segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Humildade, 2014 e Libertadores

Buongiorno, Buteco! Essa imagem de Milford/Massachussets/USA é uma das que mais gosto de contemplar, pois mostra o quanto somos pequenos diante da Natureza. Humildade é um sentimento, um estado de espírito, uma forma de se portar ou simplesmente uma característica? E qual é o seu sentido? Bem, reflexões como essa, na época do Natal, são certamente bem vindas. Ter alguma noção ou consciência do propósito a que servimos nessa vida também. Geralmente traz lucidez e com ela costuma vir a humildade, que eu mesmo não soube definir nessas breves linhas. Passando para o futebol, tivemos bons exemplos esse ano que humildade, a seriedade que ela costuma trazer, e trabalho não fazem mal a ninguém; da mesma forma, constatamos que a arrogância leva inevitavelmente ao desastre, ao menos no futebol. Acredito que o Flamengo e sua equipe montada a relativo baixo custo, desacreditada especialmente após ser desprezada por um "técnico de ponta", tenha dado o melhor exemplo. O Raja Casablanca, essa semana, deu outro exemplo e o Atlético/MG se transformou no ícone da da prepotência e da decadência.

2014 vem aí, com mais uma Libertadores. Pergunto se esse elenco do Flamengo tem o direito de não ser humilde como foi Hernane Brocador durante todo o ano, trabalhando sério para marcar seus gols e superar suas limitações técnicas. A resposta, para mim, é e continuará sendo negativa. O Flamengo não tem recursos disponíveis para montar um time de estrelas, e, para o time atual continuar a triunfar, tudo o que não pode fazer é calçar o sapato alto e passar a se achar melhor do que os outros. Na América do Sul há vários "Rajas Casablancas" que podem perfeitamente trazer a realidade de volta à tona, em caso de algum devaneio. 

Jayme, ao meu ver, é a nossa segurança nesse trajeto. E no processo de reforçar o elenco, creio que um dos aspectos ao qual a Diretoria deve estar bem atenta é não transformá-lo em uma fogueira das vaidades que Jayme não possa controlar. Um dos segredos do sucesso do Flamengo no segundo semestre, dentro de campo, foi a relação de respeito e confiança existente entre o treinador e o elenco, bem como a sinergia entre eles e a torcida. Então, quando a Diretoria falou em Emerson Sheik, veio-me a dúvida. É uma dúvida, apenas uma dúvida, e como é uma dúvida não tenho certeza se seria uma contratação válida ou não; mas essa dúvida por certo reflete o quanto é difícil o trabalho de montar precisamente um elenco. O time precisa de qualidade técnica, experiência e mesmo daquela malandragem que jogadores como o Sheik possuem; mas se com ela vier com a desagregação, com certeza a base de todo o trabalho ruirá.

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E falando em humildade, não custa a Diretoria, e aqui excluo o sereno e sóbrio presidente Eduardo Bandeira de Melo, tê-la em mente no ano de 2014. Capacidade de enxergar os próprios erros é muito importante. Wallim precisa se conscientizar dos erros que cometeu no processo de montagem e substituição de peças do elenco ao longo do ano de 2013. Aprender a ficar calado e não justificar o injustificável também é importante. Lá foi ele dizer, nos últimos dias, que "o Flamengo não deve nada a Luiz Antonio". Bem, a gestão EBM/Blues talvez não, mas e os tais atrasos que vêm desde 2009/2010? O Flamengo não foi fundado na gestão atual e mapear, assim como resolver, com objetivo de prevenir, situações como essa talvez seja melhor do que tentar justificá-las quando não é possível. Percebam que é uma postura bem parecida com a desculpa esfarrapada do celular e a viagem à Disney. Não tenho como afirmar se o atleta tem ou não direito à rescisão, mas claro que desgastes como esse, e mesmo o risco, podem ser evitados.

