segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ética, Equilíbrio e Ira

Buongiorno, Buteco! Diz a chamada "lógica aristotélica" que a virtude está no meio. É o chamado equilíbrio aristotélico, segundo o qual a ética deve ser resultante de ações moderadas que evitem posicionamentos extremados, tanto pelo excesso, como pela falta. Meditando a respeito do Flamengo, pego-me pensando se hoje peca-se de forma antiética pela falta de qualidade ou pelo excesso de ruindade. Sem saber a resposta, ainda não acredito em rebaixamento, com base em atuações do time em partidas importantes durante o campeonato; entretanto, mesmo o equilíbrio aristotélico e sua busca ética por atitudes moderadas encontra um limite quando o time apanha de quatro dentro de campo. Não é normal ser goleado, muito menos levando de quatro. É errado não se indignar com isso e por isso o bom treinador Mano Menezes, que não é o responsável pela montagem atrapalhada desse elenco, e os limitados jogadores precisam ser severamente cobrados pelo que ocorreu ontem em campo. O Flamengo é um clube grande e com história. É compreensível não ter condições, hoje, de montar um elenco do nível que sua história reclama e conquistar os títulos mais importantes, mas nem por isso são justificáveis os vexames e as humilhações. Não é aceitável levar de quatro. Quem gosta de levar de quatro é tricolor.

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Mano Menezes errou ao escalar, fora de casa, contra o atual campeão mundial, simultaneamente, Elias em precárias condições físicas, Carlos Eduardo, precário fisicamente após a contusão (fato consabido), e André Santos, que vem sendo pouco mais do que um ente lento e improdutivo dentro de campo. A falta de combatividade do time, que sucumbiu sem resistência ao Corinthians, resultou primeiramente dessa infeliz combinação, mas também decorreu do fato de não contar com Cáceres, de que Luiz Antonio é um ótimo passador, mas um marcador leve; que o time ainda tinha dois atacantes - Rafinha e Marcelo Moreno -, os quais por isso mesmo estão longe de ser exímios marcadores, e ainda que tinha um lateral direito improvisado (não por acaso o primeiro gol começou nesse setor). A escalação foi a mesma do segundo tempo contra o Cruzeiro, mas as circunstâncias não eram as mesmas: o time não jogava em casa precisando fazer o resultado e o adversário não estava encolhido buscando segurar o 0x0 para se classificar à fase seguinte da Copa do Brasil.

Mano também errou na estratégia do time dentro de campo. O Flamengo, de forma petulante, enfrentou o Corinthians de igual para igual, tentando dominar o meio de campo e ter posse de bola, ao invés de se preocupar em, humildemente, proteger o seu sistema defensivo e se valer dos contra-ataques. E o jogo do Flamengo, com a posse de bola, todos nós conhecemos: é a velha tática do "arame-liso", na qual o time cerca, cerca, cerca, toca, toca, toca, mas não machuca o adversário, não conclui a gol e simplesmente nada acontece. Os espaços foram criados no inseguro sistema defensivo rubro-negro e o até então pior ataque do campeonato disso se aproveitou para fazer estatística. Ontem foi o dia do viagra corintiano, no qual atacantes que há muito não marcavam ou que eram questionados pela torcida alvinegra encontraram a perfeita oportunidade para ganhar uma sobrevida e virar manchete nas resenhas esportivas. 

O Flamengo fez uma sequência de jogos bons com Cáceres na posição de primeiro volante e Elias e Luiz Antonio pelo meio, mais avançados, o primeiro pela direita e o segundo pela esquerda. Essa formação,  que teve dentre os méritos fazer o futebol de Luiz Antonio aparecer pelo meio e proteger mais a nossa insegura zaga, não tem se repetido desde a chegada ao clube de André Santos, que de bom só fez a estreia contra o Fluminense, porém o que se viu depois disso foi apenas uma sucessão de atuações improdutivas. A tentativa de Mano de encontrar uma escalação que acomode André Santos como titular, no meio de campo, alcançou seu limite extremo ontem. A insistência com André Santos, segundo a lógica aristotélica, significará uma extremada e antiética falta de atitude diante da obviedade que é o futebol medíocre do atleta, além do abandono daquilo que o Flamengo melhor encontrou em nível de formação nesse ano.

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Outro fator que me irritou dentro de campo foi a postura tímida do time, principalmente no setor ofensivo. Os jogadores do Flamengo pareciam intimidados diante dos zagueiros e volantes corintianos. Não partiram pra cima. Tomando emprestadas as palavras da minha amiga Leila Unabomber, esses jogadores do Flamengo, em sua maioria, não têm um mínimo de ambição. Eu diria ainda, fazendo coro com a minha amiga Marci2007, que são em sua maioria frouxos.

Quarta-feira o Flamengo enfrentará um (hoje) rival direto pela luta contra o rebaixamento (no qual não acredito) no Maracanã. Mais uma vez, Mano Menezes terá que recorrer a uma improvisação na lateral direita, pois nessa posição o Flamengo tem apenas um profissional no elenco, que se encontra machucado, já que Digão não pode ser qualificado como tal. Isso se deve graças a um misto de incompetência, arrogância, teimosia e displicência de Wallim Vasconcellos, que insiste em manter o elenco do Flamengo desprovido de um reserva digno para a posição.

De qualquer modo, esperamos desses jogadores ao menos um pingo de brio, decência, vergonha na cara, ambição e altivez para reverter o quadro no qual o time se encontra, o que sem dúvida faltou ontem dentro de campo.

Quem não tem coragem e sangue nas veias não merece vestir essa camisa.

Bom dia e SRN a todos.