segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Hora do Plano de Emergência

Buongiorno, Buteco! Parece que o Flamengo é assim: nossa utopia é a tranquilidade; nossa realidade, a turbulência. Gostaria de escrever a respeito do quanto foi injustificável a atitude de Mano Menezes, da contradição absurda no seu discurso e ao mesmo tempo de que isso tudo não pode encobrir os erros da diretoria no Departamento de Futebol. Gostaria de abordar o quanto é importante as críticas serem precisas nesse momento. Entretanto, tudo isso se tornou obsoleto desde ontem. Agora, mais importante do que discutir como deveria ter sido até aqui, em 2013, e como deverá ser 2014, é o que precisa ser feito para melhorar a qualidade do futebol desse time para que ele não seja rebaixado. Cheguei até aqui, 23 de setembro de 2013, acreditando que o Flamengo não cairia. Ontem, porém, minha convicção foi definitivamente abalada.

Nem preciso dizer que o Flamengo não pode cair. A Diretoria do clube precisa enxergar o rumo que o time está tomando no campeonato, pouco importando a influência que a saída de Mano Menezes tenha nesse processo e o quanto as circunstâncias, hoje, possam ser injustas; quem tem responsabilidade sobre o que e em qual proporção, o que foi erro e o que simplesmente deu errado por força de circunstâncias incontroláveis. Importa o que precisa ser feito já, imediatamente, para evitar o sufoco de temporadas passadas.

Não acho que seja preciso discutir os fundamentos dessa gestão e nem ameaçar a "sagrada" austeridade financeira. Basta ter a humildade para reconhecer que o que foi feito até aqui não apresentou os resultados programados e que o planejamento inicial precisa de ajustes. Não é tão difícil.

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Começo pelo treinador. Sugiro que desistam da utopia "Alex Ferguson". Não dá, no momento, para pensar em um treinador que vá ficar duas décadas no Flamengo se no primeiro ano não conseguem sequer montar um elenco minimamente decente para permanecer com segurança na Série A. Um treinador que leve o Flamengo com tranquilidade até o final desse ano e possa fazer um trabalho digno ano que vem me parece bem mais sensato do que fazer planos com base no Manchester United, com todo o respeito. E chega de levar "NÃO" de treinadores que se acham maiores do que o clube e de rastejar para que aceitem, como se fizessem um favor, treinar o Mais Querido do Brasil. O ideal é que o próximo treinador do Flamengo QUEIRA vir para o clube.

Além disso, não vejo em Jayme de Almeida um profissional preparado para o verdadeiro tranco que será esse segundo turno. Ontem, colocou em campo os baladeiros, os reis da cachaça, e deixou no banco jogadores como Chicão, que pode não ser uma maravilha nos dias de hoje, mas tem mais chances de marcar gol e de liderar o time do que o notívago André Santos. De qualquer modo, ainda que se discorde dessa observação, acredito que não seja o momento mais propício para experiências ou testes.

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Passo agora pra o elenco. É importante ter em mente que, de acordo com o artigo 7º, parágrafo único, do Regulamento do Campeonato Brasileiro da Série A/2013, "Contratos de novos atletas para utilização no Campeonato poderão ser registrados até o dia 04/10/13". Até o dia 4 de outubro, portanto, os senhores Wallim Vasconcellos e Paulo Pelaipe podem contratar o lateral direito e o segundo atacante do qual esse elenco tanto ressente. O lateral direito evitará que ocorram improvisações na posição e que os já fraquíssimos jogadores que temos do meio para a frente possam se concentrar em melhorar seus desempenhos em suas posições originais. O segundo atacante talvez ajude o time a marcar os gols que faltam para atingirmos os quarenta e cinco pontos.

É preciso, ainda, ter a coragem de separar o joio do trigo no elenco e afastar quem não estiver 100% comprometido com a meta dos 45 pontos. Não é hora de passar a mão na cabeça de baladeiros que ganham milhares de reais por mês, posam de estrelas do elenco e em campo não suportam 30 (trinta minutos) de jogo corrido, o tipo de jogador que contamina negativamente o ambiente e simplesmente impede a formação de um grupo coeso. Aliás, foi promessa de campanha que esse tipo de jogador não se criaria no elenco. Pergunto-me, então, qual é a razão da complacência com Carlos Eduardo e André Santos?

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Outro ponto importante é a tão falada distância do vice-presidente de futebol Wallim Vasconcellos do dia-a-dia do Departamento de Futebol. Uma coisa é deixar elenco e Comissão Técnica trabalharem em paz no vestiário; outra, completamente diferente, é manter distância e não acompanhar as atividades do Departamento de Futebol. Não existe fórmula mágica, mas com certeza ninguém aprende futebol em livros, apostilas ou dentro de um confortável escritório.

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Finalmente, tem sido voz corrente entre muitos torcedores e até na imprensa que, com base nos exemplos da FAF e da gestão de Márcio Braga em 2005, os membros da atual Diretoria deveriam buscar ajuda em diretores de gestões passadas para contornar o momento de turbulência ou mesmo para traçar os rumos do Departamento de Futebol. Os nomes mais citados foram os de Marcos Braz e Kleber Leite.

A gestão de Braz foi marcada pela indisciplina, porém estabeleceu um sistema de premiações que funcionou muito bem em 2009 e, além disso, sempre pautou suas negociações em valores razoáveis. Ninguém se esquece do evento da negociação de Edmundo e do Shopping com o grupo Multiplan e das sucessivas negociações de atletas em valores e situações estranhas em relação a Kleber, mas em contrapartida os fatos são inegáveis e inéditos desde a Geração Zico: não só a salvação em 2005, mas foram quatro anos em seguida no topo do futebol brasileiro.

Não pretendo, a essa altura do campeonato (literalmente), sugerir que qualquer dos dois seja chamado a integrar a atual Diretoria, até porque com certeza existem outros nomes. Parece-me evidente, porém, que se nenhum dos dois é modelo para a gestão que a atual Diretoria deseja implementar, ao mesmo tempo qualquer um deles entende mais de futebol do que o vice-presidente de futebol, Wallim Vasconcellos, e seus companheiros de Diretoria. Logo, em se tratando dos dois últimos gestores de futebol com mais sucesso no clube, o fato constitui, no mínimo, um ponto para reflexão.

Na política, muitas vezes alianças são feitas a contragosto e por necessidade em torno de algo maior. Não sugiro nomes e nem tampouco que os princípios dessa gestão sejam abandonados, em especial os que pregam a austeridade financeira, mas apenas que tenham um pouco de humildade e não posem de virgens vestais imaculadas e sacrossantas. A hora de pedir ajuda é essa.

“Tudo caminha para um mesmo lugar;  tudo vem do pó e tudo volta ao pó.” 
Eclesiastes 3, 20

Bom dia e SRN a tod@s.