Quanto ao BAP, que cuida nada menos do que da área de Marketing, que tal se comunicar com a torcida com um pouco mais de, digamos, leveza? Que tal responder às críticas colocando-se, primeiro, no lugar de quem as faz, de modo até a compreender melhor a situação e, quem sabe, encontrar soluções melhores ou mesmo conseguir expor com mais clareza o porquê de suas decisões? Assim por certo aumentarão as chances de ser melhor compreendido. Avaliar com essa postura quais são os jogos ideais para sair do Rio e mandar no Maracanã pode ser um bom começo. O tratamento ao sócio torcedor, com um pouco mais de informação e clareza, também.

Finalmente, o Departamento Jurídico e sua relação com os demais setores do clube, principalmente o Departamento de Futebol. Eu acreditava que o evento Renato Abreu houvesse sido a última cambulhada do gênero, mas a escalação do André Santos contra o Cruzeiro quando até a imprensa sabia que poderia ser considerada irregular (e ao menos dois grandes veículos publicaram matérias nesse sentido na Internet), seguida do "Luiz Antonio Gate", mostram que, no mínimo, a Diretoria tem se consultado menos do que deveria com o seu Departamento Jurídico. É tão difícil serem um pouco mais cautelosos e precavidos?

A todos eles sou muito agradecido pelas realizações do ano de 2013: o título da Copa do Brasil, a maravilhosa arrecadação na bilheteria e o crescimento do programa Sócio Torcedor, isso sem contar a própria mudança da cara do clube fora de campo, passando a se organizar e ser respeitado. Enfim, terminaram com uma danosa era de trevas. Portanto, se esses ajustes puderem ser feitos, 2014 tende a ser bem melhor. Humildade e serenidade, senhores, e certamente chegaremos lá.

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Analisando os grupos da Libertadores, eu vejo o Flamengo em um grupo "chato", assim como, potencialmente, Atlético/PR e Botafogo, que ainda precisam passar pela pré-Libertadores; já Atlético/MG e Cruzeiro pegaram grupos mais fáceis e o Grêmio caiu no mais difícil. No grupo do Flamengo, parece que os três adversários vivem ótimos momentos em seus respectivos campeonatos. O futebol mexicano é rico e não raro avança bem durante as competições; o Bolívar dificilmente é batido na altitude e às vezes consegue armar um ferrolho difícil de ser furado, tendo, na Libertadores/2012, ido bem até fora de casa; já o Emelec, acho que, humildemente, prefiro respeitar para poder falar depois, dado o passado recente. E o futebol equatoriano não tem sido mais a baba de antes, embora não chegue a despertar temor.

É unânime entre os torcedores a opinião de que o time precisa de elenco. Luiz Antonio, agora, deve sair. Acabou o clima. Precisamos então de dois laterais (continuo a não acreditar em João Paulo), uma a duas reposições no meio, a depender da saída ou não de Elias, e se possível com a contratação do meia, além de reforçar com qualidade o ataque. A reapresentação é dia 8 de janeiro de 2014. Estamos no dia 23. Onde estão as contratações?

É preciso ter os pés no chão agora, sob pena do elenco ficar mais fraco do que o de 2013. Vi com bons olhos a permanência do González, por exemplo. Muitas apostas agora seria bastante arriscado. Ele e Cáceres poderiam ser boas moedas de troca e realmente não empolgam, mas se os negócios não saírem, penso que têm um excelente perfil para compor o elenco na disputa da Libertadores e seriam melhores do que contratações de risco ou apostas em desconhecidos. O tempo é escasso e isso torna bem difícil numerosas e ao mesmo tempo eficazes alterações no elenco.

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Chegou o Natal, tempo de celebração do amor de Cristo, que nos une, e também momento de reflexões, auto-crítica e comunhão. Desejo a@s amig@s do Buteco um Feliz Natal e SRN a tod@s.


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Nota da Administração: alguns colunistas entrarão em recesso durante o período de festas. Se você, amig@ do Buteco, quiser ter uma coluna publicada, mande o texto para o email da Administração. Feliz Natal e SRN a tod@s.