, se é que não havia chegado lá há mais tempo. Fazer um turno único de 15 rodadas é jogar a pá de cal em um torneio que já não desperta nenhum interesse no grande público há algum tempo além de matar qualquer resquício de emoção que havia na fórmula antiga de dois turnos curtos.

Quem acompanha minhas opiniões há mais tempo aqui nesta casa, sabe que sou um dos poucos que ainda defendem os estaduais como base importante da manutenção das grandes rivalidades locais. Quando crianças, a maioria de nós não conhece torcedores de clubes de outros estados e é capturado pelo futebol nas zoações de segunda-feira na rua ou na escola em que debochamos dos rivais derrotados.

Ainda que existam torneios regionais em outros lugares – como o campeonato da Catalunha ou as ligas regionais inglesas – não é possível traçar paralelos com nossos estaduais com nenhum deles pela simples falta de rivalidades entre grandes times. Vejo como única comparação possível para nossos estaduais – obviamente guardadas as proporções, sobretudo financeiras – com os campeonatos nacionais europeus. Vejamos, o inglês seria comparado ao carioca pois é normalmente disputado por quatro times, mesmo que dois sejam pequenos sem tradição que foram comprados por magnatas. O Paulista poderia ser comparado ao italiano, que também fica entre três times principais e uma vez ou outra aparece algum time que foi grande no passado para disputar. Os campeonatos mineiro e gaúcho seriam como o espanhol e o alemão, disputados basicamente entre dois times, surgindo um terceiro a cada dez anos para fazer uma graça. O grande campeonato dos europeus seria a Champions League em que todos os grandes se enfrentam, contando com a participação de campeões de outros centros como Holanda, França, Portugal (que poderíamos comparar ao Paraná, Bahia e Pernambuco, talvez) e que seria comparável, novamente guardando as proporções ao nosso campeonato Brasileiro.

O grande problema nessa polêmica comparação reside no fato de que os nossos estaduais vem há anos sendo sucateados. Hoje eles servem muito mais para garantir a força política de federações do que propriamente para fomentar o crescimento de clubes, jogadores e do próprio futebol como atividade sócio-econômica.

Penso que é um grande erro sacrificar os clubes pequenos para tentar salvar os grandes pelo simples fato de que, em algum momento, teremos menos times com capacidade de formar bons jogadores. Hoje já vemos que mesmo a seleção brasileira tem grande dificuldade de conseguir bons laterais e meias, por exemplo e são poucos os grandes clubes que efetivamente revelam bons valores. É um assunto que dá para ser desenvolvido em diversas discussões mas que não é o tema aqui.

A idéia do texto é convidar os frequentadores do Buteco a debater possibilidades reais de ser fazer um campeonato estadual que seja minimamente rentável e útil aos grandes e que permita aos pequenos a sobrevivência ao longo do ano. Para os clubes grandes, penso que seria bom termos o máximo possível de clássicos e jogos decisivos, permitindo que eles tenham no estadual uma extensão da pré-temporada, sem excesso de jogos e com adversários de bom nível. Para os pequenos, a oportunidade de obter uma boa receita e formar jogadores, desenvolvendo o futebol do estado e gerando um ciclo virtuoso que atraia interesse e investimento para o futebol do estado.

Como incentivo ao debate, deixo um esboço de sugestão que pretendo apresentar com mais detalhes em uma próxima coluna. A idéia inicial era de dividir o campeonato em duas fases sendo uma preliminar entre Setembro e Novembro e sem envolver os times que estiverem disputando as séries A e B do campeonato brasileiro e uma principal, entre Fevereiro e Abril contando com esses times.

Na fase preliminar dividir-se-ia o estado em 5 regiões com torneios locais que classificassem os campeões e os três melhores segundos colocados. Estes 8 clubes jogariam partidas eliminatórias decididas por sorteio para chegarmos em quatro clubes que disputariam a fase principal do campeonato carioca contra os clubes grandes.

Na fase principal os oito times seriam divididos em dois grupos jogando como na antiga fórmula do campeonato carioca. Primeiro turno (Taça Guanabara) com três rodadas e final entre os campeões de cada grupo. Segundo turno (Taça Rio) com quatro rodadas e final entre os campeões de cada grupo. Uma disputa entre os campeões decide o campeão estadual. Simples e rápido com o campeão jogando provavelmente 7 clássicos em 11 partidas.

abraços a todos e SRN!